Um país à beira do precipício
Já estamos em recessão, apesar de uma inflação bastante elevada. Não obstante, Dilma ainda é a líder nas pesquisas. Como?
Rodrigo Constantino -O Globo
Como
ainda ter esperanças no eterno “país do futuro” quando vemos que a
presidente Dilma, depois dos novos escândalos da Petrobras, continua
como favorita na corrida eleitoral? Não só isso: a delação premiada do
importante ex-diretor Paulo Roberto Costa, chamado de “Paulinho” por
Lula, não fez um único arranhão na candidatura da presidente. É um
espanto!
Quando estourou o escândalo do mensalão em 2005, muitos
acharam que era o fim de Lula e do PT. Os tucanos julgaram melhor
deixá-lo sangrando até as eleições em vez de partir para um pedido
legítimo de impeachment. Lula foi reeleito. A economia ia bem, graças
principalmente ao crescimento chinês.
Em 2010, Lula decidiu
iluminar seu “poste”, e Dilma, sem jamais ter vencido uma eleição na
vida, foi alçada diretamente ao posto máximo de nossa política. Havia
vários escândalos de corrupção divulgados pela imprensa, mas nada disso
adiantou. A economia estava “bombando”, no auge da euforia com o Brasil.
E, como sabemos, é a economia que importa, certo?
Mas o que
dizer de 2014, então? Os escândalos só aumentaram, a imagem de
“faxineira ética” virou piada de mau gosto, e até a economia mudou o
curso, derrubando o mito de “gerentona eficiente”. Já estamos em
recessão, apesar de uma inflação bastante elevada. Não obstante, Dilma
ainda é a líder nas pesquisas. Como?
É inevitável concluir que o
povo brasileiro ou é extremamente alienado, ou não dá a mínima para a
roubalheira. Quem aplaude o atual governo ou não sabe o que está
acontecendo, ou está ganhando dinheiro com o que está acontecendo. O PT
conseguiu banalizar a corrupção. Muitos repetem por aí que todos os
partidos são corruptos mesmo, então tanto faz: ao menos o PT ajudou os
mais pobres. Vivem em Marte?
Esses que adotam tal discurso são
coniventes com o butim, são cúmplices dos infindáveis esquemas de desvio
de recursos públicos. Querem apenas preservar sua parcela na pilhagem. E
isso vai desde os mais pobres e ignorantes, que dependem de esmolas,
até os funcionários públicos, os artistas engajados que mamam nas tetas
estatais, os empresários que vivem de subsídios do governo.
Desde
que a máfia respingue algum em suas contas bancárias, tudo bem: faz-se
vista grossa aos “malfeitos”. Uma campanha sórdida, de baixo nível,
mentirosa como nunca antes na história deste país se viu, difamando,
apelando para um sensacionalismo grosseiro, nada disso parece incomodar
uma grande parcela do eleitorado. Ao contrário: a tática pérfida surtiu
efeito e Dilma subiu, enquanto Marina Silva caiu. A falsidade compensa.
Vários
chegaram a apontar a vantagem de Argentina e Venezuela terem mergulhado
no caos com o bolivarianismo, pois ao menos a desgraça alheia serviria
de alerta aos brasileiros. Afinal, o PT vive elogiando tais regimes e os
trata como companheiros próximos, aliados ideológicos. Ledo engano. Nem
mesmo a tragédia de ambos os países despertou o povo brasileiro de sua
sonolência profunda.
O brasileiro é como aquele urso polar que
passa meses hibernando. A ignorância é uma bênção, dizem, mas só se for
para os corruptos populistas. E pensar que uma turma chegou a se
empolgar com as manifestações de junho de 2013, quando o gigante
supostamente havia acordado. Só se for para pedir mais Estado, mais do
veneno que assola nossa nação. O gigante é um bobalhão...
Não
pensem que culpo apenas ou principalmente o “povão”, os mais pobres e
ignorantes que, sem dúvida, compõem a maioria do eleitorado petista.
Não! Nossa elite também é culpada. Nossos “formadores de opinião”
ajudaram muito a trazer o Brasil até esse precipício, sempre enaltecendo
o metalúrgico de origem humilde ou a primeira mulher “presidenta”.
Ou
então delegando ao Estado a capacidade de solucionar todos os nossos
males, muitos deles criados pelo próprio excesso de intervenção estatal.
Temos uma elite culpada, que adora odiar o capitalismo enquanto usufrui
de todas as benesses que só o capitalismo pode oferecer.
Com uma
elite dessas, realmente não precisamos de inimigos externos ou de
desgraças naturais. O que é a ameaça islâmica ou um simples furacão
perto do estrago causado por uma mentalidade tão equivocada assim por
parte daqueles que deveriam liderar a nação? Nossa elite idolatra o
fracasso.
Roberto Campos foi certeiro ao constatar que, no
Brasil, a burrice tem um passado glorioso e um futuro promissor. Quer
maior prova disso do que todos esses anos de PT no poder? Mas parece que
ainda não foi o suficiente. O brasileiro quer mais! Quer dar um passo
adiante nesse precipício...
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