Dilma diz que não quer ter 'posição secundária' na Olimpíada
Presidente afastada ainda não dedidiu se irá à cerimônia de abertura
Eduardo Barretto - O Globo
BRASÍLIA - Ainda sem dizer se irá à abertura dos Jogos Olímpicos, daqui a onze dias, a presidente afastada Dilma Rousseff afirmou que não quer ter uma "posição secundária" na Olimpíada. A petista argumenta que ela e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contribuíram para a competição.
— Eu não pretendo participar da Olimpíada numa posição secundária. Porque em primeiro lugar esses jogos são fruto de um grande trabalho do ex-presidente Lula, no sentido de trazê-la para o Brasil. Em segundo, houve um grande esforço do governo federal que viabilizou a infraestrutura dos jogos, e por infraestrutura eu quero dizer o Parque Olímpico e a Vila de Deodoro — declarou Dilma à Rádio França Internacional nesta segunda-feira.
Em entrevista à TV CNN no fim de abril, cerca de duas semanas antes de ser afastada da Presidência, Rousseff havia dito que ficaria "muito triste" se não fosse presidente durante os Jogos.
Auxiliares da presidente afastada afirmam que ainda não há definição sobre a ida dela à abertura. Se por um lado aceitar o convite à abertura dos Jogos, no Maracanã em 5 de agosto, é parte do discurso de que o impeachment é um "golpe", por outro a presidente afastada teme ser alvo de vaias e hostilidades, como teve de presenciar na Copa do Mundo.
Dilma não quer dividir as críticas com o presidente interino Michel Temer em uma grande cerimônia esportiva. Em 2007, na abertura do Pan Americano do Rio, o ex-presidente Lula também foi vaiado.
Além da petista e de Temer, foram convidados os ex-presidentes Lula, Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor e José Sarney. Michel Temer ficará na tribuna presidencial no estádio, acima do espaço onde ficariam os ex-presidentes e Dilma. Não há comunicação entre os dois aposentos.
A presidente afastada voltou a negar que sabia de caixa dois em sua campanha de reeleição para a Presidência, em 2014. Em depoimento na última quinta-feira, o publicitário da campanha e próximo conselheiro de Dilma, João Santana, e a mulher dele, Mônica Moura, admitiram ao juiz Sérgio Moro que os depósitos de US$ 4,5 milhões feitos pelo empresário Zwi Skornicki na conta do marqueteiro na Suíça eram para pagar dívidas da campanha presidencial de 2010 sem declaração à Justiça Eleitoral, o que configura caixa dois. À repórter da Rádio França Internacional, Dilma disse:
— Querida, nem o João Santana nem a mulher dele acusaram a minha campanha. Eles se referem a episódios que ocorreram depois de encerrada a campanha, e depois que o comitê financeiro da minha campanha foi dissolvido, dois anos depois. Então não há nenhuma afirmação que atinja a mim e a minha campanha. E é público e notório que eu jamais autorizei caixa dois na minha campanha.
A cerca de um mês do julgamento no Senado que definirá se é destituída da Presidência, Dilma diz esperar que senadores votem "corretamente".
— Senadores conscientes, corretos e comprometidos com a democracia e o estado democrático de direito saberão optar corretamente.
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