sexta-feira, 31 de janeiro de 2014
Alguns conselhos para aqueles que genuinamente querem ajudar os pobres
Hans F. Sennholz - IMB
Se você está preocupado com a 'justiça social' e quer genuinamente ajudar os pobres a subir na vida de maneira permanente e independente, há alguns procedimentos que você pode seguir. Sua primeira e imprescindível obrigação para com os pobres é: não se torne um deles e não faça com que outros se tornem um deles. Será muito mais difícil ajudar pessoas pobres se você ou seu vizinho se tornar pobre. Assim como você não deve se tornar pobre, você também não deve defender políticas que levem ao empobrecimento de ricos na crença de que isso levará ao enriquecimento dos pobres. Para o pobre, não interessa se foi você ou o seu vizinho que empobreceu por meio de medidas do governo; a situação dele não melhorará. Um rico empobrecido não cria um pobre enriquecido. A economia não é um jogo de soma zero.
Não sendo pobre, você tem uma escolha: você pode dar o peixe para os pobres comerem ou você pode lhes arrumar um emprego e ensiná-los a pescar o peixe por conta própria — isto é, ensiná-los a serem seres humanos produtivos.
O que nos leva à sua segunda obrigação: se você quer ensinar os pobres a serem independentes e capazes de se auto-ajudar, comece dando o exemplo ainda dentro de sua própria casa. Crie seus filhos de maneira austera. Filhos independentes e não-mimados se tornam mais produtivos, mais solícitos, mais realistas e menos propensos a roubar ou a ser desonestos. No futuro, seu filho poderá servir de exemplo comportamental para aquelas pessoas que você está preocupado em ajudar.
Dado que todos vivemos no mesmo planeta (e não há como fugir dele — vivos), todos enfrentamos o mesmo problema sobre como alocar recursos escassos da maneira mais eficiente possível do modo a satisfazer desejos cada vez maiores (já são quase 7 bilhões de pessoas na terra). Há duas maneiras de se alocar recursos: 1) por meio da força, ou seja, por meio de decretos e coerções governamentais; ou 2) voluntariamente, por meio do sistema de preços fornecido pelo mercado.
Esta segunda maneira é mais duradoura e, logo, preferível para ser adotada com o intuito de sustentar a vida de um enorme número de pessoas. Por isso, é também sua obrigação explicar às pessoas — principalmente aos seus amigos igualmente sedentos por 'justiça social' — como funciona uma economia de mercado e por que apenas ela pode criar a maior quantidade possível de bens e serviços para os mais pobres, melhorando seu padrão de vida. Todo e qualquer sistema econômico socialista sempre culmina em escassez e em racionamento de recursos, exatamente o contrário do que você quer para os mais pobres.
Sua terceira obrigação para com os pobres é dar bons exemplos, de modo que eles se sintam estimulados a emular seu sucesso. Não minta, não roube, não trapaceie e não tome dinheiro das pessoas, tampouco utilize o governo para fazer isso por você. Não enriqueça por meio de políticas governamentais. Não aceite dinheiro nem privilégios do governo — dado que o governo nada cria, tudo o que ele lhe dá foi adquirido coercivamente de terceiros (na esmagadora maioria dos casos, contra a vontade de seus legítimos proprietários), uma medida que gera apenas ressentimento destes pagadores de impostos. Uma civilização que é erigida sobre o roubo e sobre privilégios não pode ser duradoura. Dê o exemplo não contribuindo para o perpetuamento deste arranjo.
Em um futuro muito próximo, será cada vez mais difícil para um indivíduo preservar sua riqueza. Governos falidos ao redor do mundo — consequência econômica inevitável de estados assistencialistas e inchados — estarão sedentos para confiscar quaisquer ativos remanescentes em uma desesperada tentativa de prolongar sua sobrevivência (mas sempre em nome do "bem público"). Os direitos individuais serão abolidos em nome do 'bem comum' e várias leis serão criadas com o intuito de tornar ilegal qualquer medida que vise a proteger a riqueza dos indivíduos mais ricos — e aí sim veremos uma verdadeira caça às bruxas.
Algumas pessoas acreditam que poderão evitar problemas caso voluntariamente entreguem seu dinheiro para o governo (ou peçam para que o governo o tribute). Pode ser, mas o fato é que durante a hiperinflação da França nos anos 1790, os ricos que não fugiram foram decapitados. Talvez a França tenha sido um caso extremo, mas a história mostra que sempre que os ricos foram pilhados por políticos populistas, os resultados não foram bonitos. Portanto, não empreste sua retórica e nem dê seu apoio a políticos ou movimentos políticos que defendam o confisco direto da riqueza dos mais ricos. Além de os pobres nunca terem sido beneficiados por tais medidas (algo economicamente impossível), você estará apenas aumentando o número de pobres.
Portanto, sua quarta obrigação para com os pobres é assegurar parte da sua riqueza para as gerações futuras. Dado que você genuinamente quer ajudar os pobres, acumule o máximo possível de ativos, trabalhe bastante e produza muita riqueza durante seu tempo de vida. Ao produzir riqueza, você não apenas estará empregando pessoas e enriquecendo-as também, como estará produzindo para toda a humanidade uma maior quantidade de bens e serviços. É assim que você fará com que as pessoas subam na vida.
Caso prefira o assistencialismo puro, você também tem a opção de distribuir toda a sua riqueza quando se aposentar ou quando morrer. Quanto mais riqueza você produzir, mais você poderá distribuir. Você tem liberdade de escolha. Em vez de folgadamente defender o esbulho da riqueza alheia, crie você próprio a sua riqueza e então a distribua para os pobres — ou, melhor ainda, empregue-os neste processo de criação de riqueza.
Durante este processo, você terá de saber manter seus ativos a salvo do perigo, evitando que sejam confiscados pelo governo ou que simplesmente sejam esbanjados e dissipados. É neste quesito que você terá seus maiores problemas, muito embora várias famílias já tenham demonstrado ser possível manter sua riqueza ao longo de gerações. Sua riqueza provavelmente estará na forma de ativos produtivos que são difíceis de serem movidos de um país para o outro. Isso tornará mais difícil se proteger do governo doméstico, que estará ávido para confiscar sua riqueza quando ele precisar do dinheiro. Conclusão: você terá de diversificar seus ativos ao redor do mundo, de modo que, quando o governo de um país se tornar muito ganancioso (sempre para ajudar os pobres), você terá outra base de operações da qual operar. Isso irá garantir que você se mantenha fiel à sua primeira obrigação para com os pobres. Quem disse que é fácil concorrer com o amor do governo pelos pobres?
Caso continue preferindo ensinar a pescar em vez de dar o peixe, sua quinta e última obrigação para com os pobres é legar em herança sua riqueza para alguém (ou para um grupo de pessoas) que irá dar continuidade ao seu trabalho de fazer deste mundo um lugar melhor para os pobres viverem, com uma maior produtividade e uma mais eficiente alocação de ativos. Esta poderá ser a tarefa mais difícil de todas.
Ser caridoso com a riqueza dos outros é uma delícia. Arregaçar as mangas e produzir por conta própria aquilo que você quer ver distribuído já é um pouco mais trabalhoso. Mas seu amor genuíno aos pobres servirá de estímulo todas as manhãs. Boa sorte!
Hans F. Sennholz (1922-2007) foi o primeiro aluno Ph.D de Mises nos Estados Unidos. Ele lecionou economia no Grove City College, de 1956 a 1992, tendo sido contratado assim que chegou. Após ter se aposentado, tornou-se presidente da Foundation for Economic Education, 1992-1997. Foi um scholar adjunto do Mises Institute e, em outubro de 2004, ganhou prêmio Gary G. Schlarbaum por sua defesa vitalícia da liberdade.
Tradução de Leandro Roque
Hans F. Sennholz - IMB
Se você está preocupado com a 'justiça social' e quer genuinamente ajudar os pobres a subir na vida de maneira permanente e independente, há alguns procedimentos que você pode seguir. Sua primeira e imprescindível obrigação para com os pobres é: não se torne um deles e não faça com que outros se tornem um deles. Será muito mais difícil ajudar pessoas pobres se você ou seu vizinho se tornar pobre. Assim como você não deve se tornar pobre, você também não deve defender políticas que levem ao empobrecimento de ricos na crença de que isso levará ao enriquecimento dos pobres. Para o pobre, não interessa se foi você ou o seu vizinho que empobreceu por meio de medidas do governo; a situação dele não melhorará. Um rico empobrecido não cria um pobre enriquecido. A economia não é um jogo de soma zero.
Não sendo pobre, você tem uma escolha: você pode dar o peixe para os pobres comerem ou você pode lhes arrumar um emprego e ensiná-los a pescar o peixe por conta própria — isto é, ensiná-los a serem seres humanos produtivos.
O que nos leva à sua segunda obrigação: se você quer ensinar os pobres a serem independentes e capazes de se auto-ajudar, comece dando o exemplo ainda dentro de sua própria casa. Crie seus filhos de maneira austera. Filhos independentes e não-mimados se tornam mais produtivos, mais solícitos, mais realistas e menos propensos a roubar ou a ser desonestos. No futuro, seu filho poderá servir de exemplo comportamental para aquelas pessoas que você está preocupado em ajudar.
Dado que todos vivemos no mesmo planeta (e não há como fugir dele — vivos), todos enfrentamos o mesmo problema sobre como alocar recursos escassos da maneira mais eficiente possível do modo a satisfazer desejos cada vez maiores (já são quase 7 bilhões de pessoas na terra). Há duas maneiras de se alocar recursos: 1) por meio da força, ou seja, por meio de decretos e coerções governamentais; ou 2) voluntariamente, por meio do sistema de preços fornecido pelo mercado.
Esta segunda maneira é mais duradoura e, logo, preferível para ser adotada com o intuito de sustentar a vida de um enorme número de pessoas. Por isso, é também sua obrigação explicar às pessoas — principalmente aos seus amigos igualmente sedentos por 'justiça social' — como funciona uma economia de mercado e por que apenas ela pode criar a maior quantidade possível de bens e serviços para os mais pobres, melhorando seu padrão de vida. Todo e qualquer sistema econômico socialista sempre culmina em escassez e em racionamento de recursos, exatamente o contrário do que você quer para os mais pobres.
Sua terceira obrigação para com os pobres é dar bons exemplos, de modo que eles se sintam estimulados a emular seu sucesso. Não minta, não roube, não trapaceie e não tome dinheiro das pessoas, tampouco utilize o governo para fazer isso por você. Não enriqueça por meio de políticas governamentais. Não aceite dinheiro nem privilégios do governo — dado que o governo nada cria, tudo o que ele lhe dá foi adquirido coercivamente de terceiros (na esmagadora maioria dos casos, contra a vontade de seus legítimos proprietários), uma medida que gera apenas ressentimento destes pagadores de impostos. Uma civilização que é erigida sobre o roubo e sobre privilégios não pode ser duradoura. Dê o exemplo não contribuindo para o perpetuamento deste arranjo.
Em um futuro muito próximo, será cada vez mais difícil para um indivíduo preservar sua riqueza. Governos falidos ao redor do mundo — consequência econômica inevitável de estados assistencialistas e inchados — estarão sedentos para confiscar quaisquer ativos remanescentes em uma desesperada tentativa de prolongar sua sobrevivência (mas sempre em nome do "bem público"). Os direitos individuais serão abolidos em nome do 'bem comum' e várias leis serão criadas com o intuito de tornar ilegal qualquer medida que vise a proteger a riqueza dos indivíduos mais ricos — e aí sim veremos uma verdadeira caça às bruxas.
Algumas pessoas acreditam que poderão evitar problemas caso voluntariamente entreguem seu dinheiro para o governo (ou peçam para que o governo o tribute). Pode ser, mas o fato é que durante a hiperinflação da França nos anos 1790, os ricos que não fugiram foram decapitados. Talvez a França tenha sido um caso extremo, mas a história mostra que sempre que os ricos foram pilhados por políticos populistas, os resultados não foram bonitos. Portanto, não empreste sua retórica e nem dê seu apoio a políticos ou movimentos políticos que defendam o confisco direto da riqueza dos mais ricos. Além de os pobres nunca terem sido beneficiados por tais medidas (algo economicamente impossível), você estará apenas aumentando o número de pobres.
Portanto, sua quarta obrigação para com os pobres é assegurar parte da sua riqueza para as gerações futuras. Dado que você genuinamente quer ajudar os pobres, acumule o máximo possível de ativos, trabalhe bastante e produza muita riqueza durante seu tempo de vida. Ao produzir riqueza, você não apenas estará empregando pessoas e enriquecendo-as também, como estará produzindo para toda a humanidade uma maior quantidade de bens e serviços. É assim que você fará com que as pessoas subam na vida.
Caso prefira o assistencialismo puro, você também tem a opção de distribuir toda a sua riqueza quando se aposentar ou quando morrer. Quanto mais riqueza você produzir, mais você poderá distribuir. Você tem liberdade de escolha. Em vez de folgadamente defender o esbulho da riqueza alheia, crie você próprio a sua riqueza e então a distribua para os pobres — ou, melhor ainda, empregue-os neste processo de criação de riqueza.
Durante este processo, você terá de saber manter seus ativos a salvo do perigo, evitando que sejam confiscados pelo governo ou que simplesmente sejam esbanjados e dissipados. É neste quesito que você terá seus maiores problemas, muito embora várias famílias já tenham demonstrado ser possível manter sua riqueza ao longo de gerações. Sua riqueza provavelmente estará na forma de ativos produtivos que são difíceis de serem movidos de um país para o outro. Isso tornará mais difícil se proteger do governo doméstico, que estará ávido para confiscar sua riqueza quando ele precisar do dinheiro. Conclusão: você terá de diversificar seus ativos ao redor do mundo, de modo que, quando o governo de um país se tornar muito ganancioso (sempre para ajudar os pobres), você terá outra base de operações da qual operar. Isso irá garantir que você se mantenha fiel à sua primeira obrigação para com os pobres. Quem disse que é fácil concorrer com o amor do governo pelos pobres?
Caso continue preferindo ensinar a pescar em vez de dar o peixe, sua quinta e última obrigação para com os pobres é legar em herança sua riqueza para alguém (ou para um grupo de pessoas) que irá dar continuidade ao seu trabalho de fazer deste mundo um lugar melhor para os pobres viverem, com uma maior produtividade e uma mais eficiente alocação de ativos. Esta poderá ser a tarefa mais difícil de todas.
Ser caridoso com a riqueza dos outros é uma delícia. Arregaçar as mangas e produzir por conta própria aquilo que você quer ver distribuído já é um pouco mais trabalhoso. Mas seu amor genuíno aos pobres servirá de estímulo todas as manhãs. Boa sorte!
Hans F. Sennholz (1922-2007) foi o primeiro aluno Ph.D de Mises nos Estados Unidos. Ele lecionou economia no Grove City College, de 1956 a 1992, tendo sido contratado assim que chegou. Após ter se aposentado, tornou-se presidente da Foundation for Economic Education, 1992-1997. Foi um scholar adjunto do Mises Institute e, em outubro de 2004, ganhou prêmio Gary G. Schlarbaum por sua defesa vitalícia da liberdade.
Tradução de Leandro Roque
Cleptocracia familiar
O governo atual, contudo, vai mais além. Enquanto os políticos tradicionais – tradicionalmente corruptos – têm certamente a louvável preocupação de, com o dinheiro que desviam, proporcionar um bom padrão de vida à sua família, honrando pai e mãe proporcionalmente ao descumprimento do mandamento de não furtar, outros são o “pai e mãe” dos cleptocratas que ora exaurem o Tesouro.
O governo brasileiro tornou-se, com a falência da Venezuela (aliás devida ao excesso de socialismo, receita infalível para a miséria generalizada!), o mantenedor, o cuidador da ditadura sanguinária que há décadas faz de Cuba uma ilha-prisão. O dinheiro dos nossos impostos paga o aluguel de milhares de escravos “médicos” cubanos, que vêm no atacado. O BNDES – “Banco Nacional de Desenvolvimento do Socialismo”, dizem as más línguas – enterra bilhões em obras na ilha-prisão, em acordos secretos e malcheirosos. É compreensível: os nossos atuais governantes, no seu tempo de terroristas, foram treinados militar e politicamente pela ditadura cubana, sequestraram e mataram para garantir-se livre-passagem para a ilha-prisão. Fidel, para eles, não é o Coma Andante que escraviza toda uma nação, mas um paizinho amado e necessitado de carinho. E de dinheiro. Do contribuinte brasileiro, por que não?
Enquanto isso, para garantir o caixa dois da reeleição do poste – ou mesmo da volta triunfal do chefe da gangue –, a Copa do Mundo garante fartas obras e comissões em território pátrio, enquanto se tenta impedir as contribuições empresariais às escâncaras, que pelo menos podem ser rastreadas. A propaganda do governo (que é paga também com nossos impostos, e é evidentemente mais partidária que institucional) domina o horário nobre da tevê.
Este mérito ninguém pode tirar de nossos atuais governantes: nunca na história deste país roubou-se tanto; nunca na história deste país os mecanismos antes usados para bancar famílias de políticos corruptos foram tão explorados e ordenhados à exaustão para sustentar uma ideologia fracassada e assassina.
Perto do que fazem nossos cleptocratas, a dominação tradicional do Maranhão pelo clã Sarney não é nada. Sarney é ruim, mas Fidel é bem pior.
Carlos Ramalhete - MSM
Nunca na história deste país os mecanismos antes usados para bancar famílias de políticos corruptos foram tão explorados e ordenhados à exaustão para sustentar uma ideologia fracassada e assassina.
Um
dos truques mais velhos do repertório dos políticos brasileiros é o
superfaturamento de obras. Tradicionalmente, 10% do contrato vão, por
fora e sem contabilidade, para o bolso de um político. Fortunas que
durarão gerações foram feitas desta maneira, com dinheiro arrancado do
bolso de quem trabalha e tem os impostos descontados na fonte.Nunca na história deste país os mecanismos antes usados para bancar famílias de políticos corruptos foram tão explorados e ordenhados à exaustão para sustentar uma ideologia fracassada e assassina.
O governo atual, contudo, vai mais além. Enquanto os políticos tradicionais – tradicionalmente corruptos – têm certamente a louvável preocupação de, com o dinheiro que desviam, proporcionar um bom padrão de vida à sua família, honrando pai e mãe proporcionalmente ao descumprimento do mandamento de não furtar, outros são o “pai e mãe” dos cleptocratas que ora exaurem o Tesouro.
O governo brasileiro tornou-se, com a falência da Venezuela (aliás devida ao excesso de socialismo, receita infalível para a miséria generalizada!), o mantenedor, o cuidador da ditadura sanguinária que há décadas faz de Cuba uma ilha-prisão. O dinheiro dos nossos impostos paga o aluguel de milhares de escravos “médicos” cubanos, que vêm no atacado. O BNDES – “Banco Nacional de Desenvolvimento do Socialismo”, dizem as más línguas – enterra bilhões em obras na ilha-prisão, em acordos secretos e malcheirosos. É compreensível: os nossos atuais governantes, no seu tempo de terroristas, foram treinados militar e politicamente pela ditadura cubana, sequestraram e mataram para garantir-se livre-passagem para a ilha-prisão. Fidel, para eles, não é o Coma Andante que escraviza toda uma nação, mas um paizinho amado e necessitado de carinho. E de dinheiro. Do contribuinte brasileiro, por que não?
Enquanto isso, para garantir o caixa dois da reeleição do poste – ou mesmo da volta triunfal do chefe da gangue –, a Copa do Mundo garante fartas obras e comissões em território pátrio, enquanto se tenta impedir as contribuições empresariais às escâncaras, que pelo menos podem ser rastreadas. A propaganda do governo (que é paga também com nossos impostos, e é evidentemente mais partidária que institucional) domina o horário nobre da tevê.
Este mérito ninguém pode tirar de nossos atuais governantes: nunca na história deste país roubou-se tanto; nunca na história deste país os mecanismos antes usados para bancar famílias de políticos corruptos foram tão explorados e ordenhados à exaustão para sustentar uma ideologia fracassada e assassina.
Perto do que fazem nossos cleptocratas, a dominação tradicional do Maranhão pelo clã Sarney não é nada. Sarney é ruim, mas Fidel é bem pior.
‘Bolha dos emergentes’ parece estar estourando, afirma Nobel de Economia
Paul Krugman diz que situação na Turquia não parece tão ruim, mas há risco de contágio para outros países emergentes, inclusive o Brasil
Altamiro Silva Júnior - OESP
NOVA YORK - "Estamos vendo o que parece ser o estouro de uma bolha dos países emergentes. E uma crise nestes mercados pode, de forma plausível, transformar o risco de deflação na zona do euro em realidade", avalia o prêmio Nobel de Economia, Paul Krugman, em sua coluna nesta sexta-feira no jornal New York Times, destacando que a Europa pode passar por situação semelhante a do Japão, que viu sua economia estagnada por anos.
Krugman não está muito otimista com o desenrolar da recente turbulência nos países emergentes. Para ele, o problema não é da Turquia, uma economia menor que a área de Los Angeles, ou Índia, Hungria, África do Sul e qualquer outros mercado emergente que pode se tornar a bola da vez. "O verdadeiro problema é que as nações mais ricas, sobretudo Estados Unidos e a zona do euro, fracassaram em lidar com suas próprias fraquezas", afirma o economista no artigo.
O economista diz que as crises financeiras têm ficado mais próximas umas das outras e com resultados mais severos, em termos de impactos na economia real. Por um longo período após a Segunda Guerra o mundo ficou livre de crises financeiras, provavelmente, avalia Krugman, porque muitos governos restringiram movimentos de capital entre países. Em anos recentes, a situação piorou, com uma crise atrás da outra, na América Latina, Estados Unidos, Ásia e Europa. "Se a forma da crise parece a mesma, os efeitos estão ficando piores."
Para o economista, o respingo direto no mundo da crise na Turquia não será grande, mas o problema é que se volta a ouvir com frequência a palavra "contágio" e o temor de que os problemas turcos contagiem todos os emergentes. No geral, a situação financeira da Turquia "não parece tão ruim", escreve Krugman, mas o país "parece estar em sérios problemas" e a China parece um pouco abalada também. A dívida do governo turco é baixa, mas o setor privado tomou muitos empréstimos no exterior.
"O que torna estes problemas assustadores são as fraquezas das economias ocidentais, uma fraqueza que se torna muito pior por conta de políticas muito, mas muito, ruins", escreve o economista na conclusão de seu artigo.
Paul Krugman diz que situação na Turquia não parece tão ruim, mas há risco de contágio para outros países emergentes, inclusive o Brasil
Altamiro Silva Júnior - OESP
NOVA YORK - "Estamos vendo o que parece ser o estouro de uma bolha dos países emergentes. E uma crise nestes mercados pode, de forma plausível, transformar o risco de deflação na zona do euro em realidade", avalia o prêmio Nobel de Economia, Paul Krugman, em sua coluna nesta sexta-feira no jornal New York Times, destacando que a Europa pode passar por situação semelhante a do Japão, que viu sua economia estagnada por anos.
Krugman não está muito otimista com o desenrolar da recente turbulência nos países emergentes. Para ele, o problema não é da Turquia, uma economia menor que a área de Los Angeles, ou Índia, Hungria, África do Sul e qualquer outros mercado emergente que pode se tornar a bola da vez. "O verdadeiro problema é que as nações mais ricas, sobretudo Estados Unidos e a zona do euro, fracassaram em lidar com suas próprias fraquezas", afirma o economista no artigo.
O economista diz que as crises financeiras têm ficado mais próximas umas das outras e com resultados mais severos, em termos de impactos na economia real. Por um longo período após a Segunda Guerra o mundo ficou livre de crises financeiras, provavelmente, avalia Krugman, porque muitos governos restringiram movimentos de capital entre países. Em anos recentes, a situação piorou, com uma crise atrás da outra, na América Latina, Estados Unidos, Ásia e Europa. "Se a forma da crise parece a mesma, os efeitos estão ficando piores."
Para o economista, o respingo direto no mundo da crise na Turquia não será grande, mas o problema é que se volta a ouvir com frequência a palavra "contágio" e o temor de que os problemas turcos contagiem todos os emergentes. No geral, a situação financeira da Turquia "não parece tão ruim", escreve Krugman, mas o país "parece estar em sérios problemas" e a China parece um pouco abalada também. A dívida do governo turco é baixa, mas o setor privado tomou muitos empréstimos no exterior.
"O que torna estes problemas assustadores são as fraquezas das economias ocidentais, uma fraqueza que se torna muito pior por conta de políticas muito, mas muito, ruins", escreve o economista na conclusão de seu artigo.
Dez estações de bicicleta fecham no centro de SP após furto e vandalismo
Wellington Ramalhoso - UOLBruno Namorato/SM2 Fotografia/Divulgação
Estação do Bike Sampa na Vila Mariana (zona sul); dez pontos foram fechados no centro
Dez estações do Bike Sampa, projeto de compartilhamento de bicicletas, foram fechadas na região central de São Paulo durante o mês de janeiro. Os operadores do projeto tomaram a decisão por causa de furtos e atos de vandalismo praticados nas estações.
Dez estações do Bike Sampa, projeto de compartilhamento de bicicletas, foram fechadas na região central de São Paulo durante o mês de janeiro. Os operadores do projeto tomaram a decisão por causa de furtos e atos de vandalismo praticados nas estações.
De acordo com o comunicado, as estações Glicério, Vai-Vai e Barão do Iguape foram alvo de furtos e atos de vandalismo nas últimas semanas. Elas estavam em funcionamento desde outubro. "Pelos mesmos motivos citados acima, as estações praça da Sé, Santo Antônio, República, Liberdade, Anhangabaú, Mercado Municipal e São Bento foram temporariamente desativadas".Estações do Bike Sampa desativadas em São Paulo por causa de furtos e atos de vandalismo
O Itaú não informa o número de bicicletas furtadas nem o prejuízo causado pelos atos no centro. Cada estação do projeto possui, em média, dez bicicletas.
O banco afirma que avalia, com a Sertell e os "órgãos públicos", as "melhores medidas para o perfeito funcionamento do projeto na região central". Ainda de acordo com o Itaú, o Bike Sampa mantém 16 estações ativas no centro e pretende reativar as outras dez.
Inaugurado em 24 de maio de 2012, o projeto proporcionou 600 mil viagens de bicicleta até este mês. O contrato do Bike Sampa vigora até o fim de 2014. Os operadores têm de instalar 300 estações na cidade, totalizando 3.000 bicicletas. Até o momento, 142 estações foram instaladas, ou seja, menos da metade prevista.
Para usar uma bicicleta do Bike Sampa é preciso fazer um cadastro via internet. Só há cobrança de viagens com duração acima de uma hora. É possível usar o Bilhete Único para pagar o serviço.
Ator da esquerda caviar pede desculpas a bandido!
Rodrigo Constantino - VEJA
Um abraço
João Velho”
Rodrigo Constantino - VEJA
Gente, o que está acontecendo? O mundo
enlouqueceu de vez ou fui eu? Até onde a esquerda caviar vai levar essa
glamourização da bandidagem, essa vitimização dos marginais, como se
eles fossem as “vitimais da sociedade”? Isso é caso de psiquiatra já.
Vejam a carta que esse ator (nunca o vi,
mas deve ser culpa minha, pois vejo pouca televisão) escreveu para seu
algoz, que lhe roubou a bicicleta. É constrangedor demais. Saiu no GLOBO:
“Senhor ladrão,
Ontem o senhor furtou minha bicicleta
querida vermelha da marca KHS 21 marchas que eu ganhei de presente da
minha mãe quando tinha uns 12, 13 anos. O que me deixou muito confuso,
constrangido e inseguro. Não quero julgá-lo, acho que a vida tá foda mesmo. Também tenho culpa,
deixei-a sem cadeado, sem pedir pra alguém vigia-la e entrei no
supermercado pra fazer umas compras rápidas (pelas quais também fui
roubado, mas não vou entrar nesse mérito agora). Peço desculpas por deixa-lo numa situação tão tentadora. De qualquer forma admiro sua coragem.
A cidade está muito cara, os impostos são altíssimos, as autoridades
estão mais agressivas do que nunca e não vemos muitas melhorias nos
hospitais, nas escolas e nos serviços públicos em geral. Não o culpo.
Mas quero fazer um apelo. Afinal, eu sou sua vítima e também estou
triste e com saudade do meu camelinho vermelho. Eu o quero de volta. Não quero que o senhor seja punido. E não quero que a polícia o prenda de maneira alguma.
Mas se puder deixá-la na praça Sibelius (perto de onde o senhor a
encontrou) em frente ao Detran-RJ com um bilhete anônimo “Favor entregar
esta bicicleta em mãos e pés à João Velho” ficarei extremamente
emocionado a ponto de te oferecer uma recompensa. Espero sinceramente
que o senhor possua facebook pra que esta mensagem o alcance. Um abraço
João Velho”
Qual o próximo passo? Uma moça estuprada
pedir desculpas ao estuprador porque é bonita e falta mulher na praça
para o “coitado”? Essa turma da esquerda caviar perdeu o juízo de vez. O
ator Marcos Palmeira até tirou uma foto com o rapaz que havia assaltado seu empregado. Que isso?
PS: Há sempre a possibilidade de ter sido uma carta irônica,
claro, ou de alguém muito desesperado para conseguir a “bike” de volta a
ponto de jogar a dignidade no lixo. Mas sendo escrita por ator, a
chance maior é de ele ter falado sério mesmo, o que é inacreditável.
Petrobras, apesar de investimentos cada vez maiores, tem queda na produção em 2013
Rodrigo Constantino - VEJA
A Petrobras divulgou sua produção final para o ano de 2013. Uma queda de 1,5% em relação ao ano anterior, apesar de investimentos cada vez maiores. A empresa estatal, que dava um “guidance” de crescimento de até 5% para o mercado no começo do ano, apelou para as justificativas de sempre, confiando que, nesse ano, tudo será diferente. Disse em comunicado:
Rodrigo Constantino - VEJA
A Petrobras divulgou sua produção final para o ano de 2013. Uma queda de 1,5% em relação ao ano anterior, apesar de investimentos cada vez maiores. A empresa estatal, que dava um “guidance” de crescimento de até 5% para o mercado no começo do ano, apelou para as justificativas de sempre, confiando que, nesse ano, tudo será diferente. Disse em comunicado:
A produção
de petróleo e gás natural da Petrobras no Brasil, no ano de 2013,
atingiu a média de 2 milhões 321 mil boed, 1,5% abaixo da média
produzida no ano anterior.
A produção exclusiva de petróleo dos campos
nacionais, no ano passado, ficou, na média, em 1 milhão 931 mil
barris/dia, 2,5% abaixo da produção de 2012 (1 milhão 980 mil b/d).
Incluída a parte operada pela Petrobras para seus parceiros o volume de
2013 chegou a 1 milhão 992 mil barris/dia.
A
redução do volume produzido em 2013 decorreu, principalmente, do atraso
na entrada em operação do campo de Papa-Terra, na Bacia de Campos, cuja
sequência de interligação de poços à plataforma P-63 precisou ser
revista em função da presença de corais no leito oceânico; do
atraso na chegada ao Brasil e dificuldades de instalação de equipamentos
denominados BSRs – Boias de Sustentação de Risers, que permitiriam a
interligação de novos poços nos campos de Sapinhoá e Lula NE, na Bacia
de Santos; e do atraso no início da produção das plataformas P-55 e
P-58, no campo de Roncador e no Parque das Baleias, respectivamente, na
Bacia de Campos. Com a interligação de novos poços nessas unidades de
produção, assim como nas plataformas P-62, no Módulo 4 do campo de
Roncador, e P-61, no de Papa-Terra, ambas previstas para começar a
produzir no primeiro semestre de 2014, a Petrobras terá estabelecido as
condições necessárias para aumentar a produção ao longo de 2014.
Ou seja, a culpa é dos corais!
Independentemente das desculpas da empresa, o fato é que o endividamento
da companhia cresce sem parar, justamente porque ela possui um
gigantesco plano de investimentos que não tem se traduzido em maior
produção.
A dívida líquida já representa três vezes
o que a empresa gera de caixa bruto (EBITDA), um patamar preocupante de
endividamento. O crescimento fica sempre só na promessa, que nunca é
entregue. O resultado é a perda de credibilidade e de valor das ações no
mercado:
Os brasileiros estão vendo, dia a dia, a
destruição da maior empresa nacional pelo PT. É muita incompetência e
uso político juntos. Não tem como dar certo…
‘Além de bacalhau & vinho’
SANDRO VAIA - Blog do Noblat
Então ficamos assim: a presidente come o que quiser, no restaurante que quiser, porque ela paga a conta. E pronto.
SANDRO VAIA - Blog do Noblat
Então ficamos assim: a presidente come o que quiser, no restaurante que quiser, porque ela paga a conta. E pronto.
A comitiva dela pode sair da Suíça e ir para Cuba com uma ligeira
paradinha em Lisboa porque o avião não tem autonomia de voo e precisava
abastecer.
Enquanto o avião abastece e a comitiva presidencial tem todo direito de alugar as suítes que quiser, no hotel que quiser, pagar as diárias que quiser.
Enfim, a comitiva presidencial tem o direito de fazer o que quiser, inclusive o de mentir e de dizer que a escala foi improvisada, embora o governo português jure que tinha sido informado dois dias antes.
A oposição, como não podia deixar de ser, fez praça de mais essa vistosa aventura governamental, e encaminhou um pedido à Procuradoria Geral da República para que a escala fosse investigada.
A Comissão de Ética Pública da Presidência da República não se sente habilitada a investigar essa tal de escala secreta ─ tão secreta que até as fotos do chef do restaurante lisboeta com a presidente foram publicadas em todos os jornais ─ e daqui a alguns dias ninguém lembra mais de nada.
No Brasil há uma extraordinária vocação para magnificar a banalidade ao mesmo tempo em que se banaliza aquilo que talvez devesse se magnificar.
Enquanto se discute se a escala foi secreta ou não, se a presidente pagou ou não pagou a conta do restaurante, se as diárias do hotel foram ou não abusivas, a presidente chegou tranquilamente a Cuba, entregou o porto novo financiado com dinheiro brasileiro, e posou para fotos carinhosas com o vovô ditador aposentado mais longevo do planeta.
Já que se trata, aparentemente, de exigir um pouco mais de transparência, talvez fosse mais útil, em vez de pedir à PGR que investigue a escala do avião, o menu do restaurante, as diárias do hotel e quem pagou a conta, que a oposição conseguisse explicações claras sobre as condições de financiamento do porto de Mariel, sobre o projeto da Zona Especial de Comércio que o governo cubano pretende implantar lá, e quais vantagens o Brasil pretende tirar disso.
O governo poderia aproveitar também para deixar claro porque o dinheiro que está sendo gasto lá não é o mesmo que faz falta na melhoria da nossa infraestrutura portuária, rodoviária e aeroviária. Se não é falta de dinheiro, é falta do que? De vontade? De competência?
E já que se trata de deixar as coisas claras, porque não aproveitar para pedir explicações também sobre os detalhes do contrato de prestação de serviços que o Brasil assinou com Cuba para a importação da mão de obra de médicos, e se as leis trabalhistas do país estão ou não sendo desrespeitadas por ele.
Enfim, saber que Dilma paga as suas próprias contas no restaurante pode ser muito tranquilizador, mas as preocupações da oposição e do país deveriam ir muito além da conta do bacalhau e do vinho.
Enquanto o avião abastece e a comitiva presidencial tem todo direito de alugar as suítes que quiser, no hotel que quiser, pagar as diárias que quiser.
Enfim, a comitiva presidencial tem o direito de fazer o que quiser, inclusive o de mentir e de dizer que a escala foi improvisada, embora o governo português jure que tinha sido informado dois dias antes.
A oposição, como não podia deixar de ser, fez praça de mais essa vistosa aventura governamental, e encaminhou um pedido à Procuradoria Geral da República para que a escala fosse investigada.
A Comissão de Ética Pública da Presidência da República não se sente habilitada a investigar essa tal de escala secreta ─ tão secreta que até as fotos do chef do restaurante lisboeta com a presidente foram publicadas em todos os jornais ─ e daqui a alguns dias ninguém lembra mais de nada.
No Brasil há uma extraordinária vocação para magnificar a banalidade ao mesmo tempo em que se banaliza aquilo que talvez devesse se magnificar.
Enquanto se discute se a escala foi secreta ou não, se a presidente pagou ou não pagou a conta do restaurante, se as diárias do hotel foram ou não abusivas, a presidente chegou tranquilamente a Cuba, entregou o porto novo financiado com dinheiro brasileiro, e posou para fotos carinhosas com o vovô ditador aposentado mais longevo do planeta.
Já que se trata, aparentemente, de exigir um pouco mais de transparência, talvez fosse mais útil, em vez de pedir à PGR que investigue a escala do avião, o menu do restaurante, as diárias do hotel e quem pagou a conta, que a oposição conseguisse explicações claras sobre as condições de financiamento do porto de Mariel, sobre o projeto da Zona Especial de Comércio que o governo cubano pretende implantar lá, e quais vantagens o Brasil pretende tirar disso.
O governo poderia aproveitar também para deixar claro porque o dinheiro que está sendo gasto lá não é o mesmo que faz falta na melhoria da nossa infraestrutura portuária, rodoviária e aeroviária. Se não é falta de dinheiro, é falta do que? De vontade? De competência?
E já que se trata de deixar as coisas claras, porque não aproveitar para pedir explicações também sobre os detalhes do contrato de prestação de serviços que o Brasil assinou com Cuba para a importação da mão de obra de médicos, e se as leis trabalhistas do país estão ou não sendo desrespeitadas por ele.
Enfim, saber que Dilma paga as suas próprias contas no restaurante pode ser muito tranquilizador, mas as preocupações da oposição e do país deveriam ir muito além da conta do bacalhau e do vinho.
Pesquisa revela uma das causas de morte prematura na Rússia: a vodca
Estudo concluiu que risco de morte entre homens russos com menos de 55 anos pode mais que dobrar com o consumo excessivo da bebida
VEJA
Uma nova pesquisa revelou que 25% de todos os homens russos morrem
antes dos 55 anos – e o principal culpado por essa alta taxa de
mortalidade precoce é o álcool, especialmente a vodca. O estudo foi
publicado nesta sexta-feira na revista médica The Lancet.
A pesquisa foi feita com cerca de 151 000 homens, que foram acompanhados durante até dez anos. Durante esse tempo, 8 000 participantes morreram. Com base em informações como hábitos de consumo de álcool e de tabagismo, além das causas das mortes, os autores fizeram uma estimativa sobre fatores de risco de mortalidade em um período de 20 anos.
Entre homens de 35 e 54 anos, o maior risco de morte foi observado entre os que fumavam e bebiam mais de 1,5 litro de vodca por semana: eles tiveram 35% de chances de morrer ao longo de 20 anos. É mais do que o dobro do risco apresentado por aqueles que também fumavam, mas bebiam menos de meio litro de vodca por semana, que foi de 16%.
Causas — As principais causas de mortes relacionadas ao excesso de vodca incluíram envenenamento por álcool, acidentes e suicídio, além de doenças como câncer de garganta e fígado, tuberculose, pneumonia, pancreatite e doenças hepáticas.
A pesquisa foi conduzida por especialistas do Centro do Câncer de Moscou, na Rússia, da Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, e pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, que faz parte da Organização Mundial da Saúde (OMS).
No artigo, os autores lembram que, embora o risco de morte prematura ainda seja alto na Rússia ele vem diminuindo desde 2006, quando reformas na política sobre o álcool foram introduzidas no país, fazendo com que o consumo de destilados caísse em cerca de um terço.
De acordo com David Zaridze, um dos autores do estudo, porém, a relação entre consumo de vodca e risco de morte na Rússia deve ser considerada como uma “crise de saúde” no país. Para ele, esse problema pode ser revertido caso as pessoas passem a beber com moderação. "A queda significativa nas taxas de mortalidade russas após a introdução de controles moderados sobre o álcool em 2006 demonstra essa reversibilidade", diz.
O corpo intoxicado
Bryan Christie Designer
O fígado depura cerca de 80% das impurezas circulantes no organismo. Uma das mais nocivasé o etanol. Para ser metabolizada, a substância exige grande esforço do órgão. Tal demanda aumenta a produção de radicais livres. Com isso,o fígado tem comprometida sua capacidade de processar lipídios, o que pode levar ao acúmulo exagerado de gordura (a esteatose)
Bryan Christie Designer
Uma das ações mais tóxicas do sol é danificar os telômeros, trechos do cromossomo que têm a função de proteger o DNA de agentes externos, assegurando que a informação genética seja perfeitamente copiada durante a divisão celular. Enfraquecidos, deixam o material genético vulnerável, estimulando o envelhecimento celular e facilitando o desenvolvimento de doenças
Bryan Christie Designer
A barreira hematoencefálica filtra a maioria das substâncias químicas circulantes no sangue. Com moléculas diminutas, o álcool é um dos poucos compostos que conseguem vencer esse obstáculo. Ao atingir o tecido cerebral, a bebida estimula os neurônios a aumentar a quantidade de neurotransmissores, sobretudo o GABA, responsável por reduzir o funcionamento do sistema nervoso central. A consequência: sedação e perda de reflexos do organismo
Bryan Christie Designer
A alta toxicidade do álcool e do excesso de gordura agride as células do pâncreas, causando um processo inflamatório. A inflamação favorece o entupimento dos canais secundários do órgão - aqueles que transportam suco pancreático, envolvido no processo digestivo. Já o excesso de açúcar faz com que as células produtoras de insulina aumentem a fabricação do hormônio, o que pode levá-las à exaustão
Bryan Christie Designer
Os rins eliminam o excesso de sódio através da urina. Em excesso, a substância danifica as células renais, levando à inflamação, mecanismo que contribui para o estreitamento dos vasos
Bryan Christie Designer
Na tentativa de metabolizar grandes quantidades de gordura, álcool e açúcar, as células intestinais aumentam seu ritmo metabólico, o que incrementa a síntese de radicais livres. Uma das principais consequências desse processo é a intensificação dos movimentos peristálticos. Com isso, reduz-se a absorção de água e sal. Tem-se então um quadro de diarreia. A longo prazo, pode haver a formação de tumores
Estudo concluiu que risco de morte entre homens russos com menos de 55 anos pode mais que dobrar com o consumo excessivo da bebida
VEJA
Vodca: Estudo mostra que consumo exagerado da bebida na
Rússia pode dobrar o risco de morte antes dos 55 anos entre homens
(Thinkstock)
A pesquisa foi feita com cerca de 151 000 homens, que foram acompanhados durante até dez anos. Durante esse tempo, 8 000 participantes morreram. Com base em informações como hábitos de consumo de álcool e de tabagismo, além das causas das mortes, os autores fizeram uma estimativa sobre fatores de risco de mortalidade em um período de 20 anos.
Entre homens de 35 e 54 anos, o maior risco de morte foi observado entre os que fumavam e bebiam mais de 1,5 litro de vodca por semana: eles tiveram 35% de chances de morrer ao longo de 20 anos. É mais do que o dobro do risco apresentado por aqueles que também fumavam, mas bebiam menos de meio litro de vodca por semana, que foi de 16%.
Causas — As principais causas de mortes relacionadas ao excesso de vodca incluíram envenenamento por álcool, acidentes e suicídio, além de doenças como câncer de garganta e fígado, tuberculose, pneumonia, pancreatite e doenças hepáticas.
A pesquisa foi conduzida por especialistas do Centro do Câncer de Moscou, na Rússia, da Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, e pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, que faz parte da Organização Mundial da Saúde (OMS).
No artigo, os autores lembram que, embora o risco de morte prematura ainda seja alto na Rússia ele vem diminuindo desde 2006, quando reformas na política sobre o álcool foram introduzidas no país, fazendo com que o consumo de destilados caísse em cerca de um terço.
De acordo com David Zaridze, um dos autores do estudo, porém, a relação entre consumo de vodca e risco de morte na Rússia deve ser considerada como uma “crise de saúde” no país. Para ele, esse problema pode ser revertido caso as pessoas passem a beber com moderação. "A queda significativa nas taxas de mortalidade russas após a introdução de controles moderados sobre o álcool em 2006 demonstra essa reversibilidade", diz.
O corpo intoxicado
O consumo exagerado de gordura, sódio e álcool e a superexposição ao
sol e ao cigarro, entre outros hábitos ruins da modernidade, podem
comprometer o funcionamento de uma das mais nobres estruturas celulares,
as mitocôndrias - pequenas usinas de energia existentes no interior das
células. Quando agredidas, elas deflagram a produção excessiva de
radicais livres, átomos ou moléculas altamente reativos que podem
desequilibrar a bioquímica celular
Bryan Christie Designer
O
cigarro e o açúcar agridem as células das artérias, provocando um
quadro inflamatório e, consequentemente, estimulando a produção
de radicais livres. Ao entrarem em contato como colesterol circulante,
eles alteram a bioquímica das moléculas de gordura, fazendo com quese
depositem com mais facilidade nas paredes arteriais. Já as baixas doses
de oxigênio características do ar poluído levam o órgão a aumentar as
contrações musculares, desgastando-o
Bryan Christie Designer
O fígado depura cerca de 80% das impurezas circulantes no organismo. Uma das mais nocivasé o etanol. Para ser metabolizada, a substância exige grande esforço do órgão. Tal demanda aumenta a produção de radicais livres. Com isso,o fígado tem comprometida sua capacidade de processar lipídios, o que pode levar ao acúmulo exagerado de gordura (a esteatose)
Bryan Christie Designer
Uma das ações mais tóxicas do sol é danificar os telômeros, trechos do cromossomo que têm a função de proteger o DNA de agentes externos, assegurando que a informação genética seja perfeitamente copiada durante a divisão celular. Enfraquecidos, deixam o material genético vulnerável, estimulando o envelhecimento celular e facilitando o desenvolvimento de doenças
Bryan Christie Designer
A barreira hematoencefálica filtra a maioria das substâncias químicas circulantes no sangue. Com moléculas diminutas, o álcool é um dos poucos compostos que conseguem vencer esse obstáculo. Ao atingir o tecido cerebral, a bebida estimula os neurônios a aumentar a quantidade de neurotransmissores, sobretudo o GABA, responsável por reduzir o funcionamento do sistema nervoso central. A consequência: sedação e perda de reflexos do organismo
Bryan Christie Designer
A alta toxicidade do álcool e do excesso de gordura agride as células do pâncreas, causando um processo inflamatório. A inflamação favorece o entupimento dos canais secundários do órgão - aqueles que transportam suco pancreático, envolvido no processo digestivo. Já o excesso de açúcar faz com que as células produtoras de insulina aumentem a fabricação do hormônio, o que pode levá-las à exaustão
Bryan Christie Designer
Os rins eliminam o excesso de sódio através da urina. Em excesso, a substância danifica as células renais, levando à inflamação, mecanismo que contribui para o estreitamento dos vasos
Bryan Christie Designer
Na tentativa de metabolizar grandes quantidades de gordura, álcool e açúcar, as células intestinais aumentam seu ritmo metabólico, o que incrementa a síntese de radicais livres. Uma das principais consequências desse processo é a intensificação dos movimentos peristálticos. Com isso, reduz-se a absorção de água e sal. Tem-se então um quadro de diarreia. A longo prazo, pode haver a formação de tumores
Aliado de Marina se lança ao governo paulista e desafia PSB de Campos
'Rede não nasceu para ser subserviente aos projetos políticos tradicionais', diz Ricardo Young
Isadora Peron - O Estado de S. Paulo
São Paulo - Aliado político da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, o vereador paulistano Ricardo Young (PPS) lançou nesta quinta-feira à noite, durante um jantar com integrantes da Rede, seu nome ao governo de São Paulo. "A Rede não nasceu para ser subserviente aos projetos políticos tradicionais. Nós não nascemos para passar em branco nessas eleições. Então eu queria dizer para vocês que vou me colocar à disposição da candidatura para governo do Estado", discursou sob aplausos dos marineiros.
Young iria para a Rede, mas, como Marina não conseguiu assinaturas suficientes para registrar o partido no ano passado, resolveu permanecer no PPS. Boa parte daqueles que tentaram fundar o partido acabou abrigada no PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pré-candidato à Presidência.
Marina fechou um acordo com Campos segundo o qual o PSB teria candidato próprio em São Paulo e desistiria do projeto de apoiar a reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB). O problema é que a máquina do partido quer indicar o deputado Márcio França para o posto de candidato. França é muito próximo dos tucanos e os integrantes da Rede temem que uma candidatura dele seja apenas de "fachada".
"Eu acho que a política também se faz com coragem e insubordinação. Nós estamos muito comportados. Nós não criamos a Rede para sermos comportados, nós criamos para fazer avançar a política, para puxar o PSB e o PPS para o nosso campo. Se a Rede considerar que o meu nome pode contribuir para o tensionamento dessa situação, contem comigo", afirmou Young.
A ideia inicial de Marina era lançar a deputada Luiza Erundina (PSB) ao governo. Ela, no entanto, recusou a oferta e complicou a negociação. Assim como o nome de França não é bem visto pelo grupo da ex-ministra, o PSB também não mostra disposição em aceitar um quadro ligado à Rede, como o deputado Walter Feldman.
Desponta como uma opção mais neutra o nome do advogado Pedro Dallari, filiado ao PSB. Para concorrer, no entanto, ele teria que deixar o posto de coordenador da Comissão Nacional da Verdade.
A chance de Young sair candidato é baixíssima, pelo menos no momento. O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire, afirmou que o projeto do partido é permanecer aliado aos tucanos paulistas e apoiar a reeleição de Alckmin.
'Rede não nasceu para ser subserviente aos projetos políticos tradicionais', diz Ricardo Young
Isadora Peron - O Estado de S. Paulo
São Paulo - Aliado político da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, o vereador paulistano Ricardo Young (PPS) lançou nesta quinta-feira à noite, durante um jantar com integrantes da Rede, seu nome ao governo de São Paulo. "A Rede não nasceu para ser subserviente aos projetos políticos tradicionais. Nós não nascemos para passar em branco nessas eleições. Então eu queria dizer para vocês que vou me colocar à disposição da candidatura para governo do Estado", discursou sob aplausos dos marineiros.
Young iria para a Rede, mas, como Marina não conseguiu assinaturas suficientes para registrar o partido no ano passado, resolveu permanecer no PPS. Boa parte daqueles que tentaram fundar o partido acabou abrigada no PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pré-candidato à Presidência.
Marina fechou um acordo com Campos segundo o qual o PSB teria candidato próprio em São Paulo e desistiria do projeto de apoiar a reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB). O problema é que a máquina do partido quer indicar o deputado Márcio França para o posto de candidato. França é muito próximo dos tucanos e os integrantes da Rede temem que uma candidatura dele seja apenas de "fachada".
"Eu acho que a política também se faz com coragem e insubordinação. Nós estamos muito comportados. Nós não criamos a Rede para sermos comportados, nós criamos para fazer avançar a política, para puxar o PSB e o PPS para o nosso campo. Se a Rede considerar que o meu nome pode contribuir para o tensionamento dessa situação, contem comigo", afirmou Young.
A ideia inicial de Marina era lançar a deputada Luiza Erundina (PSB) ao governo. Ela, no entanto, recusou a oferta e complicou a negociação. Assim como o nome de França não é bem visto pelo grupo da ex-ministra, o PSB também não mostra disposição em aceitar um quadro ligado à Rede, como o deputado Walter Feldman.
Desponta como uma opção mais neutra o nome do advogado Pedro Dallari, filiado ao PSB. Para concorrer, no entanto, ele teria que deixar o posto de coordenador da Comissão Nacional da Verdade.
A chance de Young sair candidato é baixíssima, pelo menos no momento. O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire, afirmou que o projeto do partido é permanecer aliado aos tucanos paulistas e apoiar a reeleição de Alckmin.
ELIÂNICAS
Eliane Cantanhêde - FSP
BRASÍLIA - Enquanto os aliados ou se esgoelam ou dissimulam, Dilma cuida primeiro da família: os candidatos petistas deixam o governo, mas os ministérios do PT ficam.
Eles são, claro, o coração do governo. Sai Gleisi para disputar no Paraná, entra Mercadante na Casa Civil, que já abrigou Dirceu, Palocci e a própria Dilma. Sai Alexandre Padilha para a eleição em São Paulo, entra Arthur Chioro na Saúde. Ao subir para o Planalto, Mercadante iça Henrique Paim do segundo para o primeiro posto na Educação.
Já os coadjuvantes vão disputar as laterais do palco: o PTB e o PSD estão de olho na Secretaria de Portos, por exemplo, e o Turismo está dando sopa. Só falta a Pesca.
No meio, entre os protagonistas e os coadjuvantes, há o PMDB, poderoso, guloso e muitas vezes ameaçador, e o novo Pros, que tem duas estrelas, os tonitruantes irmãos Gomes, Cid e Ciro. E entre as vagas que importam e as outras que nem tanto, há duas vistosas: Desenvolvimento e Integração Nacional.
A Integração é o sonho de dez entre dez políticos nordestinos porque tem gordos recursos para secas, enchentes e uma lista dessas coisas que aparecem muito e são faca de dois gumes: tiram voto quando ocorrem, mas dão voto aos montes quando atraem verbas --e, atrás delas, poderosos, discursos, inaugurações.
E vejamos o valor de face do Desenvolvimento, que tem baixo orçamento, mas muita influência: canal entre o Planalto e o mundo empresarial (que financia campanhas), é/era ocupado pelo petista Fernando Pimentel, amigão da presidente e candidato ao estratégico governo de Minas Gerais --que fica no "triângulo das Bermudas" eleitoral e é a base do presidenciável Aécio Neves. Logo, não é pouca coisa.
Com o PMDB botando a faca no pescoço de Dilma, é até possível que ela tire o Desenvolvimento do PT e dê para o partido do seu vice, Temer. Mas não dói. Vai-se esse anel, ficam os dedos que mais contam.
Burocracia sem sentido
FSP A Receita Federal baixou uma portaria em que aboliu, na maioria das situações, a necessidade de o contribuinte fazer o famigerado reconhecimento de firma antes de apresentar documentos à entidade.
Trata-se, para variar, de boa notícia no campo da burocracia, cuja tendência, em toda parte, é sempre a de se expandir.
Os brasileiros perdem tempo exorbitante e recursos preciosos para contornar disposições inúteis, quando não francamente absurdas; cartórios exigem um número de visitas muito acima do razoável para as mais variadas atividades.
As diretrizes, para piorar, não costumam obedecer a nenhum princípio de racionalização ou eficiência. Uma cópia autenticada de documento de identidade, por exemplo, é aceita como prova pelo Supremo Tribunal Federal, mas pode não bastar para a retirada de um passaporte ou para entrar num ônibus intermunicipal.
Os exageros por vezes soam anedóticos, embora sejam desgastantes --e irritantes-- para o contribuinte. Mais do que isso, impõem às pessoas físicas e jurídicas um ônus que nada tem de folclórico.
Estudo da Fiesp, de 2010, estima que a redução da burocracia brasileira para níveis semelhantes ao da média de países considerados acolhedores para os negócios --como Chile, Estados Unidos, Finlândia e Canadá-- representaria poupança equivalente a 1,47% do PIB (de 2009).
Não se trata de atacar a organização burocrática em si, mas de criticar sua configuração no Brasil. Com efeito, o sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) destacou a importância, para o Estado moderno, de uma estrutura de funcionários capacitados, dispostos sob hierarquias e tomando decisões com base em regras racionais.
Esse tipo de arcabouço foi decisivo para que os favores prestados pelos poderosos pudessem se tornar direitos garantidos pelo poder público. A lógica do favorecimento pôde dar lugar a um Estado regido por princípios republicanos.
O Brasil, porém, reúne características negativas de ambos os lados dessa moeda. Sem que tenha se livrado da arcaica troca de favores, experimenta empecilhos burocráticos muito acima da média.
Ações como a divulgada pela Receita Federal deveriam ser replicadas. Simplificar a vida do cidadão e melhorar o ambiente de negócios é um imperativo óbvio e, até certo ponto, descomplicado. Basta que as autoridades façam uma revisão corajosa dos procedimentos nas áreas sob seu controle.
O Tesouro paga mais caro para se endividar
O Estado de S.Paulo
Em 2013, a Dívida Pública Federal em títulos foi afetada pela deterioração da política macroeconômica, como se constata pelo relatório mensal do Tesouro Nacional, divulgado ontem. Em geral, os indicadores pioraram, caso dos prazos de vencimento, que encurtaram; dos custos, que aumentaram; e do saldo da dívida total, inclusive em moeda estrangeira, que passou de R$ 1,916 bilhão, em dezembro de 2012, e de R$ 2,028 bilhões, em novembro de 2013, para R$ 2,122 bilhões, em dezembro de 2013.
Só entre novembro e dezembro o Tesouro aumentou a dívida em 2,58% para oferecer mais recursos às instituições federais e pagar os compromissos com as empresas de energia elétrica. Isoladamente, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) necessitou da emissão de R$ 24 bilhões em papéis federais, a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) precisou de R$ 1,5 bilhão e a companhia de energia CEEE exigiu mais de R$ 800 milhões.
Papéis com custo médio anualizado da ordem de 11,3% foram emitidos para que o BNDES ofereça crédito subsidiado e o governo arque com os benefícios mal calculados que propiciou aos consumidores de energia elétrica. Na margem, cresceu o custo da dívida - e tende a crescer mais, em decorrência da elevação da taxa de juros.
Para evitar a colocação de títulos corrigidos pela taxa Selic, o Tesouro aceitou pagar juros elevados pelos papéis prefixados. Entre os meses de dezembro de 2012 e de 2013, a participação desses títulos aumentou de 40% para 42%, suprindo o que não foi colocado em papéis indexados pela inflação. Os títulos corrigidos pela Selic ficaram levemente acima do máximo previsto no plano de financiamento da dívida (PAF).
Outros indicadores mostram com clareza o aumento das dificuldades do Tesouro para prever o que ocorrerá em 2014: o PAF admite que o estoque da dívida possa crescer em relação a 2013 entre o mínimo de 2,26% e o máximo de 9,33%. A diferença (R$ 150 bilhões ou 7% da dívida) é enorme. Bancos e não residentes financiaram a União em 2013.
A leniência fiscal de 2013 já cobra seu preço. Piorou o humor dos investidores com os emergentes, Brasil incluído. Como afirmou o fundador do Grupo Pimco, Bill Gross: "Turquia e África do Sul foram reprovadas no teste de câmbio. Não espere para ver quem será o próximo. Reduza riscos e fuja para os títulos do Tesouro dos EUA". O Tesouro Nacional terá de conviver com isso.
O Estado de S.Paulo
Em 2013, a Dívida Pública Federal em títulos foi afetada pela deterioração da política macroeconômica, como se constata pelo relatório mensal do Tesouro Nacional, divulgado ontem. Em geral, os indicadores pioraram, caso dos prazos de vencimento, que encurtaram; dos custos, que aumentaram; e do saldo da dívida total, inclusive em moeda estrangeira, que passou de R$ 1,916 bilhão, em dezembro de 2012, e de R$ 2,028 bilhões, em novembro de 2013, para R$ 2,122 bilhões, em dezembro de 2013.
Só entre novembro e dezembro o Tesouro aumentou a dívida em 2,58% para oferecer mais recursos às instituições federais e pagar os compromissos com as empresas de energia elétrica. Isoladamente, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) necessitou da emissão de R$ 24 bilhões em papéis federais, a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) precisou de R$ 1,5 bilhão e a companhia de energia CEEE exigiu mais de R$ 800 milhões.
Papéis com custo médio anualizado da ordem de 11,3% foram emitidos para que o BNDES ofereça crédito subsidiado e o governo arque com os benefícios mal calculados que propiciou aos consumidores de energia elétrica. Na margem, cresceu o custo da dívida - e tende a crescer mais, em decorrência da elevação da taxa de juros.
Para evitar a colocação de títulos corrigidos pela taxa Selic, o Tesouro aceitou pagar juros elevados pelos papéis prefixados. Entre os meses de dezembro de 2012 e de 2013, a participação desses títulos aumentou de 40% para 42%, suprindo o que não foi colocado em papéis indexados pela inflação. Os títulos corrigidos pela Selic ficaram levemente acima do máximo previsto no plano de financiamento da dívida (PAF).
Outros indicadores mostram com clareza o aumento das dificuldades do Tesouro para prever o que ocorrerá em 2014: o PAF admite que o estoque da dívida possa crescer em relação a 2013 entre o mínimo de 2,26% e o máximo de 9,33%. A diferença (R$ 150 bilhões ou 7% da dívida) é enorme. Bancos e não residentes financiaram a União em 2013.
A leniência fiscal de 2013 já cobra seu preço. Piorou o humor dos investidores com os emergentes, Brasil incluído. Como afirmou o fundador do Grupo Pimco, Bill Gross: "Turquia e África do Sul foram reprovadas no teste de câmbio. Não espere para ver quem será o próximo. Reduza riscos e fuja para os títulos do Tesouro dos EUA". O Tesouro Nacional terá de conviver com isso.
Puxar o cabelo para sair do chão
Números de emprego, salários e consumo são bons; mas não dá para melhorar sem crescer mais
Vinicius Torres Freire - FSP
DILMA ROUSSEFF ontem fez festa com os números do emprego. Publicou vários "tuítes", no Twitter, a respeito da baixa do desemprego, do aumento da ocupação e das várias melhorias qualitativas do mercado de trabalho. É tudo verdade.
A presidente comparava, de resto, os números de agora aos de 2003, "quando assumimos [o PT] o governo".
Nos últimos dois anos do governo FHC (2001-02) e nos dois primeiros de Lula (2003-04), a taxa de desemprego teve picos horríveis de 13%. O desemprego ainda flutuaria em torno de 10% até meados de 2007. Foi então que a taxa começou a descer a ladeira até chegar aos minúsculos 4,3% de dezembro passado, ou de 5,4% na média do ano, as menores da história conhecida (desde 2002).
O desemprego caiu ainda mais rapidamente depois da recessão de 2009, com o crescimento fenomenal e exorbitante de 7,5% de 2010, com o aumento do crédito, em particular do crédito concedido por bancos públicos. Mais adiante, a partir de 2011, o governo passaria a ter mais deficit, os juros básicos baixariam a níveis também historicamente baixos.
Foi também a partir de 2008 que a inflação se tornou persistentemente alta e chatinha. No mesmo ano, o país voltou a registrar deficit em conta-corrente (a comprar mais bens e serviços do que vendê-los no exterior). Inflação persistente, relativamente alta, e deficit em conta-corrente são sinais de algum excesso de consumo.
Não, não se pretende aqui dizer que desemprego baixo e salários melhores sempre acabam em inflação e deficit preocupantes. Em parte, porém, foi isso mesmo o que aconteceu.
A proporção precisa de desemprego e inflação é uma mistura da alquimia econômica praticamente impossível de calcular. Porém, ainda que incalculável e mesmo que não se acredite nessas taxas magicamente equilibradas, elas existem, como as bruxas. A prova do pudim é comê-lo. Descontadas eventuais desgraças econômicas (como choques de escassez, de petróleo ou comida, por exemplo), desemprego baixo além da conta dá em inflação.
Não se trata de uma maldição. É possível ter taxas menores de desemprego com inflação mais baixa, desde que a produtividade da economia seja maior (fazer mais com menos, fazer "mais barato"). Como aumentar a produtividade geral da economia é outra pesquisa quase mística, digamos, uma espécie de Santo Graal dos economistas. Mas, mesmo bem longe da perfeição, sabe-se o bastante sobre o assunto, sobre aumento de produtividade.
Investir em mais equipamentos e máquinas, de preferência tecnologicamente mais avançados, ajuda bem. Diminuir custos de transporte e outros relacionados com uma infraestrutura melhor ajuda bem. Para tanto, é preciso uma aplicação mais balanceada dos recursos da economia, uma dosagem melhor de consumo e investimento, dosagem que não sai bonitinha de uma planilha de cálculos, mas que existe, como as bruxas.
Temos exagerado para mais ou menos em todas as doses: gastos, juros, inflação, salários, investimento, poupança, crédito. A taxa de crescimento da economia é cadente, assim como a de consumo, salários e, agora, da população ocupada. Não, não houve desastre. Mas não é possível sair do chão puxando os cabelos, como temos tentado fazer.
Números de emprego, salários e consumo são bons; mas não dá para melhorar sem crescer mais
Vinicius Torres Freire - FSP
DILMA ROUSSEFF ontem fez festa com os números do emprego. Publicou vários "tuítes", no Twitter, a respeito da baixa do desemprego, do aumento da ocupação e das várias melhorias qualitativas do mercado de trabalho. É tudo verdade.
A presidente comparava, de resto, os números de agora aos de 2003, "quando assumimos [o PT] o governo".
Nos últimos dois anos do governo FHC (2001-02) e nos dois primeiros de Lula (2003-04), a taxa de desemprego teve picos horríveis de 13%. O desemprego ainda flutuaria em torno de 10% até meados de 2007. Foi então que a taxa começou a descer a ladeira até chegar aos minúsculos 4,3% de dezembro passado, ou de 5,4% na média do ano, as menores da história conhecida (desde 2002).
O desemprego caiu ainda mais rapidamente depois da recessão de 2009, com o crescimento fenomenal e exorbitante de 7,5% de 2010, com o aumento do crédito, em particular do crédito concedido por bancos públicos. Mais adiante, a partir de 2011, o governo passaria a ter mais deficit, os juros básicos baixariam a níveis também historicamente baixos.
Foi também a partir de 2008 que a inflação se tornou persistentemente alta e chatinha. No mesmo ano, o país voltou a registrar deficit em conta-corrente (a comprar mais bens e serviços do que vendê-los no exterior). Inflação persistente, relativamente alta, e deficit em conta-corrente são sinais de algum excesso de consumo.
Não, não se pretende aqui dizer que desemprego baixo e salários melhores sempre acabam em inflação e deficit preocupantes. Em parte, porém, foi isso mesmo o que aconteceu.
A proporção precisa de desemprego e inflação é uma mistura da alquimia econômica praticamente impossível de calcular. Porém, ainda que incalculável e mesmo que não se acredite nessas taxas magicamente equilibradas, elas existem, como as bruxas. A prova do pudim é comê-lo. Descontadas eventuais desgraças econômicas (como choques de escassez, de petróleo ou comida, por exemplo), desemprego baixo além da conta dá em inflação.
Não se trata de uma maldição. É possível ter taxas menores de desemprego com inflação mais baixa, desde que a produtividade da economia seja maior (fazer mais com menos, fazer "mais barato"). Como aumentar a produtividade geral da economia é outra pesquisa quase mística, digamos, uma espécie de Santo Graal dos economistas. Mas, mesmo bem longe da perfeição, sabe-se o bastante sobre o assunto, sobre aumento de produtividade.
Investir em mais equipamentos e máquinas, de preferência tecnologicamente mais avançados, ajuda bem. Diminuir custos de transporte e outros relacionados com uma infraestrutura melhor ajuda bem. Para tanto, é preciso uma aplicação mais balanceada dos recursos da economia, uma dosagem melhor de consumo e investimento, dosagem que não sai bonitinha de uma planilha de cálculos, mas que existe, como as bruxas.
Temos exagerado para mais ou menos em todas as doses: gastos, juros, inflação, salários, investimento, poupança, crédito. A taxa de crescimento da economia é cadente, assim como a de consumo, salários e, agora, da população ocupada. Não, não houve desastre. Mas não é possível sair do chão puxando os cabelos, como temos tentado fazer.
Absolutamente inútil
O Estado de S.Paulo
Dos 83 parágrafos da declaração final da 2.ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), não há rigorosamente nenhum que justifique a realização do encontro - salvo, talvez, o 80.º, em que se anuncia a data do próximo. Poucos documentos resumem com tanta clareza a inutilidade de mais esse ajuntado de letras que representa, no discurso grandiloquente de seus líderes, "o espaço adequado para reafirmar a identidade da América Latina e do Caribe, sua história comum e suas lutas contínuas pela justiça e pela liberdade".
O caminho até a Celac foi palmilhado, nesta década, por siglas criadas para dar forma à ideia de integração latino-americana sem a presença dos Estados Unidos, o grande inimigo ideológico a ser combatido. Temos, assim, a Comunidade Sul-Americana de Nações (Casa), que foi rebatizada de União de Nações Sul-Americanas (Unasul), e a Alternativa Bolivariana para as Américas, que depois se tornou a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba).
A Celac é, ela mesma, uma espécie de antípoda da Organização dos Estados Americanos (OEA), que, na visão dos bolivarianos, é submissa aos interesses dos Estados Unidos. Tanto é assim que o falecido caudilho Hugo Chávez, idealizador da Celac, queria que ela se chamasse Organização dos Estados Latino-Americanos.
Embora a verborragia vazia das declarações oficiais aborde uma ampla série de temas, como o "reconhecimento do papel dos povos indígenas no desenvolvimento econômico" e o "risco do aquecimento global para os países pobres", a Celac existe apenas para incluir Cuba - que, como se sabe, só poderá voltar à OEA se deixar de ser uma ditadura.
O isolamento cubano, que inspirou a formação da Celac, já nem é tão grande. A aproximação não se resume à relação calorosa de Cuba com a Venezuela, que substituiu a União Soviética como financiadora oficial do regime castrista. Diversos outros países fazem atualmente bons negócios em Cuba, a começar pelo Brasil, e a União Europeia vem há tempos negociando com Havana. O bloqueio americano à ilha, usado como pretexto pela linha-dura cubana para se manter no poder, é, de fato, anacrônico.
Mas o que se pretende com a Celac, e isso ficou claro nessa última cúpula, realizada justamente em Havana, é legitimar a ditadura cubana. Não é à toa que a declaração final principia enfatizando que deve haver respeito "ao direito soberano de cada um de nossos povos para escolher sua forma de organização política e econômica". É uma clara renúncia à imposição de qualquer forma de cláusula democrática, como a que aparece no conjunto de normas da OEA e que pune países nos quais não vigora o "respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais" e o "acesso ao poder e seu exercício com sujeição ao Estado de Direito", além do "regime pluralista de partidos e organizações políticas" e a "separação e independência dos poderes públicos". É a descrição de tudo o que não há em Cuba - cujo regime mandou prender uma centena de dissidentes às vésperas da realização da cúpula da Celac.
Para não dizer que foi totalmente improdutivo, o desfile das guayaberas teve alguma utilidade ao menos para a Venezuela. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou que a Celac vai ajudar o país a enfrentar a escassez de diversos produtos, fruto da política econômica suicida praticada pelo chavismo. "Não vão nos chantagear. Estamos rompendo amarras com todos e estamos criando novos fornecedores em países aliados estratégicos", discursou Maduro.
A presidente Dilma Rousseff prestigiou essa farsa, com direito ao manjado beija-mão com Fidel Castro e a um discurso em que elevou Cuba à categoria de grande parceiro comercial - apesar dos apagões, da infraestrutura arruinada e da escassez de quase tudo. Dá-se preferência, assim, apenas à satisfação de compromissos ideológicos, destituídos de qualquer resultado positivo - enquanto iniciativas regionais com verdadeiro potencial, como o Mercosul, padecem há anos de picuinhas e desinteresse.
O Estado de S.Paulo
Dos 83 parágrafos da declaração final da 2.ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), não há rigorosamente nenhum que justifique a realização do encontro - salvo, talvez, o 80.º, em que se anuncia a data do próximo. Poucos documentos resumem com tanta clareza a inutilidade de mais esse ajuntado de letras que representa, no discurso grandiloquente de seus líderes, "o espaço adequado para reafirmar a identidade da América Latina e do Caribe, sua história comum e suas lutas contínuas pela justiça e pela liberdade".
O caminho até a Celac foi palmilhado, nesta década, por siglas criadas para dar forma à ideia de integração latino-americana sem a presença dos Estados Unidos, o grande inimigo ideológico a ser combatido. Temos, assim, a Comunidade Sul-Americana de Nações (Casa), que foi rebatizada de União de Nações Sul-Americanas (Unasul), e a Alternativa Bolivariana para as Américas, que depois se tornou a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba).
A Celac é, ela mesma, uma espécie de antípoda da Organização dos Estados Americanos (OEA), que, na visão dos bolivarianos, é submissa aos interesses dos Estados Unidos. Tanto é assim que o falecido caudilho Hugo Chávez, idealizador da Celac, queria que ela se chamasse Organização dos Estados Latino-Americanos.
Embora a verborragia vazia das declarações oficiais aborde uma ampla série de temas, como o "reconhecimento do papel dos povos indígenas no desenvolvimento econômico" e o "risco do aquecimento global para os países pobres", a Celac existe apenas para incluir Cuba - que, como se sabe, só poderá voltar à OEA se deixar de ser uma ditadura.
O isolamento cubano, que inspirou a formação da Celac, já nem é tão grande. A aproximação não se resume à relação calorosa de Cuba com a Venezuela, que substituiu a União Soviética como financiadora oficial do regime castrista. Diversos outros países fazem atualmente bons negócios em Cuba, a começar pelo Brasil, e a União Europeia vem há tempos negociando com Havana. O bloqueio americano à ilha, usado como pretexto pela linha-dura cubana para se manter no poder, é, de fato, anacrônico.
Mas o que se pretende com a Celac, e isso ficou claro nessa última cúpula, realizada justamente em Havana, é legitimar a ditadura cubana. Não é à toa que a declaração final principia enfatizando que deve haver respeito "ao direito soberano de cada um de nossos povos para escolher sua forma de organização política e econômica". É uma clara renúncia à imposição de qualquer forma de cláusula democrática, como a que aparece no conjunto de normas da OEA e que pune países nos quais não vigora o "respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais" e o "acesso ao poder e seu exercício com sujeição ao Estado de Direito", além do "regime pluralista de partidos e organizações políticas" e a "separação e independência dos poderes públicos". É a descrição de tudo o que não há em Cuba - cujo regime mandou prender uma centena de dissidentes às vésperas da realização da cúpula da Celac.
Para não dizer que foi totalmente improdutivo, o desfile das guayaberas teve alguma utilidade ao menos para a Venezuela. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou que a Celac vai ajudar o país a enfrentar a escassez de diversos produtos, fruto da política econômica suicida praticada pelo chavismo. "Não vão nos chantagear. Estamos rompendo amarras com todos e estamos criando novos fornecedores em países aliados estratégicos", discursou Maduro.
A presidente Dilma Rousseff prestigiou essa farsa, com direito ao manjado beija-mão com Fidel Castro e a um discurso em que elevou Cuba à categoria de grande parceiro comercial - apesar dos apagões, da infraestrutura arruinada e da escassez de quase tudo. Dá-se preferência, assim, apenas à satisfação de compromissos ideológicos, destituídos de qualquer resultado positivo - enquanto iniciativas regionais com verdadeiro potencial, como o Mercosul, padecem há anos de picuinhas e desinteresse.
Aprender a aprender
Celso Ming - O Estado de S.Paulo
Mais relevante do que a nova queda no desemprego, desta vez para o nível recorde de 4,3% da população ativa, é a informação de que a participação dos trabalhadores na indústria em 2013 caiu para 15,8%. Dez anos antes, eram 17,6%. (Nesse segmento estão incluídos também os empregados na indústria extrativa, distribuição de eletricidade, água e gás.)
Isso poderia ser tomado como mais uma indicação de desindustrialização. É mais consequência do forte crescimento do setor de serviços, que hoje pesa quase 70% no PIB. Em 2003, o subsetor de serviços prestados às empresas (mais aluguéis, atividades imobiliárias e intermediação financeira) empregava 13,4% da mão de obra. Hoje já são 16,2%.
O principal recado passado por essas estatísticas é o de que a indústria de transformação e também os sindicatos dos trabalhadores da área estão perdendo a capacidade de pressão, na proporção em que o setor de serviços vai absorvendo cada vez mais a força de trabalho: "A Volks vai dispensar 4 mil antes ocupados com a linha de montagem da Kombi? Ora, não é uma tragédia. O resto da economia absorverá essa gente...".
Além disso, o mais baixo índice de desocupação da série histórica do IBGE reafirma o diagnóstico do Banco Central de que o mercado de trabalho continua atuando como importante fator de aumento de custos para o setor produtivo e, nessas condições, de foco de inflação.
Economistas se perguntam o que pode ser feito para aumentar a produtividade do trabalho. As soluções definitivas são de longo prazo: implicam melhoria no nível da educação e do treinamento.
Mas há um fator cujo resultado vem sendo pouco avaliado, que é o emprego crescente de Tecnologia da Informação, com sua enorme bateria de recursos, que começa no chip, passa pelos grandes sistemas operacionais e alcança hoje a impressão em terceira dimensão (3D).
A simples transmissão de informações instantâneas dispensa recursos de todos os níveis: instalações, máquinas, almoxarifados, estoques, capital de giro e, inclusive, mão de obra. Mas são recursos que encurtam os prazos, reduzem os erros e facilitam o planejamento.
Com mais Tecnologia da Informação à sua disposição, a mão de obra, mesmo a não especializada, se torna mais eficiente e, portanto, mais produtiva. O caixa do supermercado ou o auxiliar de funilaria podem ser hoje muito mais eficientes do que trabalhadores de sua idade há apenas dez anos.
Na última terça-feira, em artigo no Estadão, o especialista em Economia do Trabalho José Pastore advertiu para impressionantes mudanças no setor de logística que começam a surgir com o emprego intensivo de drones (pequenos aviões teledirigidos) na distribuição. Em Israel, leituras automáticas a distância de consumo de água e eletricidade são feitas há anos por meio de drones.
É claro, o aumento da produtividade da mão de obra depende substancialmente da qualidade da educação e do ensino. No entanto, essas novidades sugerem que, mais do que simplesmente enfiar informações na cabeça das pessoas, o maior desafio consiste em levar a população a aprender a aprender.
Celso Ming - O Estado de S.Paulo
Mais relevante do que a nova queda no desemprego, desta vez para o nível recorde de 4,3% da população ativa, é a informação de que a participação dos trabalhadores na indústria em 2013 caiu para 15,8%. Dez anos antes, eram 17,6%. (Nesse segmento estão incluídos também os empregados na indústria extrativa, distribuição de eletricidade, água e gás.)
Isso poderia ser tomado como mais uma indicação de desindustrialização. É mais consequência do forte crescimento do setor de serviços, que hoje pesa quase 70% no PIB. Em 2003, o subsetor de serviços prestados às empresas (mais aluguéis, atividades imobiliárias e intermediação financeira) empregava 13,4% da mão de obra. Hoje já são 16,2%.
O principal recado passado por essas estatísticas é o de que a indústria de transformação e também os sindicatos dos trabalhadores da área estão perdendo a capacidade de pressão, na proporção em que o setor de serviços vai absorvendo cada vez mais a força de trabalho: "A Volks vai dispensar 4 mil antes ocupados com a linha de montagem da Kombi? Ora, não é uma tragédia. O resto da economia absorverá essa gente...".
Além disso, o mais baixo índice de desocupação da série histórica do IBGE reafirma o diagnóstico do Banco Central de que o mercado de trabalho continua atuando como importante fator de aumento de custos para o setor produtivo e, nessas condições, de foco de inflação.
Economistas se perguntam o que pode ser feito para aumentar a produtividade do trabalho. As soluções definitivas são de longo prazo: implicam melhoria no nível da educação e do treinamento.
Mas há um fator cujo resultado vem sendo pouco avaliado, que é o emprego crescente de Tecnologia da Informação, com sua enorme bateria de recursos, que começa no chip, passa pelos grandes sistemas operacionais e alcança hoje a impressão em terceira dimensão (3D).
A simples transmissão de informações instantâneas dispensa recursos de todos os níveis: instalações, máquinas, almoxarifados, estoques, capital de giro e, inclusive, mão de obra. Mas são recursos que encurtam os prazos, reduzem os erros e facilitam o planejamento.
Com mais Tecnologia da Informação à sua disposição, a mão de obra, mesmo a não especializada, se torna mais eficiente e, portanto, mais produtiva. O caixa do supermercado ou o auxiliar de funilaria podem ser hoje muito mais eficientes do que trabalhadores de sua idade há apenas dez anos.
Na última terça-feira, em artigo no Estadão, o especialista em Economia do Trabalho José Pastore advertiu para impressionantes mudanças no setor de logística que começam a surgir com o emprego intensivo de drones (pequenos aviões teledirigidos) na distribuição. Em Israel, leituras automáticas a distância de consumo de água e eletricidade são feitas há anos por meio de drones.
É claro, o aumento da produtividade da mão de obra depende substancialmente da qualidade da educação e do ensino. No entanto, essas novidades sugerem que, mais do que simplesmente enfiar informações na cabeça das pessoas, o maior desafio consiste em levar a população a aprender a aprender.
O segundo lance do Fed
O Estado de S.Paulo
Depois de uma semana de tensão nos mercados financeiros e cambiais, uma surpresa positiva: o dólar caiu no Brasil, apesar da nova redução dos estímulos monetários nos Estados Unidos, anunciada no dia anterior. A injeção de dinheiro para reanimar a economia americana passará de US$ 75 bilhões para US$ 65 bilhões em fevereiro. Será o segundo corte de US$ 10 bilhões, no intervalo de um mês. O dólar continuou em alta em alguns mercados e caiu em outros, enquanto as ações se valorizavam nas principais bolsas do Ocidente. Na Argentina, um dos países mais vulneráveis à mudança da política monetária americana, o dólar ficou estável no mercado oficial, cotado a 8,01 pesos por dólar, enquanto se observava uma depreciação moderada no paralelo. Segundo analistas, em todo o mundo houve realização de lucros, depois da grande especulação cambial dos dias anteriores, e também alguma acomodação.
No caso do Brasil, a disputa pela fixação da taxa final de câmbio do mês também ajudou a derrubar a cotação da moeda americana. De toda forma, continuam no horizonte os riscos associados à redução gradual da emissão de dólares. Os financiamentos já se tornaram mais escassos e tanto as empresas quanto os governos terão de se adaptar às novas condições internacionais de crédito e de investimento.
Nenhum cronograma foi anunciado pelo Federal Reserve (Fed) para a alteração de sua política. O ritmo dependerá das informações coletadas entre as reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto, responsável pela estratégia monetária. Por enquanto, as informações indicam recuperação firme da economia americana e a redução do desemprego.
No ano passado o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu 1,9%, segundo cálculo divulgado com a estimativa preliminar da atividade no quarto trimestre. Entre o terceiro e o último trimestre de 2013 a produção aumentou em ritmo equivalente a 3,2% ao ano. Houve uma certa desaceleração, mas o resultado é bom e tem sido sustentado tanto pelo consumo das famílias quanto pelo investimento privado. Mas os novos números ainda serão revistos com base em informações mais amplas.
O crescimento da maior economia do mundo prenuncia novas oportunidades para negócios internacionais, mas nem todos os países - e isso inclui o Brasil - estão preparados para aproveitá-las. Além do mais, a normalização da política monetária americana, com diminuição dos incentivos e, mais tarde, uma elevação dos juros, já afeta os mercados e impõe desafios a economias desenvolvidas e em desenvolvimento.
A desaceleração da economia chinesa também complica o cenário, principalmente para os parceiros muito dependentes - também é o caso do Brasil - das vendas de produtos básicos.
Ninguém pode acusar os dirigentes do banco central americano de ter agido de surpresa. Em maio de 2013 todos sabiam do plano. Houve muita especulação, enquanto se esperava o início dos cortes. A palavra tapering, usada para indicar a diminuição progressiva das injeções de dólares, tornou-se corrente nos mercados. As mudanças nas condições de financiamento - crédito mais seletivo e preferência mais acentuada por ativos em dólares - começaram bem antes da execução da nova política. Os governos tiveram tempo razoável para se preparar.
No Brasil, só o Banco Central mudou de orientação, mas a motivação inicial para a alta de juros foi a piora considerável da inflação. Com o início efetivo do tapering, será arriscado evitar uma nova elevação da taxa básica. Vários outros bancos centrais, incluídos os da Turquia e da Índia, aumentaram os juros, nos últimos dias, para conter a fuga de dólares e a depreciação de suas moedas.
O Executivo brasileiro nada fez para melhorar suas contas e para reduzir mais prontamente as vulnerabilidades do País. O recém-divulgado superávit primário do governo central, de R$ 77,07 bilhões em 2013, foi menor que o do ano anterior. As perspectivas de crescimento econômico permanecem ruins, assim como as das contas externas. Mesmo sem tapering o Brasil estaria muito mal na foto.
O Estado de S.Paulo
Depois de uma semana de tensão nos mercados financeiros e cambiais, uma surpresa positiva: o dólar caiu no Brasil, apesar da nova redução dos estímulos monetários nos Estados Unidos, anunciada no dia anterior. A injeção de dinheiro para reanimar a economia americana passará de US$ 75 bilhões para US$ 65 bilhões em fevereiro. Será o segundo corte de US$ 10 bilhões, no intervalo de um mês. O dólar continuou em alta em alguns mercados e caiu em outros, enquanto as ações se valorizavam nas principais bolsas do Ocidente. Na Argentina, um dos países mais vulneráveis à mudança da política monetária americana, o dólar ficou estável no mercado oficial, cotado a 8,01 pesos por dólar, enquanto se observava uma depreciação moderada no paralelo. Segundo analistas, em todo o mundo houve realização de lucros, depois da grande especulação cambial dos dias anteriores, e também alguma acomodação.
No caso do Brasil, a disputa pela fixação da taxa final de câmbio do mês também ajudou a derrubar a cotação da moeda americana. De toda forma, continuam no horizonte os riscos associados à redução gradual da emissão de dólares. Os financiamentos já se tornaram mais escassos e tanto as empresas quanto os governos terão de se adaptar às novas condições internacionais de crédito e de investimento.
Nenhum cronograma foi anunciado pelo Federal Reserve (Fed) para a alteração de sua política. O ritmo dependerá das informações coletadas entre as reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto, responsável pela estratégia monetária. Por enquanto, as informações indicam recuperação firme da economia americana e a redução do desemprego.
No ano passado o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu 1,9%, segundo cálculo divulgado com a estimativa preliminar da atividade no quarto trimestre. Entre o terceiro e o último trimestre de 2013 a produção aumentou em ritmo equivalente a 3,2% ao ano. Houve uma certa desaceleração, mas o resultado é bom e tem sido sustentado tanto pelo consumo das famílias quanto pelo investimento privado. Mas os novos números ainda serão revistos com base em informações mais amplas.
O crescimento da maior economia do mundo prenuncia novas oportunidades para negócios internacionais, mas nem todos os países - e isso inclui o Brasil - estão preparados para aproveitá-las. Além do mais, a normalização da política monetária americana, com diminuição dos incentivos e, mais tarde, uma elevação dos juros, já afeta os mercados e impõe desafios a economias desenvolvidas e em desenvolvimento.
A desaceleração da economia chinesa também complica o cenário, principalmente para os parceiros muito dependentes - também é o caso do Brasil - das vendas de produtos básicos.
Ninguém pode acusar os dirigentes do banco central americano de ter agido de surpresa. Em maio de 2013 todos sabiam do plano. Houve muita especulação, enquanto se esperava o início dos cortes. A palavra tapering, usada para indicar a diminuição progressiva das injeções de dólares, tornou-se corrente nos mercados. As mudanças nas condições de financiamento - crédito mais seletivo e preferência mais acentuada por ativos em dólares - começaram bem antes da execução da nova política. Os governos tiveram tempo razoável para se preparar.
No Brasil, só o Banco Central mudou de orientação, mas a motivação inicial para a alta de juros foi a piora considerável da inflação. Com o início efetivo do tapering, será arriscado evitar uma nova elevação da taxa básica. Vários outros bancos centrais, incluídos os da Turquia e da Índia, aumentaram os juros, nos últimos dias, para conter a fuga de dólares e a depreciação de suas moedas.
O Executivo brasileiro nada fez para melhorar suas contas e para reduzir mais prontamente as vulnerabilidades do País. O recém-divulgado superávit primário do governo central, de R$ 77,07 bilhões em 2013, foi menor que o do ano anterior. As perspectivas de crescimento econômico permanecem ruins, assim como as das contas externas. Mesmo sem tapering o Brasil estaria muito mal na foto.
Defesas atuais dificultam repetir colapsos do passado
José Paulo Kupfer - O Estado de S.Paulo
Sempre que os mercados de câmbio entram em períodos de turbulência, especialmente quando as chacoalhadas afetam economias emergentes, a lembrança das crises cambiais do passado recente ajuda a alimentar um clima de medo. Mas, desta vez, talvez seja inapropriado considerar que a volatilidade mais acentuada do momento nas cotações do dólar possa desandar em crises cambiais.
Apesar das instabilidades na Argentina, do choque de juros na Turquia e da elevação das taxas na Índia e na África do Sul, a situação atual não parece propícia a um dominó de quebras na economia global. Ainda que a fuga de recursos de mercados emergentes para os Estados Unidos já seja uma realidade incontestável, não se pode querer comparar os atuais movimentos aos colapsos cambiais da segunda metade dos anos 90.
Desde que, entre 1995 e 1998, uma sucessão de fugas de capital levou à lona as economias do México, de alguns dos então chamados "Tigres Asiáticos" e, finalmente, a Rússia, a maior parte dos países adotou regimes de câmbio flutuante, um mecanismo de ajuste mais rápido e mais eficaz contra desequilíbrios entre oferta e demanda de moeda.
Além disso, diferentemente daqueles tempos, são poucas as economias em que a relação déficit externo/PIB supera 5% e, pelo menos nos maiores emergentes, o volume de reservas cambiais sustenta dívidas externas proporcionalmente menores. Ações mais prontas de bancos centrais, que parecem ter aprendido com as crises anteriores, também colaboram para formar, nos dias de hoje, um quadro diferente e mais benigno.
No caso brasileiro, o que mais se pode esperar é uma repetição do ocorrido entre maio e agosto do ano passado, quando o Banco Central criou um esquema de compras programadas de dólares, mantido até agora. Momentos de alta nas cotações da moeda americana, ação direta do Banco Central no sentido de esfriar a pressão cambial e, possivelmente, novas altas das taxas de juros devem ser colocados no radar.
José Paulo Kupfer - O Estado de S.Paulo
Sempre que os mercados de câmbio entram em períodos de turbulência, especialmente quando as chacoalhadas afetam economias emergentes, a lembrança das crises cambiais do passado recente ajuda a alimentar um clima de medo. Mas, desta vez, talvez seja inapropriado considerar que a volatilidade mais acentuada do momento nas cotações do dólar possa desandar em crises cambiais.
Apesar das instabilidades na Argentina, do choque de juros na Turquia e da elevação das taxas na Índia e na África do Sul, a situação atual não parece propícia a um dominó de quebras na economia global. Ainda que a fuga de recursos de mercados emergentes para os Estados Unidos já seja uma realidade incontestável, não se pode querer comparar os atuais movimentos aos colapsos cambiais da segunda metade dos anos 90.
Desde que, entre 1995 e 1998, uma sucessão de fugas de capital levou à lona as economias do México, de alguns dos então chamados "Tigres Asiáticos" e, finalmente, a Rússia, a maior parte dos países adotou regimes de câmbio flutuante, um mecanismo de ajuste mais rápido e mais eficaz contra desequilíbrios entre oferta e demanda de moeda.
Além disso, diferentemente daqueles tempos, são poucas as economias em que a relação déficit externo/PIB supera 5% e, pelo menos nos maiores emergentes, o volume de reservas cambiais sustenta dívidas externas proporcionalmente menores. Ações mais prontas de bancos centrais, que parecem ter aprendido com as crises anteriores, também colaboram para formar, nos dias de hoje, um quadro diferente e mais benigno.
No caso brasileiro, o que mais se pode esperar é uma repetição do ocorrido entre maio e agosto do ano passado, quando o Banco Central criou um esquema de compras programadas de dólares, mantido até agora. Momentos de alta nas cotações da moeda americana, ação direta do Banco Central no sentido de esfriar a pressão cambial e, possivelmente, novas altas das taxas de juros devem ser colocados no radar.
América Latina terá turbulência pela frente, afirma FMI
Para diretor do Fundo, Brasil precisa melhorar sua política fiscal para crescer
Apesar da estimativa de uma pequena aceleração no crescimento na região --de 2,6% em 2013 para 3% em 2014--, o Fundo afirma que os investidores podem começar a abandonar os mercados mais vulneráveis se eles não se protegerem a tempo.
Segundo o diretor do FMI para a América Latina, Alejandro Werner, é melhor os governos da América Latina e do Caribe "não relaxarem por enquanto".
O primeiro risco para a região é a decisão do Fed (banco central americano), anunciada anteontem, de seguir cortando seu programa de estímulos em razão de um avanço da economia americana.
Apesar do argumento do Fed de que uma economia mais sólida nos EUA beneficia os emergentes, Werner afirma que o impacto positivo ficaria restrito a México --que deve ser um dos destaques neste ano e se expandir 3%, acima do 1,2% de 2013-- e países da América Central.
Para ele, o Brasil e o resto da América do Sul veriam menos benefícios imediatos da recuperação americana.
Outro risco seria a queda na demanda por matéria-prima desses países, considerando, especialmente, a suave desaceleração da China, seu grande importador.
"As perspectivas de crescimento da China são particularmente importantes para os países exportadores da América Latina", disse o diretor.
Para Werner, o Brasil não está imune à volatilidade dos demais emergentes, mas suas perspectivas dependerão mais das "condições internas", como a recuperação do crescimento a médio prazo.
Segundo o FMI, o país, que tem um crescimento de 2,3% previsto para este ano, precisa melhorar sua política fiscal para crescer e combater gargalos na infraestrutura.
"O Brasil está correndo contra restrições da oferta que estão limitando a expansão do produto e empurrando para cima a inflação."
ARGENTINA E VENEZUELA
Os casos de Argentina e Venezuela são considerados "menos favoráveis".
"Na Argentina e na Venezuela, começaram a surgir, em 2013, pressões sobre inflação, balanço de pagamentos e câmbio. As pressões estão afetando negativamente a confiança e a oferta agregada."
O FMI, porém, não mostra preocupação com os efeitos da turbulência na Argentina entre os vizinhos. Segundo Werner, a relação comercial entre os países da região não está mais tão conectada e nações menores como Uruguai e Paraguai já estão mais preparadas contra o "contágio" por terem diversificado seus parceiros comerciais.
Para diretor do Fundo, Brasil precisa melhorar sua política fiscal para crescer
ISABEL FLECK - FSP
Diante de um cenário de volatilidade entre os mercados emergentes, o FMI
(Fundo Monetário Internacional) prevê um período de "turbulência" para a
América Latina nos próximos meses.
Apesar da estimativa de uma pequena aceleração no crescimento na região --de 2,6% em 2013 para 3% em 2014--, o Fundo afirma que os investidores podem começar a abandonar os mercados mais vulneráveis se eles não se protegerem a tempo.
Segundo o diretor do FMI para a América Latina, Alejandro Werner, é melhor os governos da América Latina e do Caribe "não relaxarem por enquanto".
O primeiro risco para a região é a decisão do Fed (banco central americano), anunciada anteontem, de seguir cortando seu programa de estímulos em razão de um avanço da economia americana.
Apesar do argumento do Fed de que uma economia mais sólida nos EUA beneficia os emergentes, Werner afirma que o impacto positivo ficaria restrito a México --que deve ser um dos destaques neste ano e se expandir 3%, acima do 1,2% de 2013-- e países da América Central.
Para ele, o Brasil e o resto da América do Sul veriam menos benefícios imediatos da recuperação americana.
Outro risco seria a queda na demanda por matéria-prima desses países, considerando, especialmente, a suave desaceleração da China, seu grande importador.
"As perspectivas de crescimento da China são particularmente importantes para os países exportadores da América Latina", disse o diretor.
Para Werner, o Brasil não está imune à volatilidade dos demais emergentes, mas suas perspectivas dependerão mais das "condições internas", como a recuperação do crescimento a médio prazo.
Segundo o FMI, o país, que tem um crescimento de 2,3% previsto para este ano, precisa melhorar sua política fiscal para crescer e combater gargalos na infraestrutura.
"O Brasil está correndo contra restrições da oferta que estão limitando a expansão do produto e empurrando para cima a inflação."
ARGENTINA E VENEZUELA
Os casos de Argentina e Venezuela são considerados "menos favoráveis".
"Na Argentina e na Venezuela, começaram a surgir, em 2013, pressões sobre inflação, balanço de pagamentos e câmbio. As pressões estão afetando negativamente a confiança e a oferta agregada."
O FMI, porém, não mostra preocupação com os efeitos da turbulência na Argentina entre os vizinhos. Segundo Werner, a relação comercial entre os países da região não está mais tão conectada e nações menores como Uruguai e Paraguai já estão mais preparadas contra o "contágio" por terem diversificado seus parceiros comerciais.
EUA crescem e preocupam emergentes
Dado preliminar do PIB de 2013 reforça apostas de que país 'roubará' investimentos dos mercados em desenvolvimento
Presidente do banco central da Índia cobra cooperação externa dos países ricos com os emergentes
CAROLINA MATOS/ANDERSON FIGO - FSP
O crescimento dos EUA em 2013, divulgado ontem, foi mais um fator para o clima de crise que paira sobre os países emergentes.
A expansão de 1,9% do PIB no ano passado --dados preliminares--, que ficou de acordo com as estimativas, reforçou a percepção de que os estímulos à economia dos EUA sofrerão novos cortes até terminar no fim deste ano.
Considerando apenas o segundo semestre, o crescimento foi de 3,7% --o maior para o período desde 2003 (5,8%).
A informação favoreceu as Bolsas de Nova York --o índice Dow Jones terminou o dia em alta de 0,70%, e o S&P 500, de 1,13% --, mas não os mercados emergentes.
Com menor injeção de recursos na economia americana --o incentivo foi reduzido mais uma vez anteontem--, diminui o dinheiro disponível para investimentos em outros países.
Além disso, com a retomada, os EUA voltam a ser mais atraentes aos investidores em detrimento de mercados considerados de maior risco.
No Brasil, o Ibovespa, principal índice da Bolsa, caiu 0,66%, para 47.244 pontos --menor nível em seis meses.
O preço do dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve um alívio depois de sete sessões seguidas de alta, fechando em baixa de 0,94%, a R$ 2,412, mas ainda sobe 2,16% no ano.
Das 24 moedas emergentes mais negociadas, 13 encerraram os negócios em queda ontem na comparação com o dólar, e, em 2014 até agora, todas caem.
"COOPERAÇÃO"
Nesse cenário, o presidente do banco central da Índia, Raghuram Rajan, cobrou cooperação dos países ricos com os em desenvolvimento, destacando que esses mercados ajudaram a tirar o mundo da crise de 2008.
Ontem, os governos da Índia e da Rússia disseram que vão continuar atuando para manter a estabilidade das suas economias.
A Índia não detalhou as ações e a Rússia informou que vai interferir mais no câmbio para conter a queda do rublo ante o dólar. Neste ano, a baixa é de 5,57%.
Índia, Turquia e África do Sul elevaram suas taxas de juros nesta semana para tentar conter a saída em massa de recursos estrangeiros.
Para economistas consultados pela Folha, as ações dos países emergentes são tardias e paliativas.
Mas André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos afirma que, quanto ao Brasil, "não há motivo para pânico e a reação dos mercados tem sido exagerada".
A avaliação de interlocutores do governo é que, por enquanto, a instabilidade está sendo sustentada por uma percepção de que poderia haver uma reversão rápida no crescimento da China, o que poderia ter impacto no desempenho econômico do resto do mundo.
Porém a aposta desses interlocutores é que essa desaceleração mais acentuada da economia chinesa não virá.
Para a equipe econômica, o sistema de financiamento de empresas na China, que sofreu com um recente calote, não será um "novo Lehman Brothers" --um dos maiores bancos dos EUA que quebrou e desencadeou a crise financeira global de 2008, afundando a economia americana e boa parte do mundo.
Nos bastidores, argumenta-se ainda que foi extremamente positiva, e sem surpresas, a decisão do banco central dos Estados Unidos de reduzir de US$ 75 bilhões para US$ 65 bilhões a injeção mensal de dinheiro na economia americana.
O discurso oficial insiste na tese de que o Brasil está bem preparado para as mudanças no cenário global.
O argumento é o de que as reservas internacionais no patamar de US$ 375 bilhões dão munição ao BC para conter um maior estresse no mercado cambial, e a dívida de curto prazo é bem menor do que no passado.
O risco de que a volatilidade se alongue muito, o que poderia afetar o crescimento mundial, com repercussões no nível de atividade da economia brasileira, é considerado "muito pequeno".
Interlocutores da área econômica afirmam que, numa eventual crise, os emergentes sofrerão impactos diferentes entre si e terão respostas diversas a esses impactos.
Por ora, as previsões no Ministério da Fazenda para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) seguem imóveis: aproximadamente 2,5% se o pior acontecer. Ou seja: a volatilidade se prolongar.
Integrantes do Executivo não apostam ainda em uma alta mais acelerada da Selic, como tem ocorrido entre emergentes. A avaliação é que o Brasil já estava nesse caminho antes mesmo do recente estresse.
Dado preliminar do PIB de 2013 reforça apostas de que país 'roubará' investimentos dos mercados em desenvolvimento
Presidente do banco central da Índia cobra cooperação externa dos países ricos com os emergentes
CAROLINA MATOS/ANDERSON FIGO - FSP
O crescimento dos EUA em 2013, divulgado ontem, foi mais um fator para o clima de crise que paira sobre os países emergentes.
A expansão de 1,9% do PIB no ano passado --dados preliminares--, que ficou de acordo com as estimativas, reforçou a percepção de que os estímulos à economia dos EUA sofrerão novos cortes até terminar no fim deste ano.
Considerando apenas o segundo semestre, o crescimento foi de 3,7% --o maior para o período desde 2003 (5,8%).
A informação favoreceu as Bolsas de Nova York --o índice Dow Jones terminou o dia em alta de 0,70%, e o S&P 500, de 1,13% --, mas não os mercados emergentes.
Com menor injeção de recursos na economia americana --o incentivo foi reduzido mais uma vez anteontem--, diminui o dinheiro disponível para investimentos em outros países.
Além disso, com a retomada, os EUA voltam a ser mais atraentes aos investidores em detrimento de mercados considerados de maior risco.
No Brasil, o Ibovespa, principal índice da Bolsa, caiu 0,66%, para 47.244 pontos --menor nível em seis meses.
O preço do dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve um alívio depois de sete sessões seguidas de alta, fechando em baixa de 0,94%, a R$ 2,412, mas ainda sobe 2,16% no ano.
Das 24 moedas emergentes mais negociadas, 13 encerraram os negócios em queda ontem na comparação com o dólar, e, em 2014 até agora, todas caem.
"COOPERAÇÃO"
Nesse cenário, o presidente do banco central da Índia, Raghuram Rajan, cobrou cooperação dos países ricos com os em desenvolvimento, destacando que esses mercados ajudaram a tirar o mundo da crise de 2008.
Ontem, os governos da Índia e da Rússia disseram que vão continuar atuando para manter a estabilidade das suas economias.
A Índia não detalhou as ações e a Rússia informou que vai interferir mais no câmbio para conter a queda do rublo ante o dólar. Neste ano, a baixa é de 5,57%.
Índia, Turquia e África do Sul elevaram suas taxas de juros nesta semana para tentar conter a saída em massa de recursos estrangeiros.
Para economistas consultados pela Folha, as ações dos países emergentes são tardias e paliativas.
Mas André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos afirma que, quanto ao Brasil, "não há motivo para pânico e a reação dos mercados tem sido exagerada".
No Brasil, governo avalia crise como "transitória"
SHEILA D'AMORIM/NATUZA NERY - FSP
Apesar do alerta com o estresse financeiro dos últimos dias, que abalou a
confiança dos investidores nas economias emergentes como o Brasil, a
equipe econômica acredita que os movimentos dos mercados refletem muito
mais uma "volatilidade passageira" do que "uma crise".
SHEILA D'AMORIM/NATUZA NERY - FSP
A avaliação de interlocutores do governo é que, por enquanto, a instabilidade está sendo sustentada por uma percepção de que poderia haver uma reversão rápida no crescimento da China, o que poderia ter impacto no desempenho econômico do resto do mundo.
Porém a aposta desses interlocutores é que essa desaceleração mais acentuada da economia chinesa não virá.
Para a equipe econômica, o sistema de financiamento de empresas na China, que sofreu com um recente calote, não será um "novo Lehman Brothers" --um dos maiores bancos dos EUA que quebrou e desencadeou a crise financeira global de 2008, afundando a economia americana e boa parte do mundo.
Nos bastidores, argumenta-se ainda que foi extremamente positiva, e sem surpresas, a decisão do banco central dos Estados Unidos de reduzir de US$ 75 bilhões para US$ 65 bilhões a injeção mensal de dinheiro na economia americana.
O discurso oficial insiste na tese de que o Brasil está bem preparado para as mudanças no cenário global.
O argumento é o de que as reservas internacionais no patamar de US$ 375 bilhões dão munição ao BC para conter um maior estresse no mercado cambial, e a dívida de curto prazo é bem menor do que no passado.
O risco de que a volatilidade se alongue muito, o que poderia afetar o crescimento mundial, com repercussões no nível de atividade da economia brasileira, é considerado "muito pequeno".
Interlocutores da área econômica afirmam que, numa eventual crise, os emergentes sofrerão impactos diferentes entre si e terão respostas diversas a esses impactos.
Por ora, as previsões no Ministério da Fazenda para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) seguem imóveis: aproximadamente 2,5% se o pior acontecer. Ou seja: a volatilidade se prolongar.
Integrantes do Executivo não apostam ainda em uma alta mais acelerada da Selic, como tem ocorrido entre emergentes. A avaliação é que o Brasil já estava nesse caminho antes mesmo do recente estresse.
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