terça-feira, 21 de junho de 2016

Agenda de Léo Pinheiro pós-Lava Jato inclui Lula, Carvalho e assessor de Palocci
Ex-presidente da OAS, empreiteiro foi condenado a 16 anos de prisão pelo juiz Sergio Moro e negocia acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal
VEJA
Pinheiro: do trânsito livre ao Palácio do Planalto ao banheiro coletivo na prisãoO ex-presidente da OAS, Leo Pinheiro(Beto Barata/VEJA)
A Operação Lava Jato apreendeu na casa de um funcionário da OAS uma agenda com o registro das reuniões, almoços e jantares com políticos do presidente da empreiteira, José Aldemário Pinheiro, conhecido como Léo Pinheiro, logo após a deflagração da Operação Lava Jato. São encontros, a maior parte deles em hotéis de Brasília, com o ex-presidente Lula, os ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho e o ex-assessor do ex-ministro Antonio Palocci, Charles Capela de Abreu. Conforme revelou VEJA em setembro de 2015, "Dr. Charles" foi citado na delação premiada do lobista Fernando Baiano como intermediário de um repasse de 2 milhões de reais desviados de contratos da Petrobras à campanha da presidente afastada Dilma Rousseff em 2010. O acordo para repassar o dinheiro foi fechado no comitê eleitoral de Dilma em Brasília depois de uma reunião entre Baiano, Paulo Roberto Costa e Palocci.
A agenda com os registros dos encontros foi encontrada em 14 de abril, nas buscas que tinham como alvo o funcionário da OAS Marcos Paulo Ramalho, secretário de Léo Pinheiro. Nas anotações, há registros ainda de encontros com parlamentares como Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Jutahy Magalhães (PSDB-BA), alvos de pedidos de investigação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Listado pela Polícia Federal entre os itens recolhidos nas buscas da Operação Vitória de Pirro - em que Léo Pinheiro é acusado de se associar ao ex-senador Gim Argello para comprar parlamentares da CPI das Petrobras, em 2014, o caderno preto com o nome da OAS em relevo na capa guarda ainda os registros de encontros com outros políticos, como os deputados Onix Lorenzoni (DEM-RS), Índio da Costa (PSD-RJ) e o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que concorreu ao governo de São Paulo pelo PMDB em 2014.
Preso em 14 de novembro do ano passado, na 7ª fase da Lava Jato, a Juízo Final, e condenado pelo juiz federal Sergio Moro a 16 anos de prisão, Léo Pinheiro negocia com a força-tarefa que conduz as investigações da operação um acordo de delação premiada. Sua rotina de encontros com políticos poderosos faz parte dos itens que o Ministério Público Federal quer que o empresário detalhe.
As anotações do secretário de Léo Pinheiro surgiram após ele ser mandado para casa para cumprir prisão domiciliar, por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). Alguns dos nomes registrados são alvos de inquéritos ou pedidos de investigação feitos pela PGR.
Na mesma agenda estão os encontros de Léo Pinheiro, a maioria entre abril e maio de 2014, com outros presos na Lava Jato, como o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o lobista Julio Gerin Camargo, um dos primeiros delatores a firmar acordo de colaboração com o MPF. Ele confessou ter atuado em parceria com Léo Pinheiro para blindar empreiteiras na CPI da Petrobras.
Outro nome que aparece na agenda de reuniões de Léo Pinheiro é o ex-deputado federal do PSB Alfredo Sirkis (RJ), um dos principais articuladores das campanhas de Marina Silva à presidência da República, em 2010 e 2014.
Procurado por meio da assessoria de imprensa do Instituto Lula, o ex-presidente Lula não comentou o caso. O ex-ministro Gilberto Carvalho disse que "nunca se reuniu com o senhor Léo Pinheiro".
Jutahy afirmou que o encontro foi agendado a seu pedido. "Esteve comigo, da mesma forma que esteve comigo em 2010 e 2012". O tucano afirma que, na ocasião, foi acertada contribuição de 600.000 reais para sua campanha e para campanhas de deputados estaduais na Bahia. Desse valor, apenas a primeira parcela, de 300.000 reais, foi paga, em agosto.
Alfredo Sirkis não foi localizado para comentar o caso.

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