Pais passam os últimos momentos com bebê Charlie
Charlie Gard,
de 10 meses, tem uma doença genética que causa perda muscular
progressiva. A Corte Europeia indicou o desligamento dos aparelhos
Os pais do pequeno Charlie Gard, de 10 meses, estão passando os últimos dias ao lado de seu filho em estado terminal
— antes que os aparelhos sejam desligados. Na última terça-feira, Chris
Gard e Connie Yates foram informados que a Corte Europeia de Direitos
Humanos indicou o desligamento dos equipamentos que dão suporte à vida
do bebê.
Charlie sofre de uma síndrome de miopatia mitocondrial, uma
condição que provoca a perda progressiva de força muscular. A doença
genética e incurável é considerada extremamente rara. O pequeno nasceu
em agosto de 2016, aparentemente saudável. Com o tempo, Connie notou que
ele começou a perder peso e força. Ao completar oito semanas de vida,
Charlie foi levado ao Hospital Great Ormond Street, em Londres, depois
de desenvolver pneumonia. Ficou internado desde então e precisa de
ventilação mecânica para continuar vivo.
O bebê está no centro de uma longa batalha judicial entre
seus pais, que gostariam de que ele fosse submetido a uma terapia
experimental nos Estados Unidos, e especialistas do hospital de Londres,
que dizem que nenhum tratamento experimental seria capaz de salvá-lo.
Na última terça, a Corte Europeia emitiu sentença definitiva para que os aparelhos fossem desligados e ordenou a suspensão das medidas judiciais provisórias que estavam sendo aplicadas aguardando a decisão judicial final.
A história de Charlie emocionou o mundo. Seus pais já
arrecadaram mais de 1,4 milhão de libras (o equivalente a 6 milhões de
reais) após lançar um um apelo em um site americano para pagar o
tratamento. Até mesmo o papa Francisco se manifestou, com mensagem
enviada a partir do Vaticano. Ele disse que ninguém deveria acabar
deliberadamente com uma vida humana e acrescentou: “Caro Charlie …
estamos rezando por você”.
Os pais também enviaram uma mensagem aos que acompanhavam a
história: “Por favor, respeite nossa privacidade enquanto nos preparamos
para dizer o último adeus ao nosso filho Charlie”.
Para Luciana Dadalto, advogada especialista em saúde, a
decisão da Corte Europeia é importantíssima para a discussão da
obstinação terapêutica. “É preciso conscientizar as pessoas de que há
uma hora para parar e deixar o curso natural da doença. E,
especificamente quanto ao caso Charlie Gard, entendo que realmente o
melhor para ele é não ser submetido ao tratamento experimental e ter
resguardado o direito à morte digna”.
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