Rodrigo Constantino - VEJA
Deu no FT (publicado no Valor): Brasil foi o grande perdedor em Davos:
O Brasil
saiu como o grande “perdedor” do encontro de Davos, a despeito das
tentativas da presidente Dilma Rousseff de resgatar a imagem do país
entre investidores estrangeiros. Já o México seria o grande “vencedor”
entre as nações participantes. A avaliação foi feita pelo blog “Beyond
Brics”, do jornal britânico “Financial Times”.
De acordo
com a publicação, “não era fácil ouvir algo de positivo sobre o Brasil”
em Davos. A falta de investimentos estruturais e o excesso da
participação do consumo no crescimento do país foram os fatores citados
para o pessimismo dos presentes com a economia brasileira.
A presidente Dilma ainda não se deu conta
de como funciona o mercado. Acredita que dá para enganar os
investidores do mundo todo só com o gogó. Acha que as mentiras que conta
por aqui, e que podem enganar parte da massa de desatentos, conseguem
iludir gestores de bilhões de dólares acostumados com todo tipo de
governante embusteiro.
Em sua coluna de hoje na Folha, o economista Alexandre Schwartsman resumiu bem a coisa:
Visto em
certos círculos como capitulação, a presidente discursou em Davos numa
tentativa de recuperar a confiança perdida pelo país junto a
investidores internacionais. Intenção louvável (ainda que tardia) à
parte, o resultado não foi dos melhores. O discurso está permeado dos
mesmos vícios que criaram o problema, a saber, autossuficiência no
limite da arrogância, assim como uma inacreditável incapacidade de
entender as críticas ao desempenho medíocre do país.
[...]
Em nenhum
momento houve reconhecimento dos erros (e não foram poucos!) de
política, os diagnósticos equivocados, a execução malfeita de projetos.
Houvesse autocrítica, certamente seria possível construir uma base para a
credibilidade acerca de rumos futuros que incorporassem a correção dos
enganos anteriores.
Assim, se
tivesse que resumir o discurso, seria algo na linha: “Estamos fazendo
tudo certo, mas vocês não reconhecem; tratem de admitir que somos
fantásticos e invistam”.
Essa postura é sinônimo de chamar os
investidores todos de otários. O tiro de Dilma saiu pela culatra. A ida a
Davos serviu apenas para todos terem certeza de que nada vai mudar.
Dilma acredita em seu modelo equivocado nacional-desenvolvimentista.
Se a maioria dos eleitores brasileiros se
der conta disso a tempo, o modelo irá mudar trocando a presidente; caso
contrário, teremos de mergulhar no caos argentino ou algo próximo disso
para que haja a noção plena de que o projeto é um fracasso.
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