Movimentação financeira de 'garçom do Lula' foi 69 vezes superior aos seus rendimentos
Carlos
Roberto Cortegoso é investigado pela Operação Custo Brasil pela
suspeita de ter recebido dinheiro desviado do Ministério do Planejamento
na gestão de Paulo Bernardo
VEJA
Polícia
Federal faz buscas na sede do PT em São Paulo durante operação Custo
Brasil, desdobramento da Operação Lava Jato - 23/06/2016 (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
A movimentação financeira do dono da Focal Confecção e
Comunicação Visual - segunda maior fornecedora da campanha de 2014 da
presidente afastada Dilma Rousseff (PT) -, Carlos Roberto Cortegoso,
chegou a ser "69 vezes maior do que o valor dos seus rendimentos
declarados" à Receita Federal. Conhecido como o "garçom do Lula", o
empresário de São Bernardo do Campo (SP) é investigado pela Operação
Custo Brasil por ter escoado pelo menos 309.000 reais da propina
desviada no Ministério do Planejamento na gestão de Paulo Bernardo.
"A movimentação de Carlos Cortegoso chama a atenção por ser, em
muitos casos 69 vezes maior do que o valor de seus rendimentos
declarados. Além disso, apresenta uma variação patrimonial descoberta",
registra representação da Polícia Federal, nos autos da Custo Brasil,
feito com base na quebra do sigilo do investigado feita pela Receita
Federal. O documento mostra que nos anos de 2010, 2012, 2013 e 2014 a
movimentação financeira de Cortegoso foi muito superior aos rendimentos
declarados.
O empresário atua em campanhas do PT desde a década de 1990 e
forneceu material gráfico e camisetas para todas as disputas
presidenciais do partido desde 2002. Em 2014, os gastos com a Focal
aumentaram ainda mais e chegaram a 23 milhões de reais. O Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) investiga os pagamentos. Além da campanha
presidencial, a empresa de Cortegoso recebeu 158.000 reais da
candidatura da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), mulher do ex-ministro
Paulo Bernardo, que foi solto na última quarta-feira, depois de ficar seis dias preso.
O empresário ganhou o apelido de "garçom do Lula" porque trabalhou em
um restaurante em São Bernardo do Campo (SP) frequentado pelo
ex-presidente quando ainda era sindicalista. No fim dos anos 90,
Cortegoso montou uma empresa de produção de camisetas e material de
campanha. Com a chegada do PT ao Palácio do Planalto, em 2002, o negócio
cresceu rapidamente e ele virou o principal fornecedor das campanhas do
partido.
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