Rodrigo Constantino - VEJA
A
nova linha de defesa de alguns economistas e empresários mais alinhados
ao governo é repetir que o Brasil não vai tão mal quanto alguns dizem,
nem estava tão bem quanto o governo achava. Ou seja, havia excesso de
otimismo antes, mas agora há excesso de pessimismo.
Não concordo. Ao menos com a segunda
parte. O pessimismo de hoje é totalmente calcado em fatos da realidade.
Não quer dizer, claro, que estamos na iminência de uma catástrofe – nem
creio que seja esta a mensagem geral dos críticos. Mas se nada mudar,
teremos sérios problemas à frente.
O mais revoltante, para esses que sabiam
do inevitável fracasso do modelo nacional-desenvolvimentista do governo
Dilma, é o custo de oportunidade. Raramente as pessoas levam isso em
conta. Como dizia o economista francês Bastiat (1801-1850), há aquilo
que se vê e aquilo que não se vê. O bom economista deve estar atento a
esse segundo ponto, ignorado pelos mais míopes.
Pois bem: o resultado da gestão
incompetente e equivocada de Dilma está aí, um crescimento medíocre com
alta inflação. O Brasil cresceu 2% ao ano desde que ela assumiu o poder.
Alguns acham razoável, ou ao menos não tão desesperador assim. Cabe
perguntar: quanto poderia ter sido?
Cada país é diferente, lógico, mas
podemos comparar com o crescimento de nossos vizinhos mais responsáveis.
Falo da Aliança do Pacífico, o grupo de países que evitou as armadilhas
bolivarianas, não quis saber de camisas de força ideológicas como o
Mercosul, e partiu para políticas mais liberais na margem.
Eis o resultado, apenas no período em que Dilma está no comando do país:
Enquanto esses países cresceram, na
média, quase 5% ao ano (mesmo incorporando o México, o menos dinâmico
deles), o Brasil ficou nesse patamar medíocre de 2%. Com um pouco mais
de sabedoria, rejeitando-se o modelo nacional-desenvolvimentista,
mantendo a inflação no centro da meta com um banco central independente,
nossa economia poderia ter crescido facilmente o dobro nesse período.
Vejam que nem levei em conta reformas
estruturais ou algo do tipo. Estamos falando apenas em evitar as
armadilhas ideológicas e as lambanças de uma equipe econômica
incompetente que jogou no lixo a credibilidade institucional do governo.
Agora pergunto: quanto seria isso em termos numéricos?
Um crescimento extra de 2,9% ao ano (para
se igualar a média dos demais) daria quase 9% a mais acumulados nesses
três anos. Nosso PIB está na casa dos R$ 4,2 trilhões. Ou seja, estamos
falando de uma criação extra de riqueza na faixa dos R$ 380 bilhões!
Outra forma de ver isso: cada brasileiro teria hoje, a mais, quase R$ 2 mil. Quantos programas como o Bolsa Família essa riqueza extra poderia bancar? Uns 20 programas?
Brasileiro tem mania de ignorar o custo
de oportunidade das coisas. Não deveria. É assim que se compara,
efetivamente, o resultado obtido com aquele que poderia ter sido obtido. O governo Dilma entregou, até aqui, um resultado medíocre. Sabemos disso.
Mas o principal é quanto o país poderia
ter a mais de riqueza não fosse o plano de voo totalmente inadequado que
a presidente Dilma possui. Uma boa estimativa é essa: poderíamos ter
crescido o mesmo que a média de nossos pares latino-americanos mais
prudentes. E isso representaria uns R$ 380 bilhões extras produzidos em
nossa economia. Eis o custo real do governo Dilma para o Brasil, em
apenas 3 anos!
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