Desaceleração no setor de construções se acentua
O Estado de S.Paulo
Frustraram-se, em março, as expectativas das construtoras
e incorporadoras de retomarem um ritmo mais forte de atividade, segundo
a Sondagem da Construção da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgada
quarta-feira. O Índice de Confiança da Construção (ICST), medido pelo
critério de médias móveis trimestrais, foi negativo em 3,3% em relação a
igual período de 2013. O pior indicador foi o das obras viárias, com
recuo de 4,6%. É surpreendente que isso ocorra num ano eleitoral, quando
é esperado um aumento dos gastos com obras públicas. Na comparação
mensal entre março de 2013 e março de 2014, a variação do Índice de
Expectativas (IE-CST) da FGV caiu 8,7%, ante uma queda de 2% entre
fevereiro de 2013 e de 2014.
A divulgação do ICST coincidiu com o anúncio de feirões de imóveis
previstos para este fim de semana, em São Paulo, e com a tendência de
estabilização dos preços pedidos pelos vendedores de unidades
residenciais e comerciais.
O estoque de imóveis em poder das quatro maiores empresas do setor é
estimado em 25 mil unidades, na capital, no valor aproximado de R$ 14,6
bilhões, segundo reportagem do jornal Brasil Econômico.
Estoques elevados significam ônus para as empresas, que incorrem em
despesas com a manutenção e a segurança dos bens, além de encargos dos
financiamentos e IPTU, que seria pago pelos compradores finais, caso os
imóveis tivessem sido comercializados no prazo previsto.
O segmento de construção de moradias mostra, em geral, um
comportamento melhor do que o de obras viárias e de aluguel de
equipamentos de construção. O fato mais favorável na área residencial é o
registro de novos recordes em fevereiro, nas operações de financiamento
com recursos das cadernetas de poupança, pelo Sistema Brasileiro de
Poupança e Empréstimo (SBPE).
Na comparação com igual mês do ano passado, o volume de empréstimos
imobiliários aumentou cerca de 50%. Esse crescimento foi possível graças
ao estoque de recursos depositados nas cadernetas, da ordem de R$ 480
bilhões, bem como à captação, que alcançou R$ 3,3 bilhões, em termos
líquidos, no primeiro bimestre, e R$ 53 bilhões, nos últimos 12 meses.
A construção civil está sofrendo com a aceleração da inflação e a
retração de investimentos, em especial, na esfera governamental e na
área comercial, principalmente escritórios.
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