João Luiz Mauad - IL
Uma matéria publicada no último domingo pelo jornal O Globo
demonstra, em cores vivas e de forma cristalina, a mentalidade
anticapitalista de aversão ao lucro privado, bem como a mais completa
ignorância econômica dos nossos políticos e governantes.Segundo aquele jornal, a Linha Amarela, uma via urbana com pedágio no Rio de Janeiro, que liga Jacarepaguá à Ilha do Fundão, embora inaugurada há apenas 18 anos, já se encontra próxima da saturação. Ainda segundo a matéria, “com tantos carros circulando por seus 20 quilômetros, a margem líquida de lucro da Lamsa (concessionária da via) é bem superior a da média do setor” (36,7% contra 15,2%, segundo cálculos de economistas do Ibemec).
A notícia informa também que “diante dessa explosão de veículos, a prefeitura iniciou uma negociação com a empresa para rever o contrato. O secretário especial de Concessões e Parcerias Público-Privadas do município, Jorge Arraes, espera concluir em setembro os termos de um acordo, que poderá fixar um valor de outorga a ser pago à prefeitura (…) ou reduzir a tarifa”.
Já a vereadora Tereza Bergher (PSDB) decidiu encaminhar uma
representação ao Ministério Público, pedindo que o contrato seja
investigado. Numa declaração para lá de tautológica, mas dita em tom
professoral, a demagoga, digo, vereadora disse: “A empresa vem tendo uma margem de lucro muito alta, e quem paga é o cidadão”.
No mesmo diapasão, o vereador Eduardo Moura (PSC), pediu à Câmara
Municipal o reexame de um projeto de lei, de sua autoria, que determina o
fim do pedágio duplo para carros e motos que transitarem por vias
municipais no período de duas horas.
Ora, o contrato de concessão firmado entre a prefeitura e a empresa concessionária foi resultado de um processo licitatório do qual participaram outras empresas interessadas. Se o processo foi transparente, como se espera que tenha sido, as condições de tráfego de outrora, assim como as previsões de aumento da demanda eram do conhecimento de todos e, principalmente, da autoridade concedente. Pretender rever o contrato, nessa altura do campeonato, é não só uma manifestação de “olho gordo” nos lucros alheios, mas principalmente uma demonstração emblemática da enorme insegurança jurídica vigente no Brasil atualmente.
Por outro lado, reduzir o preço cobrado pelo pedágio, no momento em que a via está prestes a atingir a saturação, só contribuirá para piorar o que já está ruim. Se, com a atual tarifa, a demanda já é maior do que o desejável, imagine se for reduzida, como pretendem os políticos e os burocratas da Cidade Maravilhosa.
Em qualquer lugar do mundo civilizado, em que as autoridades detêm um mínimo de conhecimento econômico, uma das formas de aliviar o tráfego em regiões saturadas é a cobrança de pedágios, muitas vezes caros. É assim, por exemplo, em Londres, onde a cobrança de pedágio urbano já conta mais de dez anos.
A própria matéria do Globo traz depoimentos de usuários que atestam o incentivo que a cobrança do pedágio produz sobre eles. “Avalio o custo/benefício. Se a diferença de tempo for de até dez minutos, vou pela Zona Sul em vez da Linha Amarela, para não pagar pedágio” — diz o engenheiro civil Eduardo Marinho, de 50 anos, usuário do aplicativo Waze, que mora na Barra e trabalha no Fundão.
Porém, mais interessante ainda é o fato de esse mesmo usuário, numa manifestação inequívoca do duplipensar owrelliano, estar “na torcida” pela redução da tarifa, sem se dar conta de que isso provavelmente fará com que ele tenha de abrir mão daquela opção permanentemente, pois os congestionamentos na via serão tão maiores que o tempo de viagem ficará impraticável. Certamente, não fez as contas para saber se o custo de combustível extra do trajeto mais longo, via Zona Sul, ou dos engarrafamentos constantes na própria Linha Amarela, realmente compensaria a redução da tarifa do pedágio.
Ora, o contrato de concessão firmado entre a prefeitura e a empresa concessionária foi resultado de um processo licitatório do qual participaram outras empresas interessadas. Se o processo foi transparente, como se espera que tenha sido, as condições de tráfego de outrora, assim como as previsões de aumento da demanda eram do conhecimento de todos e, principalmente, da autoridade concedente. Pretender rever o contrato, nessa altura do campeonato, é não só uma manifestação de “olho gordo” nos lucros alheios, mas principalmente uma demonstração emblemática da enorme insegurança jurídica vigente no Brasil atualmente.
Por outro lado, reduzir o preço cobrado pelo pedágio, no momento em que a via está prestes a atingir a saturação, só contribuirá para piorar o que já está ruim. Se, com a atual tarifa, a demanda já é maior do que o desejável, imagine se for reduzida, como pretendem os políticos e os burocratas da Cidade Maravilhosa.
Em qualquer lugar do mundo civilizado, em que as autoridades detêm um mínimo de conhecimento econômico, uma das formas de aliviar o tráfego em regiões saturadas é a cobrança de pedágios, muitas vezes caros. É assim, por exemplo, em Londres, onde a cobrança de pedágio urbano já conta mais de dez anos.
A própria matéria do Globo traz depoimentos de usuários que atestam o incentivo que a cobrança do pedágio produz sobre eles. “Avalio o custo/benefício. Se a diferença de tempo for de até dez minutos, vou pela Zona Sul em vez da Linha Amarela, para não pagar pedágio” — diz o engenheiro civil Eduardo Marinho, de 50 anos, usuário do aplicativo Waze, que mora na Barra e trabalha no Fundão.
Porém, mais interessante ainda é o fato de esse mesmo usuário, numa manifestação inequívoca do duplipensar owrelliano, estar “na torcida” pela redução da tarifa, sem se dar conta de que isso provavelmente fará com que ele tenha de abrir mão daquela opção permanentemente, pois os congestionamentos na via serão tão maiores que o tempo de viagem ficará impraticável. Certamente, não fez as contas para saber se o custo de combustível extra do trajeto mais longo, via Zona Sul, ou dos engarrafamentos constantes na própria Linha Amarela, realmente compensaria a redução da tarifa do pedágio.
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