domingo, 2 de julho de 2017

Benghazi: As treze horas de Hillary Clinton
O maior escândalo envolvendo Hillary Clinton é praticamente desconhecido no Brasil: seu papel durante o ataque à base americana em Benghazi.
Uma das palavras que mais marcará votos nas eleições americanas, sobretudo nos swing states, é praticamente desconhecida do público geral brasileiro, que até hoje não entende como um país muito mais rico, educado, livre e avançado como a América pode ter quase metade de intenção de votos para Donald Trump. Essa palavra é Benghazi (ou Bengasi). a segunda maior cidade da Líbia. De todos os escândalos que assombram a figura de Hillary Clinton, poucos conseguem ser mais significativos para a América do que seu papel em Benghazi.
Enquanto referências a Benghazi são praticamente nulas no jornalismo brasileiro. Nem mesmo a Wikipedia em português reconhece qualquer referência envolvendo Hillary Clinton e Barack Obama. Contudo, é a palavra que mais arrancava calafrios da candidata democrata nos seus debates com Donald Trump, sem que analistas brasileiros conseguissem entender o que de fato estava ocorrendo. Why Benghazi matters?
A Líbia governada por Muammar Kadafi cindiu radicalmente o desenvolvimento de suas duas principais cidades. Tripoli, a capital, se modernizou e enriqueceu, enquanto Benghazi, conhecida desde a Antigüidade como um dos portos mais ricos do mundo por milênios, foi relegada à pobreza e à miséria. Quando seu governo caiu por rebeldes que lhe aplicaram um golpe similar ao que o próprio Kadafi havia aplicado ao rei Idris I, a cidade se tornou algo como uma gigantesca favela. Americanos, antes benquistos pela Líbia, se tornavam alvos móveis, com milícias islâmicas como a Ansar Al Sharia tentando impor a shari’ah no vácuo de poder. Benghazi se tornara a quinta cidade mais perigosa do mundo, uma das principais no mundo árabe.
Era neste cenário de tensão crescente, na época da eferverscência de organizações jihadistas como o Boko Haram e o Estado Islâmico, que a América mantinha uma operação especial e secreta da CIA em Benghazi, a quase 500 km de sua embaixada oficial, em Tripoli. A vigilância e segurança da unidade da CIA era feita por homens fortemente armados. Sobretudo, por seis homens fortemente armados. Seis. Rone, Jack, Tanto, D. B., Tig e Oz. Nem todos voltariam vivos.
O grosso da segurança era feito por seis homens contratados pela GRS, Global Response Staff, da CIA. A maior parte dos homens na folha de pagamento do pagador de impostos americano era realizada por homens da Brigada Dos Mártires 17 de Fevereiro: com o orçamento militar de Barack Obama sendo continuamente diminuído, a CIA achou por bem que um dos lugares mais perigosos do mundo para um americano pisar tivesse quase toda a sua segurança realizada por uma milícia líbia que ninguém entendia o que queria, quase não falava inglês e, ainda pior, era praticamente indistinguível à luz solar de qualquer milícia jihadista pronta para levar vidas ocidentais no espeto.
A Brigada dos Mártires 17 de Fevereiro, apesar de ser contra Kadafi e contra milícias como a Ansar Al Sharia, mostrava em seu nome a complicação das alianças em um ambiente todos-contra-todos como o Oriente Médio. Seu nome presta homenagem ao dia 17 de fevereiro de 2006, quando as forças de segurança da Líbia mataram cerca de uma dúzia de pessoas para reprimir um protesto violento no consulado italiano em Benghazi. A multidão incendiou carros e o próprio prédio, furiosa com um primeiro ministro italiano que usou uma camisa com estampa com charges de Maomé. Boa parte de seu corpo havia lutado contra tropas americanas na ocupação do Iraque, em 2003. Era este o aliado que os americanos poderiam encontrar, diante de outras milícias claramente anti-americanas. E a segurança da operação em Benghazi foi quase toda confiada a ela.
Já é bastante discutível como um dos lugares mais perigosos do mundo era tão relegado pela administração Obama, tendo Hillary Clinton como responsável pelas operações internacionais. Os fatos que jogaram Benghazi no centro do debate presidencial por duas eleições mostraram uma sucessão de lambanças que se tornaram o calcanhar de Aquiles da presidenciável Democrata.
No dia 11 de setembro de 2012, data do ominoso aniversário de 11 anos do 11 de setembro das Torres Gêmeas, as ruas do Cairo, no Egito, foram tomadas por uma multidão enfurecida por um vídeo postado no Youtube, The Innocence of Muslims, que denegria o profeta muçulmano Maomé. O filme era criação de um cristão copta egípcio posteriormente preso em Los Angeles. Os riscos de uma revolta modelo Primavera Árabe (que havia acabado de esquartejar Muammar Kadafi) eram tão altos que Washington enviou uma mensagem para suas embaixadas e operações, inclusive em Benghazi, avisando do risco de um ataque a instalações americanas.
O Complexo de operações era secreto, tal como o anexo da CIA, embora fosse difícil disfarçar uma presença americana maciça em um lugar tão infenso como Benghazi. Pela manhã, um operador avisou que viu indivíduos tirando fotos de celular do Anexo. A tarde, contudo, parecia tranqüila.
A grande diferença nos ares era a presença do embaixador Chris Stevens, experiente em Oriente Médio, falante fluente de árabe com propostas para modernizar a Líbia e apresentar uma América convidativa aos líbios tentados pelo jihadismo e oprimidos por governos socialistas e tirânicos. Manter a segurança do embaixador, que resolveu ir de Tripoli a Benghazi para um encontro com o prefeito da cidade, era o trabalho dos seis homens que cuidavam da segurança de facto do Complexo e do Anexo.
Segundo as palavras de Mitchell Zuckoff, em 13 horas: Os soldados secretos de Benghazi,
Às dez e cinco da noite em Benghazi, ou quatro e cinco da tarde em Washington, o Centro de Operações do Departamento de Estado soltou um alerta para a Sala de Situação da Casa Branca, o FBI, e para o Escritório do Diretor de Inteligência Nacional, entre outras agências-chave do governo e da inteligência. “Missão Diplomática em Benghazi Sob Ataque”, ela dizia. “[Aproximadamente] vinte pessoas armadas dispararam tiros; também foi possível escutar explosões. O embaixador Stevens, atualmente em Benghazi… está na zona de segurança [do Complexo].”
Os seis homens que estavam no Complexo já se preparando para dormir, ou assistindo Fúria de Titãs, sem nem mesmo vestir roupas adequadas, pegaram suas armas e equipamento militar e quiseram imediatamente rumar para o Anexo, onde poderiam ser úteis para salvar as vidas de americanos que lá estavam sob ataque, que até hoje se julga ser da Ansar Al-Sharia. Entre estes homens, estava Chris Stevens.
Dezenas de milicianos invadiram o prédio usado pela CIA aos gritos de “Allahu akbar!”, atirando, saqueando e destruindo o que encontrassem pela frente. Os americanos, sendo um especialista em comunicação da CIA e um agente da Segurança Diplomática, correram para uma espécie de “quarto do pânico”, onde poderiam se proteger dos tiros. Os jihadistas então começariam o verdadeiro inferno: sem poder alcançar os americanos, derramaram gasolina dos carros estacionados por todo o edifício e atearam fogo. O embaixador, seu segurança e o especialista em comunicação começariam a ver a morte lenta e dolorosamente.
A zona de segurança do Casarão C deveria supostamente fornecer ao embaixador e a outros americanos proteção de curto prazo contra ataque físico até que a equipe de resgate do país anfitrião ou combatentes americanos conseguissem expulsar os invasores ou manifestantes. Não era projetada para mantê-los em segurança indefinidamente, e não era construída para protegê-los contra fogo nem agentes químicos. Nesse sentido, a zona de segurança de Benghazi era análoga a uma gaiola de tubarão usada por mergulhadores. Quanto mais permanecesse em uso, maior a possibilidade de os assassinos entrarem à força ou então o ar acabaria. O tempo favorecia o inimigo.
O desenlace pode ser visto no polêmico filme 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi, do sempre polêmico Michael Bay. O filme é praticamente a versão filmada do livro homônimo de Mitchell Zuckoff, que entrevistou todos os sobreviventes e retirou os diálogos do áudio dos comunicadores. No Guten Morgen 17, nosso podcast, nosso colunista Alexandre Borges comenta que o irmão americano de uma amiga sua foi ver o filme Democrata e voltou Republicano.

“Polêmica” 1: Bob

A primeira grande “polêmica” se dá exatamente neste momento. O chefe de operações da CIA, referido apenas como “Bob”, desde o começo do ataque permaneceu falando ao celular, muitas vezes em nítido desespero. Quando os seis homens queriam arriscar suas próprias vidas para ir ao Anexo oferecer a ajuda que era necessária para resgatar vidas, Bob não permitiu a ida dos homens, com uma ordem de Stand down”.
Bob daria posteriormente uma entrevista ao jornal de extrema-esquerda britânico The Guardian, afirmando que tal ordem nunca foi dada – o que não explicaria por que até câmeras de segurança flagram os homens desesperados dentro de carros ligados esperando para sair do Complexo e ir ao Anexo, a cerca de um quilômetro de distância. A “polêmica”, portanto, é apenas uma declaração do oficial da CIA que se provou um completo despreparado em todo o evento – o suficiente para o Guardian e, posteriormente, toda a mídia internacional, classificar o filme como “pouco fiel”. Já Tanto, em comentário à entrevista de Bob, garante que a ordem foi expressa verbatim.
Além da palavra de mais de um homem contra um, a “polêmica” parte de um homem interessado em se livrar de sua imagem fraca e de explicar o que tanto fazia ao telefone, o que pode incriminar muita gente do outro lado da linha. Pela visão do filme e do livro, há uma explicação para o atraso e para os homens parados. Pela “polêmica” do Guardian e da esquerda mundial, há apenas um “erro” no filme/livro que ninguém se deu ao trabalho de verificar se faz sentido.
Os seis homens conseguiram, afinal, ir até o Anexo em chamas, com a ajuda da Milícia 17 de Fevereiro, despreparadíssima, e sem saber quem iria atirar neles e quem iria protegê-los pelas ruas e becos e matagais ao redor do Anexo. O especialista em comunicação Sean Smith foi encontrado morto nas chamas.
Atentado em Benghazi, LíbiaApós torturantes buscas, sabendo que o ataque mal começara (e que, provavelmente, o Anexo seria logo descoberto, e se tornando o próximo alvo), os homens batem em retirada para o Anexo crendo que o embaixador Chris Stevens ou estava morto, ou havia sido seqüestrado pelos jihadistas. Com novas balas zunindo, não valeria a pena permanecer para o resgate de um corpo, possivelmente forçando os homens a carregarem mais um. No limite da luta contra as chamas, o Complexo deixava oficialmente de existir.
O diabo mora nos detalhes, para quem busca informações precisas. Uma das informações que encontramos no livro, que não aparece no filme, é que o agente da Segurança Diplomática resgatado coberto de fuligem e entupido de gasolina nos pulmões encontrou um celular BlackBerry nas chamas, que julgava que poderia ser de Chris Stevens. Ele o entregou a Tanto, que por sua vez o entregou a Bob sem nem olhar para o celular assim que (quase) todos chegaram ao Complexo. Tanto ficaria sem saber de quem era o telefone e o que ele continha.

Polêmica 2: A reeleição de Barack Obama

Seguidos sob tiros, granadas e morteiros na volta do Anexo para o Complexo numa terrível perseguição policial (em parte flagrada por câmeras de segurança), o terror daquelas 13 horas em que os homens em Benghazi foram relegados à própria sorte ainda mal havia começado.
Apesar de o tempo de preparação que teriam ser maior no Complexo, reunindo todos os americanos em missão, com seis homens para a segurança e mais membros da Brigada 17 de Fevereiro, a madrugada inteira seria de esperas por ataques furtivos cada vez mais violentos.
A madrugada já se adensava em Benghazi, e os membros da GRS da CIA sabiam que seu destino dependia apenas de dois aviões: um drone de ataque ou um ataque de um avião de ataque Spectre, que poderia afastar o ataque nem que fosse com um vôo rasante, e um avião de volta daquele inferno, já que a América perdera a razão de fazer operações em Benghazi e tudo o que restava era destruir documentos oficiais e abandonar o edifício para sempre.
Bob, o homem que chamou o filme/livro de “impreciso”, talvez seja uma das peças-chave para se entender por que tantas ligações para Washington e para a embaixada em Tripoli deram em nada. Talvez, afinal, já se entenda tudo o que aconteceu naquela madrugada do 11 para o 12 de setembro de 2012, e tudo faça sentido, embora não seja o que as pessoas tão animadas com Hillary Clinton sem conhecer uma única de suas propostas geopolíticas queiram conhecer.
É difícil explicar por que a Secretária de Estado americana, Hillary Clinton, não enviou um simples avião de ataque que poderia salvar vidas de seu próprio país. Apesar do festival de desculpas que infestou a grande mídia americana, quase integralmente Democrata, chegando a dizer que os Republicanos têm “obsessão” com Benghazi e seria “perigoso” crer que uma ação de Hillary poderia salvá-los – o que justamente as revelações de seus e-mails vazados jogou por terra.
Eles imaginaram qual seria o motivo para aquela esperança tão vã: se a Força de Reação Rápida permanecesse no Anexo, a CIA não seria forçada a se revelar nem a explicar a sua presença em Benghazi. Por outro lado, se os operadores secretos e os seguranças contratados entrassem em combate contra os islamistas radicais, com certeza a batalha atrairia a atenção global e uma apuração maciça. Especialmente no onze de setembro
Geopolítica à parte, uma explicação simples está nas eleições americanas. Barack Obama estava concorrendo à reeleição dali a alguns meses, e um de seus flancos abertos mais óbvios era sua política externa, incrivelmente mais desastrosa até mesmo do que o intervencionismo exagerado de George W. Bush.
Barack Obama segue pari passu a sanha comum a progressistas de possuir discursos pomposos, mas sem um substrato concreto a sustentá-los. É dessa época que vieram declarações suas de que tudo estava contido e pacificado no Oriente Médio, mas precisávamos de um novo mandato obamista para consertar tudo o que, por decorrência lógica, não estava contido e pacificado.
Hillary Clinton, mesmo após e-mails e telefonemas sem fim de uma base americana sendo atacada (o que poderia ser mais sério e urgente do que isso?), tinha um custo eleitoral a arcar: caso resolvesse salvar vidas, nem que fosse autorizando um drone, que dirá um caça de ataque, toda a retórica eleitoreira de Barack Obama seria desnudada.
Entre vidas e votos, Obama e Hillary preferiram votos.
Durante suas viagens anteriores a Benghazi, Tig tinha vivido múltiplas experiências em que Bob, o chefe da base, dissera aos operadores para “não agirem”, mesmo quando americanos estavam potencialmente em perigo, aparentemente para evitar o risco de exposição da presença da CIA. Outro fator também pode ter contribuído para o adiamento: O chefe da CIA parecia realmente preocupado com a possibilidade de o Anexo ser alvo de ataques. Se todos os operadores da GRS estivessem no Complexo, os americanos deixados para trás no Anexo teriam pouca chance contra uma grande força de agressores. Os operadores contratados, rotineiramente tratados como excesso de bagagem por muitos oficiais de inteligência da CIA, repentinamente transformaram-se nos americanos mais populares em Benghazi.

Polêmicas 3: Os aviões de Hillary Clinton

Omissão num caso de ataque já seria um crime gigantesco nas costas de Hillary Clinton – mas a história ainda vai ficando mais sinistra conforme o tempo passa.
Naquela noite, os homens no Anexo da CIA ainda seriam alvo de três ataques, cada vez mais coordenados e com mais homens, enquanto a embaixada em Tripoli não conseguia liberar uma aeronave de resgate para o aeroporto de Benghazi e nenhum socorro aéreo viria.
O embaixador Chris Stevens, a CIA logo saberia, estava morto, e seu corpo, obviamente, nas mãos de jihadistas, com imagens que rodaram o mundo. Os seis homens que defendiam todo o Anexo dos telhados passaram a ser alvos cada vez mais claros, ainda que os milicianos, de um ponto de desvantagem e sem o treinamento de vários ex-SEALs, tivessem de chegar às dezenas contra poucos homens.
Atentado em Benghazi - carro em chamasO último dos ataques, entretanto, foi uma chuva de granadas. As únicas capazes de atingir os homens com vantagem de altitude (técnica conhecida desde Sun Tzu) foram naturalmente atiradas de lançadores de granadas em veículos, com cálculo predeterminado. Exatamente o tipo de ataque que um ataque de caça impediria, salvando vidas americanas. Nem todos, afinal, sobreviveram àquelas derradeiras horas de resistência e luta pela vida.
A versão do Departamento de Estado é a que é vista no filme: que não havia aviões prontos para o ataque. A embaixada em Tripoli e boa parte da CIA sabiam que havia aviões em base de Aviano Air Force, na Itália, que poderiam ter decolado e salvo até mesmo o embaixador, uma das primeiras baixas da noite, antes de a equipe da GRS ter chegado ao Complexo.
Kris “Tanto” Paronto, um dos sobreviventes daquelas 13 horas, em uma conferência organizada pela Maryland Citizen Action Network, revelou que dois caças AC-130H Spectre estavam “on call” naquela noite, ambos ao alcance de Benghazi. Um estava a intermináveis seis horas de distância, na base americana de operações especiais em Djibouti. O outro se encontrava na Naval Air Station Sigonella, na Sicília, a meros 45 minutos de vôo. As metralhadoras do Spectre são excelentes para conflitos urbanos por produzirem pouco efeito colateral. As 13 horas de inferno poderiam ser abreviadas no mínimo para a metade. Ou para um décimo.
Pelo filme, a visão do Departamento de Estado é final: de que os aviões não foram acionados, pois não havia como reabastecê-los. Em março deste ano, uma testemunha da U. S. Air Force que presenciou o desenrolar na Líbia afirmou que a desculpa (que o filme, curiosamente, não contrapõe) não cola, pois os caças americanos geralmente se reabastecem através de uma manobra chamada “hot pit”, sem nem precisar desligar os motores ao tocar o solo (ver Hillary could have saved Benghazi lives, por Daniel John Sobieski no American Thinker).

Polêmica 4: O chamado de Hillary Clinton

Se a “polêmica” Bob foi apenas uma cortina de fumaça lançada por veículos extremistas como o The Guardian para tentar desqualificar o público diante do que via nas telas e lia no livro de Mitchell Zuckoff, cada nova revelação sobre Hillary Clinton em Benghazi só complica sua situação.
Além do avião preparado, o Judicial Watch descobriu que ainda por cima havia um avião preparado para levantar vôo e salvar vidas americanas, que foi impedido por Hillary Clinton.
O então Chefe de Equipe do Departamento de Defesa Jeremy Bash enviou um e-mail oferecendo “forças que podem se mover para Benghazi” durante o ataque terrorista. O e-mail chegou aos oficiais do Departamento de Estado às 7:19 da noite – ou seja, apenas horas depois de o ataque ter começado.
O Comitê de Serviços Armados do Senado ouviu, em fevereiro de 2013, Leon Panetta, que defendeu a administração Obama afirmando que “o tempo, a distância, a falta de aviso adequado, eventos que se moveram rapidamente pelo solo impediram uma resposta mais adequada” das autoridades de Washington. O e-mail registrado de Jeremy Bash joga tal desculpa no lixo.
Por que Hillary Clinton não deu a ordem para salvar vidas americanas? Sob constantes ataques, as 13 horas que os americanos agüentaram abandonados à própria sorte só não causaram mais mortes pela bravura de homens que tinham uma missão a cumprir e a cumpriram. Diferentemente de burocratas, que ganham para prejudicá-los.

Polêmica 5: O discurso de Hillary Clinton

Preocupando-se apenas com sua imagem perante a opinião pública mirando sua eleição após o público americano se chocar com a administração dos dois “pacifistas”, Hillary Clinton ainda teria problemas mais graves ao tentar explicar o morticínio tão logo os corpos de quatro americanos mortos naquela noite quente de Benghazi voltaram à “homeland security”.
Em um discurso diante das famílias das vítimas que acabavam de ver os caixões dos heróis americanos, Hillary Clinton solta uma das mais desgraçadas frases mórbidas da política moderna, afirmando que todo o ataque ocorreu devido ao “vídeo horrível na internet”, garantindo que o filme (The Innocence of Muslims) nada tinha a ver com o espírito americano de respeito a todas as religiões e que o responsável pelo vídeo seria punido e colado na cadeia.
Hillary Clinton sobre Benghazi: sangue nas mãosA firmeza de Hillary contra o autor do filminho contrasta radicalmente com a sua brandura com os atiradores, provavelmente da milícia Ansar Al Sharia, que assassinaram os americanos que estavam sendo velados, e provavelmente nem sabiam da existência do vídeo.
Tampouco se sabe o que uma propaganda de respeito aos muçulmanos (que, para Hillary, não podem ser ofendidos com filminhos no Youtube, exigindo-se cadeia a quem os ofende), teria lugar em um velório de heróis americanos mortos provavelmente por uma milícia que exige a implantação da lei islâmica.
O discurso de Hillary Clinton pareceu mais um agrado para seus eleitores islâmicos que poderiam se “ofender” com o filminho The Innocence of Muslims e praticar na América o mesmo que fizeram em Benghazi (o seu próprio 17 de Fevereiro) do que em enaltecer heróis que arriscaram perderam a própria vida para defender a idéia da liberdade americana onde Obama e Hillary queriam uma unidade da CIA sob ataque terrorista.

Polêmica 6: Benghazi foi terrorismo?

E com isso chegamos a ainda uma outra polêmica. Neste discurso de Hillary, a Secretária de Estado americana culpa o vídeo e garante que mandará para a cadeia o seu autor. Mas, se foi mesmo um vídeo o causador do ataque, ele teria sido uma “típica” revolta muçulmana.
Problema número 1: em um e-mail para sua própria filha Chelsea, Hillary explicou a situação naquela noite dizendo que estavam sofrendo um ataque terrorista: “Two of our officers were killed in Benghazi by an Al Queda-like [sic] group”. Diante do Senado, todavia, Hillary preferiu se eximir de admitir que sabia que o Anexo e o Complexo da CIA estavam sob um ataque tão pesado que poderia ser considerado terrorismo, dando uma versão para sua filha e outra para a lei (com a imprensa lhe desculpando por dizer duas coisas distintas).
Problema número 2: percebendo a repercussão negativa de seu discurso, e vendo que a narrativa de culpar um vídeo pelo atentado (tirando, assim, sua própria responsabilidade em não socorrer um cenário de terrorismo) pegou mal, Hillary passou a negar que houvesse atribuído o atentado em Benghazi ao vídeo, novamente com conivência da grande mídia. 
A irmã de uma das vítimas de Benghazi, em concordância com o vídeo do discurso de Hillary, afirmou que Hillary, sim, falou diretamente a ela quando os corpos foram velados que a culpa do atentado era de um vídeo, mesmo que Hillary Clinton tenha dito a um de seus maiores doadores de campanha, o apresentador George Stephanopoulos, que não culpou o vídeo. A mãe de outra vítima afirmou o mesmo.
Para a situação de Hillary tentando se safar de sua conivência com um atentado terrorista em um ano eleitoral que mostraria as mentiras do Partido Democrata in true colors, a situação ficou ainda mais tensa ao se analisar algo que ocorreu à meia-noite daquelas 13 horas, como relata o ultra-detalhado e pesquisado livro de Mitchell Zuckoff:
O 11 de setembro chegou ao fim. Minutos depois do começo do novo dia, o Centro de Operações do Departamento de Estado em Washington enviou um e-mail para a Casa Branca, o Pentágono, FBI e outras agências do governo. O e-mail foi enviado à meia-noite e seis, horário de Benghazi, no dia 12 de setembro de 2012, e o título era o seguinte: “Atualização 2: A Ansar al-Sharia assume a responsabilidade pelo ataque a Benghazi.” A mensagem dizia: “A embaixada de Trípoli informa que o grupo reivindica responsabilidade no Facebook e no Twitter e anuncia um ataque à embaixada de Trípoli”. Quando o e-mail foi revelado semanas mais tarde, ele desencadeou uma tormenta sobre quando a administração de Obama soube que o ataque ao Complexo não era apenas um simples protesto, desorganizado e espontâneo devido ao vídeo anti-Maomé A inocência dos muçulmanos no YouTube, como várias autoridades oficiais sugeriram inicialmente. Mas depois a questão se tornou mais obscura, quando uma investigação feita por um pesquisador do Instituto de Washington para Política do Oriente Próximo não encontrou evidência alguma de que a milícia radical tivesse publicado tal afirmação nas mídias sociais.

Polêmica 7: As declarações de Hillary Clinton

Ainda que Benghazi seja praticamente desconhecida do público brasileiro que acompanha as eleições por nossa grande mídia, sempre a tratar Donald Trump como um maluco radical e grosseiro, e Hillary Clinton como a progressista que salvará o Brasil e o mundo da guerra (quando Benghazi é apenas uma amostra do potencial que a candidatura de Hillary possui para iniciar uma Terceira Guerra Mundial), as declarações de Hillary Clinton quando perguntada sobre Benghazi por jornalistas com um pingo de faro investigativo deixam qualquer frase de Donald Trump parecendo conversa de berçário.
Hillary Clinton sobre Benghazi: "What difference does it make?" (Que diferença faz?)Em junho deste ano, após um Comitê do Congresso rejeitar seu relatório de 800 páginas sobre o caso, com 4 mortes sob sua responsabilidade, Hillary jogou para a imprensa e a conivência de sentimentos que a mídia americana e mundial conseguiu fabricar na população sobre si própria e seus adversários “brancos ignorantes” republicanos: sem explicação nenhuma, simplesmente disse que “it’s time to move on” e mais não disse e nem lhe foi perguntado.
Não se queira imaginar a boataria mundial se um Republicano como George W. Bush ou Donald Trump tivesse proferido frase semelhante sobre algo que nem precisasse envolver mortes (ver mais em detalhado artigo no Daily Mail).
No Senado, em resposta ao Republicano Ron Johnson, em 2013, Hillary foi ainda mais violenta. Sem querer investigar se era mesmo um atentado terrorista (o que implicaria seu crime de omissão e suas mentiras ao Congresso) ou uma rebelião “espontânea” (o que não explicaria os avisos que tinham chegado mesmo a Benghazi, e os ataques calculados e as movimentações estranhas desde manhã, além da atuação da Ansar Al Sharia), Hillary conseguiu dizer: “Neste ponto, que diferença faz?!”
Seu discurso é extremamente contrastante com o que ela e Obama disseram logo após o atentado. Até o G1 noticiou que Obama, na época, afirmou: “”Não se enganem, nós vamos trabalhar com o governo líbio para levar à justiça os assassinos que atacaram nosso povo”. E bem condizente com o discurso que Hillary tenta negar, também afirmou:
“A América é um país que respeita todas as crenças. Rejeitamos qualquer tentativa de denegrir a fé religiosa de outros. Mas não há absolutamente justificativa nenhuma para este gênero de violência sem sentido, nenhuma.”
Neste momento, Hillary pode ter um karma com o qual lidar. Fora seu quase desmaio no aniversário do 11 de setembro que pode ter sido financiado pela mesma Arábia Saudita que financia sua campanha, e no aniversário do 11 de setembro 11 anos depois em Benghazi, com suas sucessivas mentiras, talvez se tenha chegado um momento em que discutir sua responsabilidade e quem assassinou os americanos (que num momento prometeu punir) faça alguma diferença.

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