Raquel Vidales - El País
A rede de hipermercados Hipercor, pertencente ao grupo espanhol El
Corte Inglés, anunciou nesta manhã a retirada da venda de dois artigos,
depois de receber acusações de sexismo, sobretudo em redes sociais.
Eram duas roupas (macacões) para bebês de 1 a 36 meses nas quais
apareciam inscrições diferenciadas por sexo: na de cor azul, geralmente
destinada a meninos, lia-se "Inteligente como o papai", enquanto na
rosa, para meninas, estava escrito "Bonita como a mamãe". Os artigos são
anunciados em seu catálogo de moda de outono.
Um porta-voz do grupo afirmou a este jornal que "não houve qualquer vontade de faltar ao respeito com as mulheres" e que a empresa "sempre trabalhou em defesa da igualdade", mas lamenta ter ofendido suas clientes.
O Instituto da Mulher não recebeu qualquer denúncia formal de sexismo contra o Hipercor, mas uma porta-voz afirmou que vai analisar se a empresa pode estar descumprindo a legislação em termos de igualdade, em cujo caso poderia atuar e enviar um requerimento para que retire esses artigos.
Para determinar se um conteúdo ou produto é sexista, informa o órgão, deve avaliar "se situa as mulheres em posições de subordinação ou inferioridade, com menores capacidades ou inaptas para assumir responsabilidades", se "menospreza ou ridiculariza as atividades ou os valores atribuídos às mulheres" ou "contrapõe a superioridade dos masculinos e femininos".
A presidente da Federação de Mulheres Progressistas, Yolanda Besteiro, considera que "sem dúvida há sexismo nesses artigos. Associar as mulheres à qualidade da beleza e os homens à inteligência reproduz claramente os papéis estereotipados machistas tradicionais, que impedem avançar em igualdade", afirma. Na sua opinião, o Instituto da Mulher deverá enviar à empresa um requerimento para que retire os artigos de venda.
"O mais grave é que na maioria das vezes esse tipo de comportamento e promoções são feitos sem má fé, de maneira inconsciente, porque os estereótipos permanecem de forma soterrada na sociedade", adverte Besteiro. "Por isso é preciso investir mais em formação: não só na escola, mas também nas universidades. Especialmente profissões como os publicitários, estilistas ou criadores de brinquedos, para que não continuem utilizando esses estereótipos que causam tanto dano."
O grupo El Corte Inglés, procurado pelo El País, ainda não respondeu se está considerando a retirada desses artigos. No ano passado, pôs à venda uma coleção semelhante de roupas, com as mesmas inscrições mas em inglês, e não recebeu qualquer requerimento oficial.
O porta-voz da organização de consumidores Facua, Rubén Sánchez, concorda com Besteiro em que esses artigos são sexistas. "É machismo do mais rançoso, que perpetua uma imagem negativa da mulher", afirma. "E é claramente ilegal, porque a lei proíbe qualquer tipo de publicidade que atente contra a dignidade das pessoas", acrescenta.
Em maio passado, a Facua denunciou ao Instituto da Mulher a rede Carrefour, também por sexismo, por oferecer um biquíni com enchimento destinado a meninas de 9 a 14 anos e anunciá-lo em seu catálogo com a fotografia de uma menor posando em uma rede com um coquetel na mão, o que, segundo a Facua, atentava contra a dignidade da menina e fomentava uma "imagem tendenciosa das mulheres como objeto sexual". A empresa retirou a imagem de seu catálogo na Internet, mas não do folheto impresso.
Yolanda Besteiro adverte que essa situação de impunidade quando se cometem delitos sexistas é corrente. "Se não houver sanções, as empresas continuarão descuidando desse problema", avisa. "Nem sequer quando são levadas a julgamento e perdem, têm de pagar multa", lamenta.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
Um porta-voz do grupo afirmou a este jornal que "não houve qualquer vontade de faltar ao respeito com as mulheres" e que a empresa "sempre trabalhou em defesa da igualdade", mas lamenta ter ofendido suas clientes.
O Instituto da Mulher não recebeu qualquer denúncia formal de sexismo contra o Hipercor, mas uma porta-voz afirmou que vai analisar se a empresa pode estar descumprindo a legislação em termos de igualdade, em cujo caso poderia atuar e enviar um requerimento para que retire esses artigos.
Para determinar se um conteúdo ou produto é sexista, informa o órgão, deve avaliar "se situa as mulheres em posições de subordinação ou inferioridade, com menores capacidades ou inaptas para assumir responsabilidades", se "menospreza ou ridiculariza as atividades ou os valores atribuídos às mulheres" ou "contrapõe a superioridade dos masculinos e femininos".
A presidente da Federação de Mulheres Progressistas, Yolanda Besteiro, considera que "sem dúvida há sexismo nesses artigos. Associar as mulheres à qualidade da beleza e os homens à inteligência reproduz claramente os papéis estereotipados machistas tradicionais, que impedem avançar em igualdade", afirma. Na sua opinião, o Instituto da Mulher deverá enviar à empresa um requerimento para que retire os artigos de venda.
"O mais grave é que na maioria das vezes esse tipo de comportamento e promoções são feitos sem má fé, de maneira inconsciente, porque os estereótipos permanecem de forma soterrada na sociedade", adverte Besteiro. "Por isso é preciso investir mais em formação: não só na escola, mas também nas universidades. Especialmente profissões como os publicitários, estilistas ou criadores de brinquedos, para que não continuem utilizando esses estereótipos que causam tanto dano."
O grupo El Corte Inglés, procurado pelo El País, ainda não respondeu se está considerando a retirada desses artigos. No ano passado, pôs à venda uma coleção semelhante de roupas, com as mesmas inscrições mas em inglês, e não recebeu qualquer requerimento oficial.
O porta-voz da organização de consumidores Facua, Rubén Sánchez, concorda com Besteiro em que esses artigos são sexistas. "É machismo do mais rançoso, que perpetua uma imagem negativa da mulher", afirma. "E é claramente ilegal, porque a lei proíbe qualquer tipo de publicidade que atente contra a dignidade das pessoas", acrescenta.
Em maio passado, a Facua denunciou ao Instituto da Mulher a rede Carrefour, também por sexismo, por oferecer um biquíni com enchimento destinado a meninas de 9 a 14 anos e anunciá-lo em seu catálogo com a fotografia de uma menor posando em uma rede com um coquetel na mão, o que, segundo a Facua, atentava contra a dignidade da menina e fomentava uma "imagem tendenciosa das mulheres como objeto sexual". A empresa retirou a imagem de seu catálogo na Internet, mas não do folheto impresso.
Yolanda Besteiro adverte que essa situação de impunidade quando se cometem delitos sexistas é corrente. "Se não houver sanções, as empresas continuarão descuidando desse problema", avisa. "Nem sequer quando são levadas a julgamento e perdem, têm de pagar multa", lamenta.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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