Menos exportações, menos exportadores
O Estado de S.Paulo
Que o Brasil exporta menos do que precisaria exportar - e
importa mais do que deveria importar em vista da deterioração das
contas externas - é fato inconteste, vistas as estatísticas do comércio
exterior. Em quatro semanas deste mês, o déficit comercial foi de US$
3,65 bilhões, não muito inferior ao déficit de janeiro de 2013. Além de
pressionar o câmbio e acentuar a desconfiança com a política econômica, a
fragilidade das exportações é acompanhada da diminuição do número de
exportadores, ou seja, acelera a concentração econômica num setor que se
caracteriza pelo dinamismo.
Empresas exportadoras disputam os mais vastos, complexos e
sofisticados mercados globais com países emergentes e desenvolvidos.
Tendem a se tornar, assim, empresas de ponta, aptas a oferecer, no
mercado interno, produtos com a qualidade exigida no exterior.
Entre 2007 e 2012, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior (Mdic), o número de empresas exportadoras diminuiu
de 20,8 mil para 18,8 mil, enquanto o de importadoras avançou de cerca
de 29 mil para 44 mil. As 250 maiores exportadoras, que representaram
71,8% do total embarcado para o exterior em 2007, agora vendem 77,8% da
produção comercializada, noticiou o jornal Valor. E entre 2012 e 2013
caiu 10% o número de empresas que exportaram mais de US$ 100 milhões
anuais. "O desempenho das commodities ajudou no aumento da concentração
das exportações", disse o presidente da Associação de Comércio Exterior
do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
Nos últimos anos, a piora da conjuntura externa, a contração do
mercado europeu e a desaceleração norte-americana empurraram as
exportações brasileiras para baixo. A concentração também cresceu porque
as grandes companhias têm melhores condições para manter as vendas
externas, em cenário adverso. Com o estímulo da desvalorização do real,
quem se manteve no mercado levou vantagem.
Com a retomada econômica de EUA e Europa, é possível que mais
empresas voltem a exportar. Mas, ao mesmo tempo, a crise argentina
complica as exportações. Trata-se do terceiro maior mercado do País, que
importou US$ 22,7 bilhões, em 2011, e US$ 19,6 bilhões, em 2013.
Não é fácil de reverter a situação do comércio exterior, maltratado
pelas ineficiências conhecidas, como a infraestrutura precária, os
tributos elevados e a falta de acordos comerciais com os países mais
dinâmicos.
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