Le Monde
Jessica Gow/TT News Agency/Reuters
Crianças sírias dormem do lado de fora de órgão sueco de imigração na cidade de Marsta, próximo de Estocolmo, na Suécia
Após um ano recordista em 2015, que teve mais de 160 mil candidatos ao
asilo chegando à Suécia, os refugiados estão começando a voltar a seu
país de origem, aproveitando os auxílios do governo e desencorajados por
condições de acolhimento menos favoráveis.
De janeiro a março,
449 pessoas obtiveram um apoio financeiro para se reinstalarem em seus
países, dentre os quais 331 iraquianos e uma centena de afegãos, os dois
principais grupos de requerentes de asilo.
Segundo os números da Agência de Migrações sueca, o número de pessoas que obtiveram um chamado auxílio de "reinstalação" no país de origem já é duas vezes mais elevado para o primeiro trimestre de 2016 do que para todo o ano de 2015.
A Suécia deu uma guinada de 180 graus em sua política de asilo, que era uma das mais generosas da Europa, diante do volume de pedidos a partir do segundo semestre de 2015. Essa virada, adotada dolorosa e precipitadamente em novembro de 2015, entrou em vigor no início do ano, ao mesmo tempo em que o país fechava sua fronteira com a Dinamarca.
A ajuda concedida pelo Estado sueco é de 30 mil coroas (R$ 12.800) para cada pessoa com mais de 18 anos, e de 15 mil coroas para as crianças. Uma família inteira pode obter um máximo de 75 mil coroas (R$ 32.300). O dinheiro concedido só fica disponível uma vez que o retorno ao país de origem seja constatado pela Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Mas para se obter esse benefício deve-se atender a um certo número de critérios, a começar pela situação política e sanitária que prevalece no país. Na lista da Agência das Migrações, o Iraque e o Afeganistão agora são considerados como dois países onde a reinstalação é possível.
Uma "segurança" que contrasta com a descrição da situação fornecida por essa mesma agência, que os trata como países onde a instabilidade e a insegurança predominam. "Uma avaliação individual da vulnerabilidade do candidato" é recomendada para cada pedido.
Quanto aos afegãos, 474 se candidataram ao retorno, contra 1.417 que entraram com um pedido de asilo. A mesma tendência se repete entre os iranianos: 315 retiraram seu pedido desde o início do ano, contra 478.
"Há indícios fortes de que os requerentes de asilo estão cansados da demora, estão fartos dos longos prazos para os processos. O clima mudou na Suécia, e isso está levando a um novo tipo de decisão", explica ao jornal "Sydsvenskan" Kristina Rännar, responsável pelo processo de reinstalação na Agência de Migrações.
Intidar Hadi, da associação cultural iraquiana de Malmö, no sul do país, faz a mesma constatação: "Não é mais como antes. Ficou muito mais difícil obter um visto de permanência na Suécia. E muitos iraquianos estão deixando a Suécia com uma nostalgia intensa".
A partir de agora o fluxo de refugiados provenientes do Iraque está se invertendo, em razão sobretudo das condições de reagrupamento familiar, que se endureceram fortemente no início do ano.
Segundo os números da Agência das Migrações, somente 6% dos pedidos de asilo processados este ano tiveram resposta positiva para os iraquianos. O tratamento é idêntico para o outro grupo afetado pelas reinstalações, uma vez que somente 18% dos afegãos atualmente têm obtido o direito de permanecerem na Suécia.
É essa pequena probabilidade que explicaria por que há cada vez mais deles interrompendo seu processo de asilo.
"Muitos daqueles que retiram seu pedido de asilo dizem ter recebido informações incorretas sobre aquilo que os esperava na Suécia", explicou Tobias Axelsson, um dos responsáveis pela Agência de Migrações, ao jornal "Svenska Dagbladet".
"Eles vêm aqui e acham que vão conseguir um visto permanente, depois ouvem que não é tão simples assim, e que levará muito tempo."
Recentemente, diversas reportagens revelaram as dificuldades encontradas pelos recém-chegados aos campos de refugiados. Além de condições de acolhimento às vezes insalubres, o tédio e a frustração prevalecem.
São muitos os que acreditavam que poderiam estudar ou trabalhar assim que chegassem, sem saber que nada é possível antes que se obtenha o visto de permanência e o número de identificação nacional. Esses processos têm levado um ano, ou até um ano e meio, para uma simples entrevista inicial.
Segundo os números da Agência de Migrações sueca, o número de pessoas que obtiveram um chamado auxílio de "reinstalação" no país de origem já é duas vezes mais elevado para o primeiro trimestre de 2016 do que para todo o ano de 2015.
A Suécia deu uma guinada de 180 graus em sua política de asilo, que era uma das mais generosas da Europa, diante do volume de pedidos a partir do segundo semestre de 2015. Essa virada, adotada dolorosa e precipitadamente em novembro de 2015, entrou em vigor no início do ano, ao mesmo tempo em que o país fechava sua fronteira com a Dinamarca.
A ajuda concedida pelo Estado sueco é de 30 mil coroas (R$ 12.800) para cada pessoa com mais de 18 anos, e de 15 mil coroas para as crianças. Uma família inteira pode obter um máximo de 75 mil coroas (R$ 32.300). O dinheiro concedido só fica disponível uma vez que o retorno ao país de origem seja constatado pela Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Mas para se obter esse benefício deve-se atender a um certo número de critérios, a começar pela situação política e sanitária que prevalece no país. Na lista da Agência das Migrações, o Iraque e o Afeganistão agora são considerados como dois países onde a reinstalação é possível.
Uma "segurança" que contrasta com a descrição da situação fornecida por essa mesma agência, que os trata como países onde a instabilidade e a insegurança predominam. "Uma avaliação individual da vulnerabilidade do candidato" é recomendada para cada pedido.
"O clima mudou"
Os iraquianos formam o principal contingente de pedidos de retorno. No decorrer dos quatro primeiros meses do ano, 1.366 iraquianos aderiram, enquanto 1.243 outros iraquianos recém-chegados entravam com um pedido de asilo.Quanto aos afegãos, 474 se candidataram ao retorno, contra 1.417 que entraram com um pedido de asilo. A mesma tendência se repete entre os iranianos: 315 retiraram seu pedido desde o início do ano, contra 478.
"Há indícios fortes de que os requerentes de asilo estão cansados da demora, estão fartos dos longos prazos para os processos. O clima mudou na Suécia, e isso está levando a um novo tipo de decisão", explica ao jornal "Sydsvenskan" Kristina Rännar, responsável pelo processo de reinstalação na Agência de Migrações.
Intidar Hadi, da associação cultural iraquiana de Malmö, no sul do país, faz a mesma constatação: "Não é mais como antes. Ficou muito mais difícil obter um visto de permanência na Suécia. E muitos iraquianos estão deixando a Suécia com uma nostalgia intensa".
A partir de agora o fluxo de refugiados provenientes do Iraque está se invertendo, em razão sobretudo das condições de reagrupamento familiar, que se endureceram fortemente no início do ano.
Segundo os números da Agência das Migrações, somente 6% dos pedidos de asilo processados este ano tiveram resposta positiva para os iraquianos. O tratamento é idêntico para o outro grupo afetado pelas reinstalações, uma vez que somente 18% dos afegãos atualmente têm obtido o direito de permanecerem na Suécia.
É essa pequena probabilidade que explicaria por que há cada vez mais deles interrompendo seu processo de asilo.
"Muitos daqueles que retiram seu pedido de asilo dizem ter recebido informações incorretas sobre aquilo que os esperava na Suécia", explicou Tobias Axelsson, um dos responsáveis pela Agência de Migrações, ao jornal "Svenska Dagbladet".
"Eles vêm aqui e acham que vão conseguir um visto permanente, depois ouvem que não é tão simples assim, e que levará muito tempo."
Recentemente, diversas reportagens revelaram as dificuldades encontradas pelos recém-chegados aos campos de refugiados. Além de condições de acolhimento às vezes insalubres, o tédio e a frustração prevalecem.
São muitos os que acreditavam que poderiam estudar ou trabalhar assim que chegassem, sem saber que nada é possível antes que se obtenha o visto de permanência e o número de identificação nacional. Esses processos têm levado um ano, ou até um ano e meio, para uma simples entrevista inicial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário