Pequenos acionistas, grandes otários. E lá vai o Brasil descendo a ladeira
Ricardo Setti - VEJA
Neil a Petrobras é deles Ferreira
Os grandes otários somos nós, pequenos possuidores do papel pintado que são as ações da Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil, Nossa Caixa (Deles) e mais um monte de estatais e do Brasil, rebaixados pela Standard & Poor’s.
Lá vai o Brasi descendo a ladeira.
Digressão:
Peço vários minutos de silêncio em respeito ao gênio de Nelson Rodrigues, torturado e assassinado quase diariamente pela Miss Piggy, a quem peço vênia para ter respeito à memória de tão importante autor que ela nunca deve ter lido.
Suas, do Rodrigues, deliciosas hipérboles beiravam os exageros operísticos da língua italiana.
O jornalista Ruy Castro escreveu uma biografia, O Anjo Pornográfico, que recomendo a quem é apaixonado por textos bem escritos, eu sou, tanto os do biógrafo como os do biografado.
Você encontra Nelson Rodrigues no teatro, no cinema, nos jornais, rádio e TV e, pobre dele, em citações constantes na boca da Miss Piggy. Ruy Castro, você encontra como colunista da Falha de S.Paulo.
Certa vez fui a um cinema em Roma ver um filme do Pasolini, 120 dias de Sodoma, proibido no Brasil. Pedi um bom lugar e o bilheteiro me disse:
– Habiamo poltrona e poltronissima.
Perguntei a diferença:
– C`è la stessa roba [algo como "é a mesma droga], e completou com indiferença:
—Poltronissima c`è piu (meu italiano acaba aqui) caro.
Fim da digressão:
Digo eu: como pode entender de futebol quem gasta 30 bilhões em 12 arenas da Copa, padrão Fifa, se somos incapazes de ter hospitais, escolas, estradas, aeroportos, saneamento também padrão Fifa ?
O ministro Marco Aurélio Mello é flamenguista roxo. Sei disso porque vi e ouvi seu celular tocar o hino do Flamengo a 200 decibéis a cada chamada, em diversas reuniões que fiz com ele, quando era ministro Presidente do TSE, que ao tomar posse pronunciou o histórico discurso denunciando o Brasil como o “país do faz de conta”.
Quando ia votar no Julgamento do Mensalão eu ficava gelado, não sabendo o que viria da sua cabeça. Eu, sabe-se, com toda isenção bisinidem, torcia pra que toda quadrilha mensaleira pegasse prisão perpétua, como punição pelo assalto aos cofres públicos, de antemão atacados com mãos amplas pela rataiada da corrupção.
Gosto dele como pessoa; como ministro do STF estranhei quando se dizia “maioria de um” no julgamento do Mensalão, rindo de situações tão sérias.
Miss Piggy deve também ser flamenguista doente pois nomeou a filha do ministro para um altíssimo cargo no Judiciário federal, o que, segundo a minha paranoia, dá pra sonhar com uma futura cadeira nepotista no STFF. “Passar açúcar nos beiços dos filhos adoça o bico dos pais”. 100% de acordo.
Aquele “fim da digressão” que falei lá atrás era propaganda enganosa, agora é que é mesmo o fim digressão:
Já escrevi um texto aqui publicado com o título “Bebo pra escrever. Escrevo pra esquecer”.
Nada é mais cabotino e com falta de respeito ao leitor do que um autor citar a si mesmo. Se não escrever não esqueço o que está e o que vem por aí. Vai piorar muito antes de melhorar um pouquinho.
Careta não dá pra encarar o que estão nos fazendo engolir. Papa Hemingwey só bebia seu bourbon depois que escrevia. Derrubava seis doses duplas a partir do meio-dia, quando encerrava sua jornada de trabalho, escrevendo em pé, à mão, numa prancheta.
Terminava um trecho com satisfação ou amassava e jogava no lixo as páginas por ele escritas e por ele recusadas. Escrevo com uma dose dupla de chá gelado ao meu lado.
Depois da minha temporada de UTI no Einstein, voltei pra casa com Resoluções Pós UTI e uma delas é trocar o café pelo chá.
Não que tenha alguma coisa conta o café. É que no Einstein só me davam chá, então acostumei, como o letrista francês Chiquê Buarquê du Holandá vota no Lula “porque está acostumado”.
De maus hábitos o chão do inferno está calçado.
Uma lenda urbana diz: os avestruzes enfiam a cabeça na areia quando percebem perigo iminente (é assim que estou).
O perigo iminente chegou em 1º de janeiro de 2003, quando a Petrobras passou para as mãos cumpanheras que veloz e vorazmente aparelharam a “Jóia da Coroa”, então a maior empresa brasileira e a 12º maior do mundo, hoje lá nas profundezas dos inexistentes poços do Pré Sal; fala-se em 22º lugar e descendo.
É a refinaria das Mãos Sujas; “sujas do petróleo do Pré Sal”, emprestado de outro poço antigo, do tempo do FHC, marcando “a nossa autossuficiência em petróleo”. Hoje, autossuficientes, importamos petróleo, gasolina e etanol.
Estou no time dos pequenos acionistas grandes otários, que caí no conto do vigário aplicado pelo governo, que nos convenceu a enfiar nossos fundos de garantia em ações da Petrobras e de outras estatais.
O ferro na boneca que levamos chega em torno de 50% de desvalorização, neste momento em que escrevo. Se você investiu 10, agora tem 5. Os pequenos acionistas também têm que engolir e digerir um prejuízo de 220 Bilhões de Dólares.
O grande acionista é o tesouro nacional, com 51%; esse tesouro não é o tesouro do Ali Babá, nem faz dinheiro, só gasta.
As maiores obras da Petrobras são o Porto de Cuba, a renovação da frota de ônibus de Havana, o metrô de Caracas, a doação à Bolívia de uma refinaria de petróleo de 1 Bilhão e 500 Milhões de dólares tomada por eles à força, a Estrada da Coca, que liga a região cocaleira à fronteira com o Brasil.
Descobriu-se que o PAC, de quem a Miss Piggy foi chamada de “Mãe”, entregou apenas 10,6% das obras prometidas.
E o exemplo de investimento foi a compra por aproximados 1 Bilhão e 200 Milhões de dólares da “refinaria” Pasadena, sucata que não vale quase nada.
A compra foi feita com a aprovação da Miss Piggy, então “presidenta” do Conselho.
Não estou inventando nem aumentando. É a isso, a Mãe de Todos os Postes, que o “país dos mais de 80%” nos ameaça de reeleger.
Um novo Ibope diz que sua popularidade caiu, mas as bolsas isso e aquilo estão aí pra serem redes pra que a madame não se estatele no chão. Continuo temendo que isso aí só vai parar nos 70% do PRI mexicano.
Ricardo Setti - VEJA
Os grandes otários somos nós, pequenos possuidores do papel pintado que são as ações da Petrobras, Eletrobras, Banco do Brasil, Nossa Caixa (Deles) e mais um monte de estatais e do Brasil, rebaixados pela Standard & Poor’s.
Lá vai o Brasi descendo a ladeira.
Digressão:
Peço vários minutos de silêncio em respeito ao gênio de Nelson Rodrigues, torturado e assassinado quase diariamente pela Miss Piggy, a quem peço vênia para ter respeito à memória de tão importante autor que ela nunca deve ter lido.
Suas, do Rodrigues, deliciosas hipérboles beiravam os exageros operísticos da língua italiana.
O jornalista Ruy Castro escreveu uma biografia, O Anjo Pornográfico, que recomendo a quem é apaixonado por textos bem escritos, eu sou, tanto os do biógrafo como os do biografado.
Você encontra Nelson Rodrigues no teatro, no cinema, nos jornais, rádio e TV e, pobre dele, em citações constantes na boca da Miss Piggy. Ruy Castro, você encontra como colunista da Falha de S.Paulo.
Certa vez fui a um cinema em Roma ver um filme do Pasolini, 120 dias de Sodoma, proibido no Brasil. Pedi um bom lugar e o bilheteiro me disse:
– Habiamo poltrona e poltronissima.
Perguntei a diferença:
– C`è la stessa roba [algo como "é a mesma droga], e completou com indiferença:
—Poltronissima c`è piu (meu italiano acaba aqui) caro.
Fim da digressão:
Digo eu: como pode entender de futebol quem gasta 30 bilhões em 12 arenas da Copa, padrão Fifa, se somos incapazes de ter hospitais, escolas, estradas, aeroportos, saneamento também padrão Fifa ?
O ministro Marco Aurélio Mello é flamenguista roxo. Sei disso porque vi e ouvi seu celular tocar o hino do Flamengo a 200 decibéis a cada chamada, em diversas reuniões que fiz com ele, quando era ministro Presidente do TSE, que ao tomar posse pronunciou o histórico discurso denunciando o Brasil como o “país do faz de conta”.
Quando ia votar no Julgamento do Mensalão eu ficava gelado, não sabendo o que viria da sua cabeça. Eu, sabe-se, com toda isenção bisinidem, torcia pra que toda quadrilha mensaleira pegasse prisão perpétua, como punição pelo assalto aos cofres públicos, de antemão atacados com mãos amplas pela rataiada da corrupção.
Gosto dele como pessoa; como ministro do STF estranhei quando se dizia “maioria de um” no julgamento do Mensalão, rindo de situações tão sérias.
Miss Piggy deve também ser flamenguista doente pois nomeou a filha do ministro para um altíssimo cargo no Judiciário federal, o que, segundo a minha paranoia, dá pra sonhar com uma futura cadeira nepotista no STFF. “Passar açúcar nos beiços dos filhos adoça o bico dos pais”. 100% de acordo.
Aquele “fim da digressão” que falei lá atrás era propaganda enganosa, agora é que é mesmo o fim digressão:
Já escrevi um texto aqui publicado com o título “Bebo pra escrever. Escrevo pra esquecer”.
Nada é mais cabotino e com falta de respeito ao leitor do que um autor citar a si mesmo. Se não escrever não esqueço o que está e o que vem por aí. Vai piorar muito antes de melhorar um pouquinho.
Careta não dá pra encarar o que estão nos fazendo engolir. Papa Hemingwey só bebia seu bourbon depois que escrevia. Derrubava seis doses duplas a partir do meio-dia, quando encerrava sua jornada de trabalho, escrevendo em pé, à mão, numa prancheta.
Terminava um trecho com satisfação ou amassava e jogava no lixo as páginas por ele escritas e por ele recusadas. Escrevo com uma dose dupla de chá gelado ao meu lado.
Depois da minha temporada de UTI no Einstein, voltei pra casa com Resoluções Pós UTI e uma delas é trocar o café pelo chá.
Não que tenha alguma coisa conta o café. É que no Einstein só me davam chá, então acostumei, como o letrista francês Chiquê Buarquê du Holandá vota no Lula “porque está acostumado”.
De maus hábitos o chão do inferno está calçado.
Uma lenda urbana diz: os avestruzes enfiam a cabeça na areia quando percebem perigo iminente (é assim que estou).
O perigo iminente chegou em 1º de janeiro de 2003, quando a Petrobras passou para as mãos cumpanheras que veloz e vorazmente aparelharam a “Jóia da Coroa”, então a maior empresa brasileira e a 12º maior do mundo, hoje lá nas profundezas dos inexistentes poços do Pré Sal; fala-se em 22º lugar e descendo.
É a refinaria das Mãos Sujas; “sujas do petróleo do Pré Sal”, emprestado de outro poço antigo, do tempo do FHC, marcando “a nossa autossuficiência em petróleo”. Hoje, autossuficientes, importamos petróleo, gasolina e etanol.
Estou no time dos pequenos acionistas grandes otários, que caí no conto do vigário aplicado pelo governo, que nos convenceu a enfiar nossos fundos de garantia em ações da Petrobras e de outras estatais.
O ferro na boneca que levamos chega em torno de 50% de desvalorização, neste momento em que escrevo. Se você investiu 10, agora tem 5. Os pequenos acionistas também têm que engolir e digerir um prejuízo de 220 Bilhões de Dólares.
O grande acionista é o tesouro nacional, com 51%; esse tesouro não é o tesouro do Ali Babá, nem faz dinheiro, só gasta.
As maiores obras da Petrobras são o Porto de Cuba, a renovação da frota de ônibus de Havana, o metrô de Caracas, a doação à Bolívia de uma refinaria de petróleo de 1 Bilhão e 500 Milhões de dólares tomada por eles à força, a Estrada da Coca, que liga a região cocaleira à fronteira com o Brasil.
Descobriu-se que o PAC, de quem a Miss Piggy foi chamada de “Mãe”, entregou apenas 10,6% das obras prometidas.
E o exemplo de investimento foi a compra por aproximados 1 Bilhão e 200 Milhões de dólares da “refinaria” Pasadena, sucata que não vale quase nada.
A compra foi feita com a aprovação da Miss Piggy, então “presidenta” do Conselho.
Não estou inventando nem aumentando. É a isso, a Mãe de Todos os Postes, que o “país dos mais de 80%” nos ameaça de reeleger.
Um novo Ibope diz que sua popularidade caiu, mas as bolsas isso e aquilo estão aí pra serem redes pra que a madame não se estatele no chão. Continuo temendo que isso aí só vai parar nos 70% do PRI mexicano.
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