Reinaldo Azevedo - VEJA
A
Petrobras está numa encalacrada, e a questão, agora, deixou de ser
local. Não dá mais para fingir que se investigam isso e aquilo. Já não
basta mais à presidente da empresa, Graça Foster, ir ao Congresso e
responder perguntas a que teve acesso previamente, transformando o que
deveria ser esclarecimento em pantomima. A seriedade da coisa subiu de
patamar. O busílis é o seguinte: a PricewaterhouseCoopers, auditoria
responsável por avaliar os balanços da estatal, resolveu pressionar a
direção da empresa a aprofundar as investigações das roubalheiras na
estatal, segundo critérios das leis anticorrupção dos EUA. Ou a gigante
brasileira fazia isso, ou a Price deixaria de analisar seus balanços.
E que
consequências isso teria? A auditoria informaria ao conselho da
Petrobras a sua decisão; se, ainda assim, nada fosse feito, a Price
informaria à SEC (órgão que regula o mercado de capitais nos EUA) o
rompimento do contrato. Seria um golpe gigantesco na credibilidade da
estatal no mercado internacional, isso num momento delicado, em que a
empresa depende vitalmente de financiamento externo. Sem a análise do
balanço, a Petrobras estaria fora do mercado.
Parece
piada, mas é assim: foi preciso que as leis americanas fossem evocadas
para que a Petrobras se coçasse e decidisse investigar a
sem-vergonhice. Dois escritórios
especializados em leis americanas anticorrupção foram contratados: nos
EUA, o escolhido foi o Gibson, Dunn & Crutcher. No Brasil, o Trench,
Rossi e Watanabe, de São Paulo. Eles vão colaborar com a comissão
interna criada pela Petrobras para investigar o caso.
Na mira da
comissão interna da Petrobras, estão, diretores nomeados por Lula. A
comissão pediu ainda autorização à Justiça para ouvir Paulo Roberto
Costa sobre a construção da refinaria de Abreu e Lima. , informa a Folha:
“A empresa pediu que Costa esclarecesse, entre outras coisas, o teor de reuniões com o ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli e o ex-diretor de Serviços Renato Duque realizadas entre o fim de 2005 e o começo de 2006 sobre Abreu e Lima. A Petrobras quer saber por que, às vésperas da implantação de Abreu e Lima, Costa foi com Gabrielli e Renato Duque a reunião em Brasília. A estatal pede explicações sobre as revisões do valor da obra, que subiu de US$ 4 bilhões para US$ 13,4 bilhões entre 2006 e 2009”.
“A empresa pediu que Costa esclarecesse, entre outras coisas, o teor de reuniões com o ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli e o ex-diretor de Serviços Renato Duque realizadas entre o fim de 2005 e o começo de 2006 sobre Abreu e Lima. A Petrobras quer saber por que, às vésperas da implantação de Abreu e Lima, Costa foi com Gabrielli e Renato Duque a reunião em Brasília. A estatal pede explicações sobre as revisões do valor da obra, que subiu de US$ 4 bilhões para US$ 13,4 bilhões entre 2006 e 2009”.
Essa
informação é pública há muito tempo. Só agora o comando da Petrobras
resolveu cobrar explicações. E só o fez porque a Price exigiu.
Que coisa,
né? Quem sabe o fato de o mercado ser globalizado — e de as leis
americanas serem bastante severas com corruptos — possa fazer bem ao
Brasil. A Price obriga agora a Petrobras a fazer o que já deveria ter
sido feito há muitos anos, não é, governanta? Que ironia! Quem sabe as
leis contra a corrupção dos EUA ainda acabem fazendo bem aos
brasileiros.
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