Entre o sonho e a realidade
João Bosco Leal*
Até
hoje, milhões de pessoas se perguntam como Júlio Verne pôde ter
escrito, ainda no século XIX, livros de ficção científica que
anteciparam tantas invenções. O livro "Da terra à lua", de 1865 termina com o disparo de um projetil com o formato de uma bala gigante em direção à lua. No seguinte, "À volta da lua", de 1870, ele descreve a viagem desse projétil, com cinco "passageiros" em seu interior, em direção à lua.
A
riqueza de detalhes - como foguetes anexados ao projétil para amortecer
a descida na lua, além da aterrisagem do retorno no Oceano Pacífico -,
imaginada na data em que foi escrito, ainda impressiona os leitores
atuais. Em "Vinte mil léguas submarinas", de 1870, sua obra mais famosa, fala de um submarino, o Náutilus e, no "Volta ao mundo em 80 dias", de 1873, ele relata detalhes gráficos com tanta precisão que até hoje provoca curiosidade em geógrafos.
Ainda
na década de 1590, o pirata inglês Anthony Knivet, para se manter
submerso, usou um escafandro, armadura de borracha e latão ligada à
superfície por um duto, que assegurava a livre respiração e permitia
resistir à pressão da água. Só após ser utilizado por séculos, o
escafandro pôde ser substituído pelo aqualung - um equipamento
individual de mergulho capaz de estender o tempo de exploração submarina
-, inventado, em 1943, por Jacques-Yves Cousteau, um oficial da marinha
francesa, documentarista, cineasta e oceanógrafo que se tornou
mundialmente conhecido por suas viagens de pesquisa, a bordo do Calypso.
Leonardo
da Vinci (1452-1519) se destacou como cientista, matemático,
engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico,
poeta e músico. Literalmente um gênio raríssimo, com ideias muito à
frente de seu tempo, um visionário, sonhador e apesar de somente um
pequeno número de seus projetos haver sido construído durante sua vida,
com sua engenhosidade tecnológica concebeu projetos como o protótipo de
um helicóptero, um planador, um tanque de guerra, um veículo auto
propelido, o uso da energia solar, uma calculadora, o casco duplo nas
embarcações, uma bobina automática e outros inventos menores.
No
início do século XX os automóveis já existentes eram caros, difíceis de
dirigir e de fazer funcionar, dando a impressão de que era uma
indústria sem futuro até que, em 1908, Henry Ford lançou o Modelo T, um
carro simples, fácil de usar e bastante acessível, pois era vendido a
850 dólares cada e, com esses requisitos, vendeu 15 milhões de unidades
em cerca de 20 anos.
Em
1802 surgiu a ideia de se ligar a cidade de Folkestone, na Inglaterra, à
Coquelles, na França através de um túnel, mas só 186 anos depois, em
1988 teve início a construção do projeto do Eurotúnel, concluído em
1994, que passa por debaixo do Canal da Mancha por uma distância
submersa de 37,9 Km e a uma profundidade de 75 metros.
Sonhos
inacreditáveis há muito poucos anos, como os trens bala, os
computadores nos celulares, a internet, Wi-Fi, Bluetooth e os GPS
portáteis - manuais ou embutidos nos painéis dos veículos, motos,
bicicletas e até em relógios -, já são realidade utilizada por milhões,
enquanto alguns já dispõem de itens ainda mais modernos, como os carros
elétricos e os movidos a hidrogênio.
Alguns
outros sonhos, de execução antes inimaginável, como as estações
espaciais, as ilhas artificiais de Dubai, estradas submersas e
aeroportos flutuantes nos oceanos, já são ou estão se tornando
realidade.
Todos estes exemplos só nos mostram como Monteiro Lobato estava certo, quando escreveu: "Nada
do que o homem fez no mundo teve início de outra maneira - mas já
tantos sonhos se realizaram que não temos o direito de duvidar de
nenhum".
Só três coisas separam o sonho da realidade: o desejo, a dedicação e o tempo.
João Bosco Leal www.joaoboscoleal.com.br
*Jornalista, escritor e empresário
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