sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Um tango brasileiro
Rodrigo Constantino - VEJA

Dilma e Kirchner: mais do que companheiras; irmãs de ideologia!
A sucessão de malfeitos é inacreditável, mas isso não impediu que até bem pouco tempo atrás alguns proeminentes economistas brasileiros os indicassem como exemplo a ser seguido. No front doméstico, houve elevação da inflação, deterioração da infraestrutura, enfraquecimento das instituições e queda dos indicadores de bem-estar social.
Ao mesmo tempo em que as condições de 2003 eram extremamente difíceis, havia uma grande oportunidade para colocar o país nos trilhos. Teve início o ciclo de alta das commodities puxado pela China, que muito beneficiou os países produtores. A balança comercial saiu de uma situação de forte déficit.
As condições para a estabilidade estavam dadas. Bastava uma política de austeridade fiscal, combate à inflação e câmbio flutuante. No entanto, o governo enveredou-se por um caminho errado. O câmbio foi novamente usado como âncora para combater a inflação. A política fiscal cedeu ao populismo, com gastos crescentes. A inflação foi encarada como mal menor. As taxas de juros se mantiveram muito baixas, artificialmente.
Com o tempo, outras distorções foram sendo introduzidas na economia. Os preços administrados foram fortemente subsidiados, com destaque para a energia elétrica. O resultado, como não poderia deixar de ser, foi a queda dos investimentos. O governo passou também a adotar uma postura de confronto com os empresários.
As arbitrariedades não param por aí. O instituto nacional de pesquisas foi loteado e passou a falsificar estatísticas. Resultado: ninguém confia mais nas estatísticas oficiais. Não se sabe ao certo o tamanho da inflação ou quanto cresce a economia. O Banco Central também está sendo usado para fechar as contas, em uma típica operação de impressão de moeda para financiar a dívida pública. Causa espanto como a inflação não acelerou para níveis ainda mais altos. Isso se deu provavelmente por causa da âncora cambial.
O texto acima são trechos retirados da coluna do economista da JGP Fernando Rocha, publicado no Valor nesta quinta. De quem ele está falando? Parece claramente que fala de nosso Brasil, certo? Errado. Está relatando a desgraça que se abateu sobre nossa vizinha Argentina, cujo populismo do casal Kirchner afundou sua economia no caos.
Rocha conclui seu alerta: “A sucessão de eventos parece um pesadelo, mas tudo isso poderia ter sido evitado. A Argentina é o exemplo de como o populismo político, aliado à má condução da economia, pode levar ao retrocesso um país cheio de potencialidades, rico em recursos naturais e com um povo relativamente educado. Que nos sirva de lição.”
Resta saber: servirá?

Nenhum comentário: