Como a influência militar russa no Oriente Médio colocou o governo americano em situações desconfortável
Daniela Macedo - VEJA
O presidente russo, Vladimir Putin, cumprimenta o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na sede das Nações Unidas, em Nova York - 28/09/2015(Chip Somodevilla/Getty Images)
A recente expansão da influência militar da Rússia no Oriente Médio começa a mostrar que Moscou pode ser mais do que uma pedra no sapato da política externa dos Estados Unidos. No domingo, Washington foi surpreendida por uma rasteira do governo russo: o anúncio de um acordo entre Irã,
Iraque, Síria e Rússia para o compartilhamento de inteligência no combate ao Estado Islâmico.
A exclusão do governo americano na nova coalizão para combater os terroristas do EI refletiu nos discursos dissonantes proferidos nesta segunda-feira na Assembleia Geral da ONU pelo presidente americano, Barack Obama, e pelo presidente russo, Vladimir Putin. Obama chamou o ditador sírio Bashar Assad de tirano e tentou amenizar a situação ao afirmar que "os Estados Unidos estão preparados para trabalhar com qualquer nação, incluindo Rússia e Irã, para terminar o conflito". O líder russo, por outro lado, ressaltou que as únicas forças lutando efetivamente contra o Estado Islâmico são as comandadas por Assad e pediu o apoio do Ocidente ao ditador sírio na luta contra os terroristas. "Seria um erro enorme não cooperar com aqueles que combatem frontalmente o terrorismo", enfatizou.
Somado ao envio de equipamento militar à Síria, o acordo firmado com Iraque, Irã e Síria, Putin não só impulsionou sua influência junto ao aliado Assad como também se posicionou à frente de Obama na escolha de um possível substituto ao líder sírio, caso Assad deixe o poder.
"Além de aumentar a influência russa no Oriente Médio, a manobra de
Putin deixou Obama em uma posição muito delicada, pois obriga os EUA a
voltarem à mesa de negociações com a Rússia após a invasão da Crimeia
[fevereiro de 2014] e força os americanos e outras nações do Ocidente a
se posicionarem em relação ao conflito na Síria", explica o especialista
em relações internacionais Rodrigo Reis, diretor do Instituto Global
Attitude. E foi o que aconteceu: os dois líderes se encontram a portas
fechadas na noite de hoje.
Irã - O presidente iraniano, Hassan Rohani, que também discursou nesta segunda-feira na Assembleia Geral da ONU, alfinetou Washington ao falar dos atuais conflitos no Oriente Médio. Segundo ele, a política externa dos Estados Unidos "cultiva as sementes da divisão e do extremismo" na região. "Não devemos esquecer que as raízes das guerras de hoje, da destruição e do terror, podem ser encontradas na ocupação e nas intervenções militares de ontem".
De olho no vantajoso pacto nuclear assinado recentemente com o Grupo 5+1 (EUA, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Rússia e China), contudo, as acusações de Rohani foram contidas. A suspensão de sanções econômicas impostas ao Irã pode, no futuro, insuflar ainda mais os conflitos que Estados Unidos e aliados tentam combater - atualmente, o Irã oferece ajuda financeira de 6 bilhões de dólares por ano ao ditador sírio Bashar Assad - e, assim, apertar ainda mais o nó que Obama tenta desatar.
Irã - O presidente iraniano, Hassan Rohani, que também discursou nesta segunda-feira na Assembleia Geral da ONU, alfinetou Washington ao falar dos atuais conflitos no Oriente Médio. Segundo ele, a política externa dos Estados Unidos "cultiva as sementes da divisão e do extremismo" na região. "Não devemos esquecer que as raízes das guerras de hoje, da destruição e do terror, podem ser encontradas na ocupação e nas intervenções militares de ontem".
De olho no vantajoso pacto nuclear assinado recentemente com o Grupo 5+1 (EUA, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Rússia e China), contudo, as acusações de Rohani foram contidas. A suspensão de sanções econômicas impostas ao Irã pode, no futuro, insuflar ainda mais os conflitos que Estados Unidos e aliados tentam combater - atualmente, o Irã oferece ajuda financeira de 6 bilhões de dólares por ano ao ditador sírio Bashar Assad - e, assim, apertar ainda mais o nó que Obama tenta desatar.
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