Ministro visita frigorífico investigado e afirma "parceria" com a PF
Angelo Sfair, Narley Resende e Fernando Garcel - Paraná Portal
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) Blairo
Maggi esteve em Curitiba para defender as investigações da Polícia
Federal (PF) e diz que não tem como prever o tempo necessário para o
Brasil recuperar a credibilidade junto ao mercado internacional de
carnes. Maggi vistoriou um frigorífico da empresa JBS/Seara na Lapa,
região metropolitana de Curitiba, nesta terça-feira (21). A inspeção do
ministro deve ser feita nas próximas três semanas em todas os 21
frigoríficos investigados na Operação Carne Fraca.
Ainda dentro do frigorífico da Seara, o ministro Blairo Maggi voltou a
comentar o que o Governo Federal acredita que são erros de
interpretação da PF. O caso mais emblemático revelado pela operação é o
suposto uso de papelão no processamento das carnes. “No processo não usa
papelão. Foi uma informação errada. Ouviram erradamente porque não
conhecem os termos do dia a dia de uma planta dessa. É lamentável, mas
aconteceu”, garante Maggi.
O peemedebista garantiu que a carne brasileira tem qualidade e
reforçou que o governo está em contato com autoridades internacionais
para explicar o que chama de problemas pontuais. Porém, ele acrescentou
que é impossível prever o tempo necessário para recuperar a imagem dos
produtores brasileiros: “Essa é a pergunta que vale um milhão de reais”,
completou.
O ministro também mudou o tom em relação a PF e, após duras críticas a
Operação Carne Fraca, classificou a corporação como uma “parceira” do
ministério para identificação e resolução de “problemas
pontuais”. Blairo Maggi preferiu não especular sobre desdobramentos da
investigação, revelando que novas denúncias envolvendo o setor de carnes
chegaram a Polícia Federal.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) reclama
que não foi consultada pela investigação. A PF argumenta que não poderia
consultar o Mapa, visto que o próprio ministério é alvo da Operação
Carne Fraca. Mesmo assim, a coordenação da PF em Brasília e o ministro
Maggi chegaram a um acordo para que os órgãos se comuniquem melhor.
“Combinamos que vamos ter algumas reuniões e que as investigações
devem prosseguir, mas com um pouco mais de conhecimento técnico das
informações sobre nossos regulamentos técnicos para saber se aquilo que o
investigador está olhando é de fato um ilicito ou se o nosso
regulamento permite”, declarou o ministro. “Eu não quero entrar em
conflito com ninguém pois eles tem um papel importante para executar e
tenho certeza que vamos em um bom caminho”, finalizou.
A PF tem até hoje para apresentar os laudos técnicos que serviram de
base para a Operação Carne Fraca, deflagrada na última sexta-feira. A
decisão é do juiz Marcos Josegrei, o mesmo que autorizou a ação
policial. A liberação dos laudos atende a um pedido do Ministério da
Agricultura, que ainda não teve acesso aos lotes de carne considerados
suspeitos.
Férias coletivas
Depois da operação Carne Fraca, a BRF Brasil Foods anunciou que cerca
de 1,7 mil funcionários entraram em férias coletivas. Os trabalhadores
atuam na linha de produção da marca Sadia em Toledo, no oeste do Paraná.
Segundo a empresa, a fábrica vai passar por uma reforma de modernização
que deve durar 15 dias. De acordo com a BRF, a paralisação não está
relacionada a operação.
Lista de Janot
O ministro comentou a notícia de que o nome dele faz parte da segunda
lista do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, e garantiu que
“nunca manteve contato com executivos” para pedir recursos. Segundo o
peemedebista, a chance do nome dele ser investigado no Supremo Tribunal
Federal “é nula”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário