Rodrigo Constantino - VEJA
A declaração de Tim Cook, CEO da Apple,
sobre sua homossexualidade causou certo alvoroço, ainda que muitos já
desconfiassem de sua inclinação sexual. Cook sempre foi reservado, mas
resolveu se abrir para ajudar outros a saírem do armário no mundo
corporativo.
O CEO da mais admirada empresa de
tecnologia do mundo chegou a dizer que ser gay foi uma dádiva divina,
que lhe deu mais empatia, “um entendimento mais profundo do que
significa estar na minoria” e “uma perspectiva sobre os desafios
enfrentados todos os dias por membros de outras minorias”. Logo, disse
ter orgulho de sua sexualidade, mas não deu tanta importância assim ao
tema até agora:
“Muitos de meus colegas na Apple sabem
que sou gay, e isso não parece fazer a menor diferença na form acomo
eles me tratam. É claro que tenho a sorte de trabalhar numa companhia
que ama criatividade e inovaçào e sabe que elas só podem florescer
quando você acolhe as diferenças. Nem todo mundo tem essa sorte.”
Entendo alguém ter orgulho de assumir sua
sexualidade diferente, pela coragem do ato em um mundo ainda
preconceituoso; não por ser gay em si. Também entendo seu ponto sobre a
visão de mundo mais tolerante por sua condição, mas acho temerário
associar a homossexualidade com a empatia. Não tem nada de automático
nisso: existem heterossexuais muito solidários e gays insensíveis e
egoístas.
Dito isso, eis o que gostaria de falar:
como Tim Cook, existem vários outros gays no mundo corporativo
americano, mas nem por isso fazem de sua sexualidade uma bandeira
política. É apenas mais uma característica de tantas que compõem o
indivíduo.
Peter Thiel é outro nome que vem à mente:
o fundador do PayPal é gay também, mas sempre tratou do assunto como
algo pessoal. Gostaria que houvesse menos preconceito do lado do público
e mais coragem do lado dos empresários, mas entende e respeita quem
adota postura discreta. Thiel, aliás, é um libertário capitalista que
defende o Tea Party.
O que me traz ao cerne da questão: ser
gay não deve levar ninguém automaticamente para o colo da esquerda. Cook
e Thiel são ícones do empreendedorismo capitalista que os liberais
defendem, e se sentem absolutamente à vontade nos valores liberais, que
focam no indivíduo, e não em um coletivo abstrato qualquer.
Não vemos ambos se vangloriando e demandando aplausos por serem gays.
São nomes respeitados e admirados pelo que fizeram, não pelo que são do
ponto de vista sexual. Eis a postura de um típico liberal. E oposta à
de um coletivista, que enxerga na cartada sexual uma bandeira política
oportuna para concentrar mais poder no estado e prejudicar o indivíduo, a
menor minoria de todas.
Fossem brasileiros, esses ricos
empresários capitalistas jamais seriam representados pelo PSOL de Jean
Wyllys, defensor do socialismo e que desdenha do lucro, da propriedade
privada, do sucesso meritocrático individual. Quem admira Che Guevara –
que por sinal perseguia homossexuais e acreditava que o trabalho forçado
iria “curá-los” – jamais pode representar empreendedores de sucesso e
individualistas.
Coletivistas não gostam de avaliar caso a
caso, individualmente, pois só enxergam um grande bloco monolítico
chamado “minorias”, as quais fingem defender.
PS: Assim que publiquei esse texto, vi a seguinte notícia:
Haddad coloca gays e travestis na fila prioritária do Minha Casa Minha
Vida. Eis aí um típico exemplo do absurdo que a esquerda faz em nome das minorias, sempre criando privilégios e rejeitando o indivíduo como finalidade em si, e também a igualdade de todos perante as leis.
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