Reinaldo Azevedo - VEJA
O
engenheiro Paulo Roberto Costa, que está preso na Polícia Federal do
Paraná, deve ser solto até segunda-feira. Será monitorado por uma
tornozeleira eletrônica. A liberdade é parte do acordo de delação
premiada. De saída, pode-se afirmar que a concessão só está sendo feita
porque se considera que, até aqui, ele efetivamente está contribuindo
para desvendar os meandros dos crimes cometidos pela quadrilha que
operava na Petrobras. Há duas semanas, VEJA revelou parte do
que ele disse à Polícia e ao Ministério Público, incluindo a lista de
políticos que, segundo ele, se beneficiaram do esquema. Lá estão cabeças
coroadas do Congresso e também o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
Na edição desta semana, VEJA revela um conteúdo que compõe o núcleo
atômico da denúncia. Paulo Roberto liga o esquema corrupto à eleição de
Dilma Rousseff em 2010. É isso mesmo!
Costa,
como se sabe, era diretor de Abastecimento da Petrobras. Por sua
diretoria, passavam negócios bilionários, como a construção de
refinarias, aluguel de navios e plataformas e manutenção de oleodutos.
Ele chegou ao posto em 2004 — e lá permaneceu até 2012, já no governo
Dilma — pelas mãos do PP, mas foi adotado depois pelo PMDB e pelo PT. As
empreiteiras que negociavam com ele pagavam 3% de comissão, e o
dinheiro era distribuído, depois, a políticos. Sim, Paulo Roberto pegava
a sua parte. Só em uma de suas contas no exterior, há US$ 23 milhões.
Era íntimo
do poder. Lula o tratava por “Paulinho” — o Apedeuta, como se sabe, é
doce com os amigos… Pois bem: Paulo Roberto revelou à Polícia Federal e
ao Ministério Público que, em 2010, foi procurado por Antonio Palocci,
um dos coordenadores da campanha de Dilma Rousseff à Presidência. O
ex-ministro da Fazenda, que já tinha sido membro do Conselho da
Petrobras, precisava, com urgência, de R$ 2 milhões. Sim, vocês
entenderam: pediu, segundo o engenheiro, que a quadrilha que traficava
com o interesse público lhe arrumasse a dinheirama. Nota à margem: em
2010, Palocci era um dos três homens fortes da campanha de Dilma. Os
outros dois eram José Eduardo Cardozo, hoje no Ministério da Justiça, e
José Eduardo Dutra, hoje numa diretoria da Petrobras. Dilma os apelidou
de seus “Três Porquinhos”. Palocci, um dos porquinhos, virou ministro da
Casa Civil, mas teve de deixar o cargo porque não conseguiu explicar
como ficou tão rico atuando como… consultor. Adiante.
Dilma tem
feito o diabo para sustentar que não sabia da casa de horrores em que
havia se transformado a Petrobras. Como notou um ouvinte de “Os Pingos
nos Is”, o programa diário que ancoro na Jovem Pan, a “candidata Dilma”
é aquela que finge saber tudo, e a “presidente Dilma” é aquela que
nunca sabe de nada.
O
dinheiro, afinal, foi parar no caixa dois da campanha de Dilma? A ver.
Paulo Roberto operava por cima: negociava a propina com as empreiteiras,
pegava a sua parte e depois deixava a cargo dos políticos. A sua
diretoria pertencia à cota do PP — e foi a essa cota que Palocci pediu o
dinheiro. A distribuição da bufunfa era feita pelo doleiro Alberto
Youssef, que também fez um acordo de delação premiada. Ele poderá dizer
se a dinheirama ajudou a financiar a campanha da agora presidente, que
concorre à reeleição.
Embora
adotado pelo PMDB e pelo PT, reitere-se, Paulo Roberto era o homem do
PP. Os petistas, no entanto, tinham também o seu braço na estatal:
Renato Duque, que ficou 10 anos na Diretoria de Serviços. Segundo Paulo
Roberto, Duque operava exclusivamente para os petistas. Não percam isto
de vista: de acordo com a denúncia, Palocci foi pedir R$ 2 milhões da
cota do PP. Se mais pediu de outras cotas, eis uma possibilidade que tem
de ser investigada.
Atenção!
Paulo Roberto Costa só poderá ser beneficiado pelo estatuto da delação
premiada se as informações que fornecer forem úteis à investigação. Se
está prestes a sair da cadeia, é sinal de que a apuração está avançando.
Palocci e Dilma dizem qualquer irregularidade e dizem não saber de nada.
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