Reinaldo Azevedo - VEJA
Leiam trecho da minha coluna na Folha desta sexta.
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Em Kakânia, o país imaginário de Musil em “O Homem Sem Qualidades”, podia-se, às vezes, tomar um “gênio por um patife”, mas “nunca se tomava um patife por um gênio”. Dia desses, um dublê de colunista político e cortesão resolveu me ironizar porque afirmei que o país sai das urnas “dividido, rachado ao meio”. As esquerdas, que produziram vasta literatura sobre a indústria eleitoreira da miséria, agora pretendem negar as suas próprias constatações. O Nordeste servia como emblema dessa relação quando o quase extinto PFL dava as cartas na região. Hoje, apontar o óbvio seria sinal de preconceito e demofobia. Em Banânia, não apenas se tomam gênios como patifes, mas também patifes como gênios.
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Em Kakânia, o país imaginário de Musil em “O Homem Sem Qualidades”, podia-se, às vezes, tomar um “gênio por um patife”, mas “nunca se tomava um patife por um gênio”. Dia desses, um dublê de colunista político e cortesão resolveu me ironizar porque afirmei que o país sai das urnas “dividido, rachado ao meio”. As esquerdas, que produziram vasta literatura sobre a indústria eleitoreira da miséria, agora pretendem negar as suas próprias constatações. O Nordeste servia como emblema dessa relação quando o quase extinto PFL dava as cartas na região. Hoje, apontar o óbvio seria sinal de preconceito e demofobia. Em Banânia, não apenas se tomam gênios como patifes, mas também patifes como gênios.
Vejam os
15 Estados em que Dilma venceu no segundo turno, o seu percentual de
votos (primeiro número) e o percentual de famílias atendidas pelo Bolsa
Família (segundo número). Os dados são do TSE (desprezei os algarismos
depois da vírgula) e do Ministério do Desenvolvimento Social (setembro
de 2014). Maranhão (78-58), Piauí (78-54), Ceará (76-47), Bahia (70-47),
Pernambuco (70-47), Rio Grande do Norte (69-40), Sergipe (67-49),
Paraíba (64-50), Amazonas (64-43), Alagoas (63-53), Amapá (61-33),
Tocantins (59-38), Pará (57-46), Rio de Janeiro (54-17) e Minas (52-21).
Agora
seguem os Estados em que Dilma perdeu, com os mesmos dados: Santa
Catarina (35-07), São Paulo (35-11), Acre (36-42), Distrito Federal
(38-12), Paraná (39-13), Goiás (42-19), Mato Grosso do Sul (43-21),
Rondônia (45-26), Mato Grosso (45-22), Rio Grande do Sul (46-13),
Espírito Santo (46-19) e Roraima (42-47).
É preciso
ser intelectualmente desonesto para não constatar que existe uma óbvia
relação entre o benefício e a fidelidade ao petismo, que é o coronelismo
da hora.(…)
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