A notificação de cobrança foi enviada pela Justiça de São Paulo para o fórum de Bangu, no Rio, em fevereiro deste ano, quando Eike ainda estava no presídio.
Desde abril, o empresário cumpre pena domiciliar por decisão do ministro do Supremo Gilmar Mendes. Até hoje, Eike não pagou a conta nem teve bens bloqueados para arcar com essa dívida –algo que estava previsto no contrato com o banco.
A penhora dos bens não pôde ser feita porque o fórum de Bangu não devolveu os documentos da notificação para o Tribunal de Justiça de São Paulo, onde tramita o processo. É o que afirma o banco em novo pedido à Justiça feito no mês passado. Sem isso, não é possível bloquear mais bens de Eike Batista.
O valor já foi devidamente provisionado, e o Bradesco ainda tenta recuperar o dinheiro –ou parte dele.
Segundo cálculos da agência americana Bloomberg, Eike tem hoje um patrimônio de US$ 104,5 milhões (R$ 345 milhões pela cotação atual).
Junto com o Itaú, o Bradesco foi um dos bancos mais expostos ao grupo X, como ficou conhecido o império construído pelo empresário.
Somente nos empréstimos de curto prazo, os dois bancos registraram perdas de cerca de R$ 3,7 bilhões –num total de quase R$ 8 bilhões envolvendo outras instituições.
No BNDES, os empréstimos de longo prazo somaram cerca de R$ 20 bilhões entre operações diretas (feitas pelo próprio banco) e indiretas (por meio de repasses a outras instituições que assumiram o risco da operação).
A dívida cobrada pelo Bradesco é de uma empresa em um paraíso fiscal chamada Aux Luxembourg e que seria de Eike. Nos documentos, ele aparece como representante legal da companhia.
Em 2013, a Aux Luxembourg fechou contrato de empréstimo com o Bradesco, que então abriu uma espécie de conta de crédito para o grupo X.
No processo, o banco afirma que, em dezembro de 2016, o empréstimo venceu e a Aux Luxembourg não pagou US$ 318,5 milhões –equivalente a R$ 1,1 bilhão em valores de fevereiro deste ano e que incluem impostos.
Procurado, o banco Bradesco não quis se pronunciar. O advogado de Eike Batista não retornou até a conclusão desta edição.
DERROCADA
Eike Batista foi considerado o homem mais rico do Brasil pela revista "Forbes". Em 2012, sua fortuna foi estimada em US$ 34 bilhões. Na ocasião, ele disse que pretendia ser o homem mais rico do mundo até 2015 –chegou a ser o sétimo.
Em boa parte, seu império cresceu graças à política de campeões nacionais do ex-presidente Lula, que concedeu crédito farto e barato do BNDES para grupos como Odebrecht e JBS, hoje focos da operação Lava Jato.
Em junho de 2013, porém, os planos começaram a rui quando a OGX reduziu o plano de produção de petróleo, confirmando uma desconfiança generalizada no mercado de que as promessas de Eike eram infundadas.
Em outubro daquele ano, a empresa entrou em recuperação judicial com uma dívida de R$ 11,2 bilhões. Na sequência, outras empresas do grupo, como a OSX, entraram em dificuldades também.
A situação do empresário piorou ainda mais com o envolvimento na Lava Jato.
Eike foi preso em janeiro deste ano porque dois doleiros que fecharam acordos de delação premiada entregaram supostos pagamentos de US$ 16,5 milhões em propina pelo empresário ao ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, que também está preso e foi condenado a 45 anos.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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