O resultado dos exames só faz aumentar a estranheza; trata-se de uma escolha particularmente lenta e dolorosa
Xiii…
É estranho
para dizer pouco. Paulo César Morato, empresário investigado pela
Operação Turbulência e que apareceu morto no dia 22, no motel Tititi, em
Olinda, morreu envenenado. Ele ingeriu a substância organofosforado, um
dos venenos vendidos na forma granulada e que são conhecidos como
“chumbinho”. Originalmente um pesticida agrícola, costuma ser empregado
para eliminar ratos.
Até esta
quinta, a única coisa que se sabia é que Morato aparecera morto no
motel, mas não se conhecia a causa. É evidente que a coisa tem lá a sua
estranheza. Façam como fiz. Pesquisem a respeito dos efeitos da ingestão
do veneno. Por maior que seja a quantidade, a morte é lenta quando
comparada, por exemplo, a um tiro.
É evidente
que não se pode cassar de alguém que tenha decidido pôr fim à própria
vida o direito de escolher de que maneira o fará, mas tendemos a achar
que uma pessoa determinada vá escolher o caminho mais curto, não o mais
lento e doloroso.
É claro
que volta a crescer a suspeita de homicídio — vale dizer: Morato teria
sido envenenado em vez de se envenenar — ainda que, segundo as
investigações, ele já tivesse tentando o suicídio ao menos uma vez. O
advogado do motel diz que ele entrou sozinho no quarto.
Quando foi
encontrado morto, Morato era o único foragido da Operação Turbulência,
que investiga uma mega-esquema de desvio e lavagem de dinheiro público
que pode ter movimentado R$ 600 milhões.
Segundo a
Polícia Federal, o chefe do grupo era João Carlos Lyra Pessoa de Melo,
apontado como o caixa informal das campanhas de Eduardo Campos,
ex-governador de Pernambuco e candidato do PSB à Presidência em 2014.
Ele morreu num acidente aéreo no dia 13 de agosto de 2014.
A Operação
Turbulência foi criada a partir de dúvidas que surgiram sobre quem era,
afinal, o dono da aeronave. Ela pertencia a Lyra, mas, segundo as
investigações, teria sido comprada com dinheiro transferido de uma
empresa fantasma de Morato, a Terraplenagem Câmara & Vasconcelos.
Tal empresa, por sua vez, recebeu R$ 18,8 milhões da OAS por obras na
transposição do São Francisco que nunca teriam sido executadas.
Esse dinheiro teria sido transferido a Lyra, que, então, comprou o avião, também por intermédio de uma empresa fantasma.
A Polícia
Federal e o Ministério Público já não têm duvida de que os homens presos
na Operação Turbulência faziam parte do esquema de financiamento
irregular de campanhas de Eduardo Campos.
Morato era
considerado uma espécie de homem-chave no esquema. Mas não vai poder
colaborar, não é? Afinal, quem ingere veneno de rato geralmente não fala
mais.
É claro
que essa história cheia muito mal. E não é menos evidente, a esta
altura, que Campos só não é umas das estrelas da política brasileira em
apuros porque o acidente com o avião o matou. Avião que deu início à
Operação Turbulência.
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