Sinais evidentes de recuo do setor de serviços
O Estado de S.Paulo
Há quem acredite que um termômetro seguro do
comportamento do setor de serviços é a frequência feminina aos salões de
beleza. Mas esses estabelecimentos, que proliferaram nos centros de
consumo nos últimos anos, passam por apertos com a queda de demanda.
Muitos proprietários fecham as portas ou tomam empréstimos para cobrir a
folha de pagamentos, segundo o Estado (21/9). A situação é agravada
pela queda do ritmo do comércio varejista, que deve crescer apenas 0,5%
em 2014, afetando as áreas de transporte, distribuição, marketing e a
chamada pós-venda, ou seja, a assistência ao cliente para reparo ou
troca de produtos.
Os dados se combinam para mostrar
a retração do setor de serviços, que deve crescer entre 0,9% e 1% em
2014. É o pior resultado desde 2003. Setores que cresciam rapidamente
estão revendo suas projeções.
A demanda de passagens aéreas
domésticas ainda cresceu 0,6% em julho, mas o aumento médio anual, de
dois dígitos de 2002 a 2011, caiu para 5,6%. A alta média anual das
vendas de canais de TV por assinatura baixou de 25% para 12%.
Na
venda e locação de imóveis, a tendência é de alta discreta de 1,5%
entre 2013 e 2014. O avanço do crédito imobiliário, de 30% em 2013, deve
cair à metade neste ano, em razão de critérios mais rígidos dos bancos
na concessão dos financiamentos.
Milhões de consumidores
estão endividados ou perderam a confiança na preservação do emprego. E
essa é a maior preocupação econômica hoje, não obstante o emprego venha
mostrando estabilidade nas regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE.
O setor de serviços responde por 70% dos empregos do País. Até o
momento, os empregadores evitaram demitir, mas já anteveem cortes no ano
que vem.
Até nos restaurantes as filas de espera
escasseiam, inclusive nos fins de semana, e nos bares há muitas mesas
vazias. A tentativa de reduzir preços para atrair clientes só é válida
se não resultar em prejuízo. Alguns empresários mal conseguem equilibrar
receitas e custos, parte dos quais não para de subir. Exemplos são a
carne e os frutos do mar.
Prenuncia-se, assim, um Natal
fraco. O segundo trimestre foi ruim para os serviços, com alta de 0,2%,
diz a economista Alexandra Ribeiro, da Tendências, prevendo um terceiro
trimestre com crescimento de 1,2%. Sem uma forte reação no último
trimestre, a expansão dos serviços poderá se limitar a 0,6%, mostrando o
desalento do consumidor com a evolução da economia.
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