Denúncias de estupro e assédio sem punição causam indignação, mas a única forma de diminuir tais crimes horrendos é com penas mais rigorosas.
Casos
recentes tomaram a mídia envolvendo crimes contra mulheres, como
denúncias de estupro e assédio que, ao invés de ganharem as páginas
policiais, mereceram destaque mais na coluna de fofocas de celebridades.
Tal se deu por um continuum de notícias envolvendo sexo e opressões de natureza sexual propagandeando a ideologia feminista nos últimos dias.
Apesar de todo o alarido que é feito
sobre estupros e crimes sexuais e contra a mulher, exatamente a única
coisa que é capaz de diminuir tais crimes é limada do debate público: a
necessidade de leis penais mais rigorosas contra estupradores e
assediadores.
Conforme já explicamos, há um molde pré-formato para se fazer análises sociais que envolvam crimes e injustiças na intelligentsia atual: todo
crime deve ser desculpado e amenizado, dissolvido em uma culpa coletiva
da “sociedade”, triangulado para um ente abstrato e amorfo que retire
qualquer responsabilidade de escolha de ação do indivíduo. No dizer de Thedore Dalrymple, é “Hamlet sem o príncipe”.
A única exceção são os crimes sexuais,
como o assédio e o estupro. Para estes, toda punição é exigida não
apenas para o criminoso, mas até para quem se pareça com o criminoso.
Pareça-se com o molestador. Tenha parentesco com o abusador. Seja
advogado do violador. Ou tenha algum dia cumprimentado o abusador. Não
há masmorra com punição o suficiente para estes seres.
Com
a mentalidade também dissolvida em ideologias e afastada do bruto
contato com a realidade, o palpitariado crê que os dois tipos de crime
não possuem correlação nenhuma. Os crimes de sangue, incluindo seqüestro
e assassinato, seriam meramente econômicos, derivados de uma
“desigualdade” vista como injusta por si, enquanto o estupro e suas
variantes seria um crime de escolha, maldosamente até incentivado por
esta mesma sociedade – e aí, não há discurso sobre desigualdade sexual que cole: o crime é maldade pura e o criminoso é puramente maldoso.
Na vida real, longe das ideologias e
explicações da modinha que todos repetem como se fossem o último achado
da inteligência e razão analítica, nada é mais óbvio que um ambiente de
amoralidade e incentivo ao instinto puro sem freios vai gerar tanto o
roubo quanto o rapto com fins sexuais. Que não há sociedade com muitos
assaltos e poucos estupros. O parentesco entre o furto e o
constrangimento sexual, entre o assassinato e o os raptos seguidos de
espancamento, é cristalino como água de uma fonte de fadas para qualquer
ser humano que não precise do aplauso dos coleguinhas da faculdade ou
do Twitter.
O que coíbe um assaltante e um
estuprador é rigorosamente a mesma coisa: a repressão ao seu ato. Uma
educação que ensina justamente pulsões do corpo (e critica qualquer
auto-controle como “obscurantismo” e “preconceito”) será a última capaz
de ensinar alguma moral que atinja logo estupradores – disparadamente os
que mais gostam das aulas de educação sexual que tratam qualquer
moralidade no sexo como resquício da Inquisição. Muito menos adiantará
destruir o poder de educação da família e transferi-lo a um Estado
defensor de atalhos para a satisfação das vontades. E estupradores,
qualquer feminista há de concordar, os há em qualquer classe social ou
nível de instrução.
Não
adianta usar bordões da modinha de quem pensa por manada e se orgulha
de se tornar propaganda partidária obrigatória, como “Ensinem os homens a
não estuprar” (como se homens não repudiassem o estupro tanto quanto
mulheres – pergunte a qualquer presidiário), se não é possível levantar
cartazes como “Ensinem os nóias a não roubar” ou “Ensine o goleiro Bruno
a não matar e mandar esquartejar”. O ridículo é o mesmo.
Se o objetivo é lacrar e fazer textão no
Facebook, ignorando até mesmo a polícia, parece até útil não ser a
última da turminha a ter um caso de estupro/assédio a relatar, ainda que
sem muita “lógica” (mais vale a narrativa do que pensar se alguém
precisa tomar coquetel anti-DST após ser bolinada). Em um país com 56
mil homicídios anuais, é mais do que factível imaginar que o número de
estupros reais é desesperadoramente maior.
Mas se o objetivo é diminuir estupro, só
há duas coisas a fazer: exigir uma moral sexual ordenada no civil e um
rigor de polícia muito maior no penal. É tão simples quanto parece, não
vai render bônus com o professor citando Walter Benjamin e também não
tem um -ismo para fazer “leitura crítica” da sociedade: é
simplesmente aquele funcionamento da sociedade tão eterno e tão avesso a
intelectuais, que até hoje não sabem pra que serve um torneiro
mecânico, mas falam em “trabalhadores”, não sabem dobrar um lençol de
elástico, mas criticam o “patriarcado”. A sociedade funciona às vezes
muito bem sem ideologozinhos de faculdade de Humanas.
Bem ao contrário do que pretendem as
leituras críticas, naufragando na verborréia da Escola de Frankfurt e
nas libertinagens auto-justificantes de Michel Foucault, quem permite
que um país como o Brasil vire um mar de estupros não é a direita com
seu “patriarcado machista obscurantista”: quem criou leis que amenizam a
vida de criminosos, incluindo estupradores, foi justamente a esquerda. E quem cria o clima propício para a violência, inclusive de estupros, é novamente a esquerda. Se existe uma “cultura de estupro”, ela se chama vitimismo de esquerda. O mundo sem feminismo teria menos estupros.
Se a esquerda quiser continuar com seu discurso de lacradas, pode continuar chafurdando em contradições, desde que com um discurso chic retirado
de leituras superficiais de intelectuais superficiais lidos em
faculdades superficiais. Mas se quiser mesmo diminuir estupros, tem de
fazer exatamente o oposto do que faz: pedir leis rigorosas, defender uma
moral sexual mais regrada, repudiar a sexualização infinita da
sociedade, criar uma cultura de mais auto-controle e virtude e menos
defesa de bandido e do puro instinto, com o acidental mimimi quando
alguém sugere segurar as vontades.
Não há projetos de esquerda para punir estupradores com mais rigor, embora toda feminista
culpe “o machismo da sociedade” (logo transmutado para “os homens”)
para afirmar que estupradores e assediadores não são punidos como
deveriam. Fora do discurso lacrante, deveriam lembrar que o único
político a propôr castração química para estupradores foi o seu anátema
Jair Bolsonaro, que foi condenado por “incitação ao estupro” por dizer
que não estupraria uma… defensora de estuprador.
Será mesmo que o vocabulário chic das
ideologias traz mesmo maior capacidade de análise e percepção da
realidade e da verdade, ou é apenas arma de doutrinação que transforma
mulheres em engrenagens de ideologias contraditórias que não percebem
que, o tempo todo, defendem com unhas e dentes aquilo que mais se volta
contra sua fragilidade em cada esquina que dobram em noites escuras?
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