Economia tende a colocar terceiro elemento na disputa presidencial
Vinicius Mota - FSP
Os
efeitos sensíveis de reviravoltas no ciclo econômico —numa nação
relativamente complexa, remediada e populosa como o Brasil— são sempre
defasados. A pior recessão em uma geração começou em meados de 2014, mas
demorou bastante tempo para a ficha cair.
O desemprego sustentou-se em níveis muito baixos até o final daquele
ano, o que ajudou a reeleger governantes, como Dilma Rousseff e Luiz
Fernando Pezão, diretamente responsáveis por escolhas calamitosas de
política econômica. Em 2016, com a desocupação perto do pico histórico, a
oposição ao PT e ao statu quo colheu estrondosa vitória nos municípios.
A dinâmica territorial do veneno recessivo também mostrou-se
heterogênea. Em 2014, todos os Estados do Nordeste, à exceção de
Sergipe, cresceram acima da média nacional de 0,5%. A taxa da Bahia, o
maior deles, foi quase cinco vezes a brasileira. Já São Paulo encolheu
1,4%.
Naquele ano os votos nordestinos, somados aos da porção setentrional de
Minas, deram a Dilma a mais apertada vitória presidencial neste ciclo
democrático.
O pau que bateu em Chico ladeira abaixo bate em Francisco morro acima. O
desemprego demora a recuperar-se, embora a recessão tenha ficado para
trás há quase um ano. Os Estados nordestinos ainda sofrem a dor aguda da
depressão, situação superada em outras unidades.
Além disso, a recuperação cíclica não trata uma grave sequela exposta no
choque recessivo. Estados e municípios, provedores dos serviços de
educação, saúde e segurança, estão falidos. Voltaram a explodir a violência e o homicídio juvenil, substrato típico para aventuras justiceiras.
Por essas razões, se a eleição fosse hoje, as chapas antiestablishment de Lula da Silva e Jair Bolsonaro
teriam impulso extra. A evolução provável do quadro econômico nos
próximos meses tende a colocar nesse jogo um terceiro elemento.
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