Entenda o que a lei da terceirização vai mudar na sua vida
Texto aprovado flexibiliza contratação e regulamenta prestação de serviços temporários
O Globo
A lei da terceirização aprovada nesta quarta-feira pela Câmara dos
Deputados muda a forma como se trata a contratação de trabalhadores por
empresas terceirizadas. O
projeto de lei flexibiliza a terceirização — quando uma empresa
contrata trabalhadores por intermédio de uma terceira companhia — e
regulamenta a prestação de serviços temporários. O texto-base foi aprovado por 231 votos favoráveis e 188 contrários. Agora, seguirá para sanção presidencial.
Confira a seguir perguntas e respostas para entender o que muda na terceirização.
O que é o projeto de lei de terceirização aprovado?
A
proposta flexibiliza a terceirização e regulamenta a prestação de
serviços temporários. Ela amplia a possibilidade de oferta desses
serviços tanto para atividades-meio (que incluem funções como limpeza,
vigilância, manutenção e contabilidade), quanto para atividades-fim (que
inclui as atividades essenciais e específicas para o ramo de exploração
de uma determinada empresa). Hoje, a terceirização só é permitida para
atividades-meio.
O que a lei permite?
A
lei permite que todas as atividades que podem ser terceirizadas dentro
de uma empresa, incluindo as atividades consideradas essenciais. Com
isso, abre a possibilidade irrestrita para a contratação de
terceirizados. Numa escola, por exemplo, os professores poderão ser
contratados de forma terceirizada. Em um hospital, médicos e enfermeiros
também poderão ser terceirizados. Até agora, as contratações eram
limitadas a atividades como limpeza e segurança, que são consideradas
atividades-meio.
O que a lei não permite?
A lei não altera
direitos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), como férias, décimo
terceiro salário e hora extra. Além disso, o projeto de lei aprovado
também impede que seja firmado um contrato de terceirização nos casos de
existência de vínculo empregatício.
O que muda para o trabalho temporário?
Hoje, o
trabalho temporário é permitido para períodos de até três meses. O
projeto de lei aprovado amplia esse prazo para seis meses, prorrogáveis
por mais 90 dias. Isso significa que os contratos terão prazo máximo de
nove meses.
De quem é a responsabilidade sobre os direitos trabalhistas?
O
projeto aprovado cria a responsabilidade subsidiária. No caso de não
pagamento dos direitos trabalhistas, o trabalhador aciona na Justiça
primeiro a empresa prestadora de serviço. Só se ela não comparecer é que
o trabalhador pode acionar a companhia contratante. Um segundo projeto,
atualmente no Senado, prevê a responsabilidade solidária, ou seja,
compartilhada entre as prestadoras de serviços e as contratantes. Neste
caso, cabe ao trabalhador escolher a quem acionar judicialmente.
O que acontece se a empresa terceirizada vai à falência?
No
âmbito da responsabilidade subsidiária, o trabalhador que não recebeu
seus direitos e vai à Justiça aciona primeiro a prestadora e no
processo, já cita a contratante. Se a primeira empresa não pagar ou
falir, a contratante tem que pagar.
A ampliação das atividades que podem ser terceirizadas vai trazer precariedade para o mercado de trabalho?
Especialistas
estão divididos sobre o assunto. Alguns argumentam que a dicotomia
entre atividade-fim e atividade-meio não se sustenta e que não há
clareza sobre como classificar as atividades. Outros reconhecem o papel
da terceirização, mas destacam que há riscos de que as relações entre
empregados e empregadores fiquem mais frouxas e o trabalhador não tenha
ganhos.
A aprovação da terceirização vai ajudar a criar empregos?
Antes da aprovação do projeto, no início da semana, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que a lei seria positiva para o país na expansão de empregos.
Para ele, as empresas têm resistido a contratar por causa da rigidez
das leis trabalhistas. “Acredito que ajuda muito porque facilita a
contratação da mão de obra temporária. Facilita a expansão dos empregos.
Hoje muitas vezes a empresa resiste à hipótese de aumentar o emprego
justamente por alguns aspectos de rigidez das leis trabalhistas. É
importante para fazer com que funções temporárias ou em caráter não
permanentes sejam viabilizadas”, disse o ministro. Há quem acredite, no
entanto, que a permissão irrestrita para a terceirização não vai mudar o
ânimo do mercado.
Podem ocorrer novas mudanças na legislação trabalhista?
Sim.
Há um segundo projeto que trata de terceirização no Congresso, que foi
aprovado pela Câmara dos Deputados em 2014, e estabelece mais regras. Há
negociações para que este segundo texto também siga adiante. A ideia do
governo é juntar as duas propostas para regulamentar o processo de
terceirização, numa espécie de mix.
Este texto prevê a obrigatoriedade para que empresas contratantes
retenham na fonte impostos e contribuições de todos os profissionais
prestadores de serviço. A legislação atual determina a retenção na fonte
somente nos contratos de cessão de mão de obra, como atividades de
cessão de mão obra, como atividades de vigilância, limpeza e
informática. Aprovado pelo Senado, o texto também seguirá para sanção.
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