Imaturidade perene
Não sei quanto a você, caro leitor, mas, no meu tempo, e lá se vão
quarenta anos, esse garoto seria merecedor de um grande troféu, além da
inveja da maioria dos amigos e colegas. Afinal, pouquíssimos de nós
conseguiria “pegar” uma beldade como a da foto acima e, muito menos,
ficar com ela por quatro meses. Definitivamente, é triste constatar
que os nossos bravos “heróis” do passado transformaram-se
irremediavelmente em vítimas indefesas, incapazes de se defender da
volúpia de mulheres atrevidas. Durma-se com um barulho desses…
Infelizmente, a cultura moderna tem logrado isolar completamente os
jovens, criando uma espécie de “mundinho teen” que os torna eternas
crianças indefesas, sem liberdade, sem iniciativa e, consequentemente,
sem responsabilidades. Colocamos nossos jovens na escola e os deixamos
lá, convivendo quase exclusivamente com garotos da mesma idade, até que
já se tenham tornado, muitas vezes, senhores de meia idade. Além disso,
os proibimos de trabalhar até que atinjam a famigerada maioridade
jurídica – algumas famílias estendem esse prazo até que eles se formem
na universidade. Por fim, sempre que eles fazem algo considerado errado
ou impróprio (politicamente incorreto?), acha-se um adulto para assumir a
culpa, tornando-os, de certa maneira, totalmente incapazes de responder
pelos próprios atos – no Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) é a prova cabal disso.
No passado, nem tão distante assim, os jovens eram integrados ao
mundo adulto tão logo mostravam-se minimamente capazes, sem que ninguém
percebesse neles qualquer sinal de trauma físico ou psicológico. Salvo
melhor juízo, a maioria das culturas antigas não tinha sequer uma
palavra para designar a adolescência. A cultura moderna não apenas
criou esta nova fase da vida, como a declarou inevitável, complicada,
perigosa e altamente lucrativa (nada contra, por favor!).
Quando eu era jovem, meus filmes favoritos eram 007, Drácula, os que
contavam histórias das grandes guerras e, last but not least, os
faroestes. Quase todos eram filmes feitos para o público adulto ou, pelo
menos, para todas as idades. É difícil lembrar de qualquer produção
“teen” de que eu gostasse. A coisa mais próxima que me vem à mente é “A
Noviça Rebelde”, embora esse não fosse um dos meus favoritos.
Atualmente, Hollywood produz uma quantidade imensa de películas voltadas
exclusivamente para os ditos adolescentes, tipo Harry Porter ET
caterva.
Saiamos do cinema e falemos de literatura. Quase todas as grandes
livrarias (inclusive as virtuais), têm hoje espaços imensos destinados a
essas estrovengas pseudo-literárias consumidas por adolescentes. São
corredores inteiros de estantes repletas de obras (?!) escritas e
voltadas para o público “teen”. Quando garoto, até por imposição da
escola, costumávamos ler, entre outros, Machado de Assis, José de
Alencar, Guimarães Rosa, Jorge Amado, Lima Barreto, Hemingway, Asimov,
Dostoiévski, Shakespeare, George Orwell, Swiftt, Agatha Christie…
Consumir literatura adulta jamais matou ninguém ou causou traumas, muito
pelo contrário. O grande filósofo escocês David Hume, por exemplo,
publicou sua primeira obra (o famoso “Tratado Sobre a Natureza Humana”)
aos vinte e poucos anos, depois de passar parte da infância e toda a
juventude “devorando” tudo que havia sobre filosofia, inclusive os
clássicos gregos, romanos e medievais.
A verdade é que a cultura moderna – ou pelo menos a cultura ocidental
– vem, paulatinamente, alongando indefinidamente a juventude. Antes que
me acusem de paranoico, não acho que exista uma conspiração e não sei o
que exatamente estaria por trás disso, embora tenha minhas
desconfianças. Não tenho dúvidas, entretanto, de que estamos negando
aos nossos jovens muitas experiências necessárias ao pleno
desenvolvimento do ser humano, bem como o exercício tempestivo de
algumas virtudes essenciais, vale dizer: independência,
responsabilidade, produtividade, integridade e assim por diante.
O resultado disso é que meninos e meninas têm despertado cada vez
mais tarde para a maturidade, embora, paradoxalmente, as modernas
tecnologias estejam despertando neles o instinto sexual cada vez mais
cedo. Quais serão as conseqüências concretas dessa anomalia cultural?
Não sei. Mas pressinto que não serão nada boas.
Prometeu agônico:
Estão criando uma geração de jovens infantilizados e/ou afeminados...
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