domingo, 23 de fevereiro de 2014


O Planalto caiu na arapuca do PMDB
Dilma achou que podia tudo e viu que os inimigos do seu governo estão naquilo que chamam de 'base de apoio' 
Elio Gaspari - FSP
A ideia era simples: um ministro cuidaria da base de apoio, e outro lidaria com os movimentos sociais. Primeiro ferveu Gilberto Carvalho, quando os protestos de rua saíram do nada, de fora do cadastro de convênios do palácio. Depois confundiu-se o que seria um desprestígio palaciano da ministra Ideli Salvatti com uma barafunda na qual as lideranças parlamentares não se entendem entre si, nem com o Planalto.
O resultado está aí. Numa reforma ministerial de quinta categoria, sem ideia nem projeto, a doutora Dilma vê-se obrigada a cortejar o PMDB indo a jantares inúteis (se não arriscados) na casa do vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP). Enquanto isso, representantes de grandes empresas (Gerdau, Ambev, Andrade Gutierrez, OAS e até a Souza Cruz) foram a outro jantar, pluripartidário, na casa do presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN).
Ano eleitoral é assim mesmo. Empresário que gosta de jantar no Planalto vai à casa de deputado para botar medo num governo assustado. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, queixa-se dos empresários que ficam "fazendo beicinho" e propõe que se discuta "a relação". Essa é a armadilha em que caiu a doutora. A infantaria do PMDB e a intendência do empresariado entram nessas discussões seguindo o conselho de Ivana, a primeira mulher do folclórico milionário americano Donald Trump. Ela ensinou: "Não fique com raiva, fique com tudo".

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