Ódio a Israel
O ódio a Israel, sem coragem de dizer seu nome, usa corpos de mulheres e crianças como escudo moralReinaldo Azevedo - FSP
O
Hamas tem dois grandes aliados: um número maior de mortos e o ódio
covarde a Israel. É um ódio dissimulado, sem coragem de dizer seu nome,
que usa os corpos de mulheres e crianças como escudo moral, mas que mal
esconde sua natureza. Sessenta e seis anos depois da "partilha",
renegada, então, pelo mundo árabe --e só por isso surgiu uma "causa
palestina"--, eis que Israel continua a lutar por sua sobrevivência. Já
teria sido "varrido do mapa" se, confiante na paz, não houvesse se
preparado para a guerra.
O país poderia ter sucumbido já em 1948.
Resistiu. Poderia ter sucumbido em 1967, mas venceu espetacularmente.
Poderia ter sucumbido em 1973 --e preferiu, de novo, sobreviver. Mas
seus inimigos, e não me refiro aos palestinos, ganharam a guerra de
propaganda. O espírito de um tempo sempre se impõe à maioria das
consciências porque não se faz de um único equívoco, mas de muitos, que
se combinam num sistema e tornam a ignorância confortável. Prevalece até
que equívocos novos componham outra metafísica influente.
Israel
hesitou bastante em fazer a incursão terrestre a Gaza. Seriam muitos os
mortos, dadas as características demográficas da região e a forma como o
Hamas se organiza. Adicionalmente, tinha-se como certa a perda de
soldados. O óbvio está se cumprindo. Há quantos anos o mundo assiste
impassível à conversão de Gaza numa base de lançamento de mísseis?
Quantas foram as advertências ignoradas pelo Hamas? Como reagiu a
organização terrorista ao assassinato de três adolescentes judeus?
Justificou a ação criminosa, aplaudiu-a e chamou o inimigo para a
guerra, esgueirando-se, armada até os dentes, entre mulheres e crianças,
cujo sangue fertiliza seus delírios homicidas.
Há, sim, entes
genocidas naquela região. E não é Israel. Um deles é o Hamas. É moral e
intelectualmente delinquente ignorar o conteúdo do seu estatuto
(is.gd/MUIyvh). Está lá: "Israel existirá e continuará existindo até que
o Islã o faça desaparecer". Ou ainda (Artigo 13): "As iniciativas [de
paz], as assim chamadas soluções pacíficas e conferências internacionais
para resolver o problema palestino, se acham em contradição com os
princípios do Movimento de Resistência Islâmica, pois ceder uma parte da
Palestina é negligenciar parte da fé islâmica". Tudo claro. Dilma
Rousseff só não lê porque Dilma Rousseff não lê.
O tal espírito
do tempo faz com que palavras e expressões sejam repetidas
preguiçosamente. Uma delas é "reação desproporcional". Seria
"proporcional" Israel jogar, a esmo, 2.000 foguetes contra Gaza? Quando
os terroristas palestinos lançam seus mísseis, estão em busca de alvos
militares? Tenho a tétrica suspeita de que muitas consciências se
pacificariam se os mortos israelenses também estivessem na casa dos
1.400. Uma forma de proporcionalidade... Só não há milhares de vítimas
em Israel porque o Domo de Ferro intercepta foguetes no ar. A vontade de
matar do Hamas é compatível com a sua convicção genocida. Os
terroristas não têm é competência. Israel pode, sim, ser acusado de
impedir que a adquiram. Será que o país deveria fazer o contrário e
franquear ao inimigo as condições de sua própria aniquilação? Não haverá
o fim do bloqueio a Gaza enquanto Gaza for a base dos que querem o fim
de Israel. Ponto.
Publiquei no último dia 16 um vídeo
(is.gd/ydf8qO) com uma entrevista de Sami Abu Zuhri, porta-voz do Hamas,
à TV Al-Aqsa, que pertence ao grupo. O entrevistador afirma: "As
pessoas [em Gaza] estão adotando o método dos escudos humanos...". Zuhri
se regozija: "Isso comprova o caráter dos nossos nobres, dos nossos
lutadores da Jihad. (...) Nós, do Hamas, convocamos o nosso povo para
que adote essa política".
Imaginei que a entrevista seria um
escândalo. No Brasil, só ganhou o devido peso no meu blog. É que as
"pessoas boas e justas" estavam muito ocupadas escondendo seu ódio ao
país nos corpos de mulheres e crianças e atacando Israel com os mísseis
do preconceito e da ignorância. Não há Domo de Ferro que os intercepte.
Espírito do tempo.
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