A
decadência da Europa, continente irreconhecível face a duas décadas
atrás, não é apenas política: é sobretudo cultural.
“Tempos bons geram homens fracos, que criam tempos difíceis que, por sua vez,
geram homens fortes, que criam tempos bons.” (Dito popular)
geram homens fortes, que criam tempos bons.” (Dito popular)
Zeus era apaixonado pela princesa
Europa, filha de Agenor, rei de Tiro, antiga cidade fenícia. Sabendo que
ela admirava os touros de seu pai, Zeus tomou a forma de um touro
branco e, após os touros serem conduzidos por Hermes até a praia, Zeus
aproximou-se dela e deitou-se a seus pés. Europa, admirada com aquele
belo e manso touro branco, subiu nas suas costas. Aproveitando a
oportunidade, Zeus a raptou, levando-a através do mar até a ilha de
Creta.
Revelando a sua identidade, Zeus tentou
violá-la, mas Europa resistiu, até que Zeus, transformando-se em uma
águia, finalmente conseguiu subjugá-la num bosque de salgueiros.
Europa teve três filhos com Zeus: Minos,
que se tornou rei de Creta, Radamanto e Sarpedon. Entre os presentes
que ofereceu a Europa, Zeus recriou a forma do touro branco nas estrelas
que compõem a Constelação de Touro.
Em homenagem à mãe de Minos, os gregos deram o nome de “Europa” para o continente que ficava ao norte da ilha de Creta.
Isso ocorreu cinco gerações antes do
nascimento de Hércules, milênios antes do continente europeu se
estabelecer como centro da cultura ocidental.
Desde então, dois milênios se passaram,
dos primórdios da cultura européia, fundamentada pela moral
judaico-cristã, a filosofia grega e o direito romano, chegando ao seu
apogeu, até a sua queda, no século XXI.
Hoje a Europa, enfraquecida pelas
comodidades materiais proporcionadas pelo capitalismo liberal da segunda
metade do século XX e amedrontada perante o discurso ideológico
desagregador neomarxista, está novamente deslumbrada com um touro branco
e supostamente manso.
Porém, desta vez, quando o touro revelar
a sua cruel identidade, a Europa não será estuprada por um deus
apaixonado, mas pela horda de bárbaros invasores, pelas políticas
abortistas, pelo crescente controle globalista, pela auto-censura
politicamente correta, pela ideologia de gênero, pelo consumo de drogas,
pelo decréscimo populacional, pelo niilismo, pela desvalorização ou
criminalização dos aspectos masculinos da natureza humana e por tudo o
mais que vem junto com o pacote do fim de uma civilização.
A Europa não irá ganhar de presente de
seu estuprador um Talos, o gigante autômato de bronze, nem um cão
treinado pelos deuses, nem um dardo que nunca erra o alvo.
Seu presente será a submissão e a
completa aniquilação, ainda neste século. A grande constelação de
Taurus, proeminente no céu do Norte no inverno, será transfigurada em
lua crescente e estrela.
Uma história que começou com um estupro vai terminar com outro, muito pior.
O touro branco de hoje é o discurso politicamente correto, a sedução
relativista, a pusilanimidade travestida de pseudo-pacifismo
irresponsável e suicida.
Não há futuro para uma civilização que
renegou os próprios fundamentos morais e culturais que propiciaram seu
nascimento e hoje segue completamente perdida, como uma tábua no mar,
apodrecendo à deriva. A maior tragédia do século foi a Europa ter
renegado a tradição cristã, já podemos ver as conseqüências disso.
Talvez o caso mais emblemático seja o martírio do bebê Charlie Gard que, vítima de uma doença rara, foi proibido pelos tribunais europeus de receber tratamento nos EUA.
Processo idêntico vem sofrendo o jovem e
irrelevante Brasil, macaqueador de todos os mais sinistros experimentos
sociais europeus, do marxismo ao desarmamento, do aborto à ideologia de
gênero. Já não temos mais identidade nem personalidade, nossa cultura
não floresceu como a européia, nós nos tornamos uma sociedade de
bandidos covardes, acomodados e depravados. O Brasil conhecerá seu fim
sem mesmo haver alcançado o apogeu.
A diferença é que os danos à Humanidade
da derrocada da Europa são muito mais severos do que aqueles causados
pelo fim do Brasil. A Europa tem Dante, Michelangelo, Shakespeare,
Cervantes, Bach, Mozart, Beethoven etc. Nós temos Padre José Maurício
Nunes Garcia, Carlos Gomes, Villa-Lobos etc. (que faziam música
européia), Machado de Assis, Manuel Bandeira, Graciliano Ramos etc. (que
escreviam em português, uma língua européia). Temos também o samba e o
choro, que são fusões entre harmonias, melodias e formas européias e
ritmos africanos. Devemos à Europa boa parte de nossa rica e parca
cultura.
Tudo isso está prestes a ser aniquilado
porque o homem europeu está mais preocupado em fazer sexo, usar drogas,
abortar e posar de tolerante, embasbacado pelo touro branco do marxismo
cultural.
Resta-nos, como contemporâneos dessa
odiosa Nova Babilônia, como meta de vida, lutarmos pela preservação da
cultura ocidental. Como numa grande Arca de Noé cultural, guardarmos as
obras-primas da Humanidade, todo o conhecimento acumulado em séculos, de
modo a dificultar um pouco o processo de dominação, tanto islâmica
quanto globalista ou eurasiana.
Os sobreviventes devem estudar latim,
filosofia, música, história da arte, literatura etc. a ponto de dominar
alguma dessas área e transmitir esse conhecimento para as novas
gerações. Não espere nada dos governos; catedrais já estão sendo
destruídas, pais já estão perdendo a autoridade sobre os próprios
filhos, já vemos perseguições e censura, a morte é a lei.
Podemos ser uma ilha de resistência,
assim como a Polônia e Ucrânia, mas, para isso, precisamos de um sopro
de coragem e um motivo para lutar. Qual motivo poderia ser maior do que a
preservação da cultura ocidental, que proporcionou o maior nível de desenvolvimento e liberdade já alcançado pela Humanidade?
Que o martírio de Charlie Gard seja um
símbolo contra a opressão da burocracia governamental sobre os
indivíduos; que sua iminente morte nos inspire e nos dê coragem para
lutar não só contra o assassinato de crianças, nascidas ou não, mas pela
sobrevivência de nossa própria civilização.
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