O que aumenta a conta de serviços com o exterior
O Estado de S.Paulo
Com um superávit comercial de apenas US$ 2,56 bilhões e
um déficit no balanço de pagamentos de US$ 5,9 bilhões, em 2013, o
Brasil não deveria se conformar com o desequilíbrio crescente na conta
de serviços, de US$ 47,5 bilhões, no ano passado, que aumentou dez vezes
em dez anos e corresponde a 58% do déficit de US$ 81,4 bilhões nas
transações correntes, em 2013.
O Brasil tem, historicamente, déficits na conta de serviços, na qual
entram itens como turismo, aluguel de equipamentos e fretes, cujos
custos em geral cresceram substancialmente não só no Brasil, mas no
mundo. A questão é a velocidade do crescimento do déficit na conta de
serviços - e o que poderia ser feito para conter essa sangria de
dólares, ainda que no médio ou no longo prazos.
Na conta de turismo, por exemplo, cujo déficit se multiplicou quatro
vezes em quatro anos e atingiu US$ 18,6 bilhões em 2013, parece haver
pouco a fazer. Com baixo desemprego e aumento da renda, mais brasileiros
viajam para o exterior, não apenas para Buenos Aires, mas para Miami,
Nova York ou Paris. A cobrança do IOF de 6,38% sobre os cartões de
débito encareceu as viagens, mas parece ter servido mais para irritar os
turistas do que para reduzir os gastos em dólares, tal o estímulo
propiciado pela competição entre os produtos estrangeiros e os produtos
locais, sujeitos à tributação escorchante.
O desequilíbrio no item aluguel de equipamentos dobrou em quatro
anos, segundo o jornal Valor, atingindo US$ 19 bilhões. Formado, em
especial, pelas operações de leasing (arrendamento) de aviões e
plataformas de petróleo, esse déficit poderia ser reduzido, transferindo
o ônus para a conta de importação de plataformas pela Petrobrás. Isso
traduziria melhor a realidade das contas externas, sem embelezar a conta
comercial.
O item transportes, que deixou um déficit de US$ 9,7 bilhões em 2013,
também poderia ser reduzido, não fosse a política errática relativa à
indústria naval e à dependência dos transportes estrangeiros.
Por maior que seja o peso do déficit de serviços, cabe reconhecer que
reduzi-lo é tarefa difícil, que depende de medidas estruturais, como
menos tributos e o fortalecimento dos serviços brasileiros. Mas, se no
Brasil os serviços predominam cada vez mais no PIB, seria natural
oferecer, por exemplo, uma estrutura melhor de turismo para atrair
dólares, reduzindo esse déficit.
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