Reinaldo Azevedo - VEJA
A
herança maldita do governo Dilma começa a cair no colo da presidente
reeleita, Dilma. As sandices perpetradas no governo da “presidenta” já
perturbam a “represidenta”. As contas públicas ficaram de novo no
vermelho em setembro, um vermelho bem petista. E pelo quinto mês
consecutivo. O governo central — composto de Tesouro Nacional,
Previdência Social e Banco Central — registrou déficit primário de R$
20,4 bilhões, o pior resultado mensal desde que se faz essa medição, em
1997.
Sabem
quanto o governo poupou para o pagamento da dívida? Nada! Os números não
são melhores caso se considere o chamado “setor público consolidado”,
que inclui União, Estados, Municípios e estatais. Aí o rombo é de R$
25,5 bilhões. Isto é, esses entes gastaram R$ 25,5 bilhões a mais do que
arrecadaram só em setembro. Nesse caso, é o pior resultado desde 2001.
Querem ver
para onde leva a espiral da irresponsabilidade fiscal? Agora, Arno
Augustin, secretário do Tesouro Nacional — um dos queridinhos de Dilma
—, admitiu que o governo vai enviar ao Congresso uma proposta para rever
a Lei de Diretrizes Orçamentárias deste ano. É isto mesmo: no último
dia de outubro, faltando dois meses para o fim de 2014, o governo vai
baixar a meta de superávit primário para não parecer que joga no lixo a
Lei de Responsabilidade Fiscal. O superávit fixado era de R$ 80,8
bilhões — ou 1,55% do Produto Interno Bruto. Já foi para o espaço.
Vejam que
governo estupendo: em vez de se comportar dentro das metas que ele mesmo
fixou, faz o que bem entende, mete o pé na jaca, e depois as altera
retroativamente. O segundo mandato da represidenta não será fácil. O
déficit primário acumulado do governo central, no ano, é de R$ 15,7
bilhões, também o pior da história. E, como a gente vê, os cadáveres
vieram a público depois das eleições. Então ficamos assim: três dias
depois do segundo turno, o Banco Central eleva a Taxa Selic. Cinco dias
depois, constatamos que o governo reeleito produziu o pior resultado nas
contas públicas desde que existe a devida medição.
Mas nada
muda, tá, gente?, na meta de superávit fixada para o ano que vem, entre
2,0% e 2,5% do PIB. Certo! O governo talvez deixe para rever o número só
em outubro de 2015. Como já se sabe que o crescimento do ano que vem
será, de novo, sofrível, a administração só conseguiria fazer o que
prometeu cortando gastos. Dilma, no entanto, na disputa eleitoral,
prometeu é aumentá-los e dizia que esse negócio de diminuir despesas é
coisa de neoliberal.
A Dilma I é a maior inimiga da Dilma II.
Ah, sim: a
represidenta já sabe como resolver os problemas: com uma reforma
política, uma reforma tributária, uma reforma fiscal, uma reforma sei lá
do quê… O Brasil está virando uma piada de mau gosto.
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