Do virtual ao real
Quem começou a tomar “medidas impopulares” foi o mesmo
governo que demonizou seu adversário tucano, aumentando os juros dois
dias depois de fechadas as urnas e autorizando aumentos da energia
elétrica como os de Roraima, de nada menos que 54%. E vêm mais aumentos
por aí, das tarifas de energia até a gasolina, tudo represado para não
atrapalhar a campanha eleitoral, segurando artificialmente a inflação.
As especulações sobre possíveis nomes para o ministério da Fazenda fazem os mercados se regozijarem. Na campanha eleitoral, o PT acusou Marina de ser “sustentada” por uma banqueira, em referência à educadora Neca Setubal, herdeira do banco Itaú, e fez um trabalho terrorista dizendo que a autonomia do Banco Central tiraria a comida dos pratos dos brasileiros e os livros escolares de nossas crianças. Mais adiante, cravou em Arminio Fraga a peja de aumentar juros e criar desemprego.
Agora, as especulações sobre a principal figura da economia brasileira giram em torno de banqueiros, como o presidente do Bradesco Luis Carlos Trabuco, ou Henrique Meirelles, e executivos de grandes empresas como Murilo Ferreira da Vale. Isso acontece desde 2002, quando Lula foi obrigado a escrever uma Carta ao Povo Brasileiro garantindo que não haveria ruptura do modelo de gestão econômica da época (tocado pelos tucanos) e prometeu a manutenção dos contratos firmados, com o objetivo de acalmar o mercado internacional e conter a alta do dólar durante a campanha, que mesmo depois disso chegou a R$ 4 em outubro, nas vésperas da eleição que Lula venceu.
Esse foi o “efeito Lula”, que levou a inflação a 12% ao ano naquela ocasião, fato que a candidata Dilma tentou negar. Em seguida, surpreendeu a todos colocando um banqueiro internacional, ex-presidente do Banco de Boston, no comando do Banco Central. Henrique Meirelles acabara de ser eleito deputado federal pelo PSDB, e abandonou o mandato para exercer com total autonomia a direção do BC pelos oito anos do governo Lula.
Até mesmo as privatizações, tão demonizadas por Lula na campanha de 2006, chegaram, com atraso de anos, ao programa econômico do PT, quando ficou claro que o Estado não tinha condições de, sozinho, fazer as obras de infra-estrutura de que o país necessita.
Pelo o que defendeu na campanha recém-terminada, Dilma não poderia ter elevado os juros, pois na sua lógica os adversários “plantam inflação para colher juros”. Uma das idéias-força da campanha de Dilma foi que a derrubada da inflação traria como conseqüência o aumento do desemprego, e agora, deixando a propaganda de lado, o Banco Central aumenta os juros para combater a inflação – que estava sob controle, lembram-se? -, com isso reduz a alta do dólar e cria um ambiente propício para os investidores. Sem o que os empregos começarão a minguar.
O ex-presidente Lula é político para querer dar sinais ao mercado mesmo dizendo que não os está dando. Ele é capaz de afirmar que nunca deu satisfações ao mercado, mesmo depois da Carta ao Povo Brasileiro. Certa vez, mais recentemente, disse que se arrependeu de tê-la assinado, mas pode muito bem mais adiante, se isso for conveniente a seu projeto político, vir a reafirmá-la.
Lula é capaz de fazer um discurso radical à esquerda enquanto seu ministro da Fazenda, Antonio Palocci, trazia a economia para o campo liberal. E usava a política externa para compensar a ala de esquerda radical que estava sendo derrotada no front interno. Já a presidente Dilma parece mais ideológica que seu mentor, e esses sinais podem ser apenas manobras para ganhar tempo enquanto monta um segundo governo dentro do que sempre pensou.
O problema é saber se as especulações correspondem ao que realmente a presidente Dilma está pensando para o seu segundo mandato, ou se não passam de desejos do mercado e de setores do PT mais pragmáticos. O fato é que ou ela se reinventa, ou teremos problemas pela frente.
As especulações sobre possíveis nomes para o ministério da Fazenda fazem os mercados se regozijarem. Na campanha eleitoral, o PT acusou Marina de ser “sustentada” por uma banqueira, em referência à educadora Neca Setubal, herdeira do banco Itaú, e fez um trabalho terrorista dizendo que a autonomia do Banco Central tiraria a comida dos pratos dos brasileiros e os livros escolares de nossas crianças. Mais adiante, cravou em Arminio Fraga a peja de aumentar juros e criar desemprego.
Agora, as especulações sobre a principal figura da economia brasileira giram em torno de banqueiros, como o presidente do Bradesco Luis Carlos Trabuco, ou Henrique Meirelles, e executivos de grandes empresas como Murilo Ferreira da Vale. Isso acontece desde 2002, quando Lula foi obrigado a escrever uma Carta ao Povo Brasileiro garantindo que não haveria ruptura do modelo de gestão econômica da época (tocado pelos tucanos) e prometeu a manutenção dos contratos firmados, com o objetivo de acalmar o mercado internacional e conter a alta do dólar durante a campanha, que mesmo depois disso chegou a R$ 4 em outubro, nas vésperas da eleição que Lula venceu.
Esse foi o “efeito Lula”, que levou a inflação a 12% ao ano naquela ocasião, fato que a candidata Dilma tentou negar. Em seguida, surpreendeu a todos colocando um banqueiro internacional, ex-presidente do Banco de Boston, no comando do Banco Central. Henrique Meirelles acabara de ser eleito deputado federal pelo PSDB, e abandonou o mandato para exercer com total autonomia a direção do BC pelos oito anos do governo Lula.
Até mesmo as privatizações, tão demonizadas por Lula na campanha de 2006, chegaram, com atraso de anos, ao programa econômico do PT, quando ficou claro que o Estado não tinha condições de, sozinho, fazer as obras de infra-estrutura de que o país necessita.
Pelo o que defendeu na campanha recém-terminada, Dilma não poderia ter elevado os juros, pois na sua lógica os adversários “plantam inflação para colher juros”. Uma das idéias-força da campanha de Dilma foi que a derrubada da inflação traria como conseqüência o aumento do desemprego, e agora, deixando a propaganda de lado, o Banco Central aumenta os juros para combater a inflação – que estava sob controle, lembram-se? -, com isso reduz a alta do dólar e cria um ambiente propício para os investidores. Sem o que os empregos começarão a minguar.
O ex-presidente Lula é político para querer dar sinais ao mercado mesmo dizendo que não os está dando. Ele é capaz de afirmar que nunca deu satisfações ao mercado, mesmo depois da Carta ao Povo Brasileiro. Certa vez, mais recentemente, disse que se arrependeu de tê-la assinado, mas pode muito bem mais adiante, se isso for conveniente a seu projeto político, vir a reafirmá-la.
Lula é capaz de fazer um discurso radical à esquerda enquanto seu ministro da Fazenda, Antonio Palocci, trazia a economia para o campo liberal. E usava a política externa para compensar a ala de esquerda radical que estava sendo derrotada no front interno. Já a presidente Dilma parece mais ideológica que seu mentor, e esses sinais podem ser apenas manobras para ganhar tempo enquanto monta um segundo governo dentro do que sempre pensou.
O problema é saber se as especulações correspondem ao que realmente a presidente Dilma está pensando para o seu segundo mandato, ou se não passam de desejos do mercado e de setores do PT mais pragmáticos. O fato é que ou ela se reinventa, ou teremos problemas pela frente.
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