sábado, 1 de fevereiro de 2014

O que aumenta a conta de serviços com o exterior 
O Estado de S.Paulo
Com um superávit comercial de apenas US$ 2,56 bilhões e um déficit no balanço de pagamentos de US$ 5,9 bilhões, em 2013, o Brasil não deveria se conformar com o desequilíbrio crescente na conta de serviços, de US$ 47,5 bilhões, no ano passado, que aumentou dez vezes em dez anos e corresponde a 58% do déficit de US$ 81,4 bilhões nas transações correntes, em 2013.
O Brasil tem, historicamente, déficits na conta de serviços, na qual entram itens como turismo, aluguel de equipamentos e fretes, cujos custos em geral cresceram substancialmente não só no Brasil, mas no mundo. A questão é a velocidade do crescimento do déficit na conta de serviços - e o que poderia ser feito para conter essa sangria de dólares, ainda que no médio ou no longo prazos.
Na conta de turismo, por exemplo, cujo déficit se multiplicou quatro vezes em quatro anos e atingiu US$ 18,6 bilhões em 2013, parece haver pouco a fazer. Com baixo desemprego e aumento da renda, mais brasileiros viajam para o exterior, não apenas para Buenos Aires, mas para Miami, Nova York ou Paris. A cobrança do IOF de 6,38% sobre os cartões de débito encareceu as viagens, mas parece ter servido mais para irritar os turistas do que para reduzir os gastos em dólares, tal o estímulo propiciado pela competição entre os produtos estrangeiros e os produtos locais, sujeitos à tributação escorchante.
O desequilíbrio no item aluguel de equipamentos dobrou em quatro anos, segundo o jornal Valor, atingindo US$ 19 bilhões. Formado, em especial, pelas operações de leasing (arrendamento) de aviões e plataformas de petróleo, esse déficit poderia ser reduzido, transferindo o ônus para a conta de importação de plataformas pela Petrobrás. Isso traduziria melhor a realidade das contas externas, sem embelezar a conta comercial.
O item transportes, que deixou um déficit de US$ 9,7 bilhões em 2013, também poderia ser reduzido, não fosse a política errática relativa à indústria naval e à dependência dos transportes estrangeiros.
Por maior que seja o peso do déficit de serviços, cabe reconhecer que reduzi-lo é tarefa difícil, que depende de medidas estruturais, como menos tributos e o fortalecimento dos serviços brasileiros. Mas, se no Brasil os serviços predominam cada vez mais no PIB, seria natural oferecer, por exemplo, uma estrutura melhor de turismo para atrair dólares, reduzindo esse déficit.

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