Defendendo o advogado Thiago Aragão,
ex-sócio de Adriana Ancelmo, Pitanguy buscava desestabilizar o delator,
concunhado (os dois são casados com irmãs gêmeas) e vizinho de porta do
réu.
"Quando o senhor decidiu por procurar o Ministério Público para fazer essas acusações, em algum momento pensou no impacto que isso causaria na família? O senhor pensou na sua afilhada por exemplo?", questionou Pitanguy.
A pergunta, indeferida pelo juiz Marcelo Bretas, foi um dos momentos mais tensos da série de "delações em família" geradas pela Operação Lava Jato no Rio.
A colaboração premiada de Garritano gerou uma ação penal por obstrução de Justiça contra Aragão. Ele afirmou que o advogado apresentara documentos falsos para que ele assinasse a fim de simular serviços prestados pelo escritório da ex-primeira-dama.
Por meio do Manekineko, Aragão "lavou" R$ 3,3 milhões do esquema do ex-governador Sérgio Cabral, segundo a Procuradoria.
Bretas entendeu que o advogado conseguiu provar que os serviços haviam sido prestados, absolvendo Aragão. Preso desde janeiro, o ex-sócio de Adriana Ancelmo ficou detido preventivamente apenas em razão da acusação de obstrução de Justiça por dois meses —ele obteve em agosto habeas corpus contra outro mandado.
"Era mais que um concunhado, era um irmão. Tem quase 25 anos a mais do que eu. Era como se fosse um pai. Hoje em dia, deixou de ser um amigo pelas afirmações feitas", disse Aragão em audiência.
O embate entre familiares gerou discussões que iam além da prova judicial.
Ex-assessor de Cabral, Luiz Carlos Bezerra se incomodou com a informação dada pelo empresário John O'Donnel em sua delação de que repassara por três meses dinheiro à sua firma de fachada sem que recebesse o dinheiro vivo como combinado.
"Ele diz que de abril a outubro eu emiti notas e que ele ficou no prejuízo. Isso não é verdade. Eu sempre dei o dinheiro antes. Porque aí, além de ter cometido um ato ilícito, o que eu confesso, estou passando por desonesto, o que não é bem assim", disse Bezerra.
O'Donnel, dono de franquias do curso de inglês Brasas, é primo da mulher de Bezerra. O ex-assessor de Cabral entregava ao empresário a remuneração em dinheiro vivo que recebia do ex-governador (cerca de R$ 30 mil mensais), que por sua vez fazia transferências bancárias com emissão de nota fiscal para simular a prestação de serviço.
"Tem sido uma constante essa situação de parentes ou muito amigos que de repente se veem aqui, um discorda do outro na avaliação. Fato é que, quando tem uma situação ilícita no relacionamento das pessoas, tem que dar errado. Não tem como começar errado e dar certo depois", disse Bretas, durante o interrogatório de Bezerra.
Os dois foram condenados no dia 31 por lavagem de dinheiro. Cláudia Bezerra, mulher do ex-assessor de Cabral e prima do empresário, foi absolvida. O curso Brasas afirmou em nota que a sentença "encerra um caso isolado e restrito a apenas uma entre 54 unidades no país".
Tentar proteger a família também foi o argumento usado por Sérgio Vianna Jr. ao tentar combinar uma delação premiada em conjunto entre o ex-secretário de Saúde Sérgio Côrtes, seu cunhado, e o ex-subsecretário César Romero, seu primo.
PARCEIROS
As conversas sobre uma possível delação conjunta foram interpretadas pela Procuradoria como uma tentativa de obstrução de Justiça. Romero gravou os diálogos e conseguiu se tornar delator. À época, ele já estava afastado de Côrtes.
"Ele é padrinho da minha filha, sou padrinho da filha dele. Fomos parceiros. Pensei que existisse uma amizade. Mas eu vi que eu era mais um que ele estava atropelando no meio da jornada dele, que ele atropela todo mundo", disse Romero sobre o ex-secretário.
Vianna, Côrtes e o empresário Miguel Iskin, também acusado, negam ter tentado obstruir a Justiça. O caso deles ainda não foi julgado.
"Eu não tenho interesse nenhum que não minimizar o sofrimento da família. Até esse momento, o César e o Sérgio eram a minha família. O fato deles não se darem não me excluía de gostar dos dois", disse Vianna.
"Quando o senhor decidiu por procurar o Ministério Público para fazer essas acusações, em algum momento pensou no impacto que isso causaria na família? O senhor pensou na sua afilhada por exemplo?", questionou Pitanguy.
A pergunta, indeferida pelo juiz Marcelo Bretas, foi um dos momentos mais tensos da série de "delações em família" geradas pela Operação Lava Jato no Rio.
A colaboração premiada de Garritano gerou uma ação penal por obstrução de Justiça contra Aragão. Ele afirmou que o advogado apresentara documentos falsos para que ele assinasse a fim de simular serviços prestados pelo escritório da ex-primeira-dama.
Por meio do Manekineko, Aragão "lavou" R$ 3,3 milhões do esquema do ex-governador Sérgio Cabral, segundo a Procuradoria.
Bretas entendeu que o advogado conseguiu provar que os serviços haviam sido prestados, absolvendo Aragão. Preso desde janeiro, o ex-sócio de Adriana Ancelmo ficou detido preventivamente apenas em razão da acusação de obstrução de Justiça por dois meses —ele obteve em agosto habeas corpus contra outro mandado.
"Era mais que um concunhado, era um irmão. Tem quase 25 anos a mais do que eu. Era como se fosse um pai. Hoje em dia, deixou de ser um amigo pelas afirmações feitas", disse Aragão em audiência.
O embate entre familiares gerou discussões que iam além da prova judicial.
Ex-assessor de Cabral, Luiz Carlos Bezerra se incomodou com a informação dada pelo empresário John O'Donnel em sua delação de que repassara por três meses dinheiro à sua firma de fachada sem que recebesse o dinheiro vivo como combinado.
"Ele diz que de abril a outubro eu emiti notas e que ele ficou no prejuízo. Isso não é verdade. Eu sempre dei o dinheiro antes. Porque aí, além de ter cometido um ato ilícito, o que eu confesso, estou passando por desonesto, o que não é bem assim", disse Bezerra.
O'Donnel, dono de franquias do curso de inglês Brasas, é primo da mulher de Bezerra. O ex-assessor de Cabral entregava ao empresário a remuneração em dinheiro vivo que recebia do ex-governador (cerca de R$ 30 mil mensais), que por sua vez fazia transferências bancárias com emissão de nota fiscal para simular a prestação de serviço.
"Tem sido uma constante essa situação de parentes ou muito amigos que de repente se veem aqui, um discorda do outro na avaliação. Fato é que, quando tem uma situação ilícita no relacionamento das pessoas, tem que dar errado. Não tem como começar errado e dar certo depois", disse Bretas, durante o interrogatório de Bezerra.
Os dois foram condenados no dia 31 por lavagem de dinheiro. Cláudia Bezerra, mulher do ex-assessor de Cabral e prima do empresário, foi absolvida. O curso Brasas afirmou em nota que a sentença "encerra um caso isolado e restrito a apenas uma entre 54 unidades no país".
Tentar proteger a família também foi o argumento usado por Sérgio Vianna Jr. ao tentar combinar uma delação premiada em conjunto entre o ex-secretário de Saúde Sérgio Côrtes, seu cunhado, e o ex-subsecretário César Romero, seu primo.
PARCEIROS
As conversas sobre uma possível delação conjunta foram interpretadas pela Procuradoria como uma tentativa de obstrução de Justiça. Romero gravou os diálogos e conseguiu se tornar delator. À época, ele já estava afastado de Côrtes.
"Ele é padrinho da minha filha, sou padrinho da filha dele. Fomos parceiros. Pensei que existisse uma amizade. Mas eu vi que eu era mais um que ele estava atropelando no meio da jornada dele, que ele atropela todo mundo", disse Romero sobre o ex-secretário.
Vianna, Côrtes e o empresário Miguel Iskin, também acusado, negam ter tentado obstruir a Justiça. O caso deles ainda não foi julgado.
"Eu não tenho interesse nenhum que não minimizar o sofrimento da família. Até esse momento, o César e o Sérgio eram a minha família. O fato deles não se darem não me excluía de gostar dos dois", disse Vianna.
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