A suruba de Jucá veio mesmo dos Mamonas
Roberto Dias - FSP
SÃO PAULO - O senador Romero Jucá (PMDB-RR) é formalmente investigado nas duas mais importantes operações contra corrupção do momento, a Lava Jato e a Zelotes.
De sua boca saiu a mais lembrada declaração contra a primeira delas, um apelo para "estancar a sangria" que escorre a partir de Curitiba.
Na famosa lista da Odebrecht, seu apelido é "Caju", referência capilar. Um inquérito contra ele, por um caso local de Roraima, tramita há mais de dez anos no STF. A documentação é tão antiga que inclui uma fita cassete.
Do alto dessa ficha orgíaca, Jucá se sentiu confortável não só em expressar opinião sobre o foro especial como em usar expressão algo chula,
mas sobretudo imprecisa. "Se acabar o foro, é para todo mundo. Suruba é
suruba. Aí é todo mundo na suruba, não uma suruba selecionada."
Seu ponto é: se os políticos perderem o foro, o mesmo deveria ocorrer com magistrados e procuradores.
Dada a repercussão do vocabulário escolhido, ele achou por bem explicar que citava os Mamonas Assassinas, banda que acabou num acidente em 1996, na era FHC.
Nos idos daquela administração, Jucá virou líder do governo no Senado.
Ocorreu-lhe o tucanismo apenas enquanto o PSDB comandava o Planalto.
Moveu-se para o PMDB e serviu como líder dos antes opositores Lula e
Dilma, e agora de Temer. Foi ministro de Lula e Temer, derrubado nos
dois casos por escândalos, mas sempre protegido pelo foro de senador.
Seu escudo é tão bom que José Sarney, sem mandato, acaba de obter do STF
abrigo jurídico a seu lado.
Tudo isso somado, Jucá afirma em sua defesa estar "tranquilo" e
acreditar que "qualquer servidor público deve ser investigado". Num
mundo sem foro especial, o nível de tranquilidade do peemedebista seria
uma incógnita. De qualquer modo, estivessem ainda na área, os Mamonas
certamente poderiam ajudá-lo a completar a letra dessa música: roda,
roda e vira, solta a roda e vem, senador.
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