Michael Wines - NYT
Embriões de atum e de um peixe do gênero Seriola [o mesmo do
olho-de-boi brasileiro] que foram expostos ao petróleo bruto coletado do
derramamento da plataforma Deepwater Horizon desenvolveram deformidades
no coração, entre outras, que provavelmente matariam alguns dos peixes
em desenvolvimento e encurtariam a vida de outros, informou um novo
estudo feito por uma equipe de cientistas marinhos e divulgado na
segunda-feira (24).
Suas descobertas, publicadas na revista
Proceedings of the National Academy of Sciences, revisada por pares,
estarão no relatório final de danos causados pelo desastre que serão
atribuídos à BP, que operava a plataforma no Golfo do México quando o
desastre ocorreu.
Uma explosão com fogo há quase quatro anos derramou cerca de 4,1 milhões de barris de petróleo no golfo; outros 800 mil barris foram contidos antes que pudessem escapar para a água. Resíduos do derramamento continuam chegando à costa.
A nova pesquisa, feita por 17 cientistas dos EUA e da Austrália, corroborou estudos recentes que mostraram que componentes do petróleo bruto deformaram os embriões de arenque, salmão e outros peixes.
Os resultados se concentraram num peixe predador grande que também é importante para a pesca comercial. Os cientistas disseram que os resultados provavelmente se aplicarão para outros grandes predadores como o peixe-espada e o marlim, e até para os seres humanos, cujo desenvolvimento do coração tem muitas similaridades.
"É importante que no século 21 estamos apenas percebendo que uma das substâncias mais comuns no planeta, o petróleo, tem um impacto cardio-tóxico nos corações dos vertebrados", disse Barbara A. Block, bióloga marinha da Universidade de Stanford e uma das autoras do estudo.
Um porta-voz da BP, Jason Ryan, disse que o estudo não ofereceu provas de que o derramamento de óleo havia reduzido as populações de peixes. "As concentrações de óleo usadas nesses experimentos em laboratório foram raramente vistas no golfo durante ou depois do acidente da Deepwater Horizon", disse ele. "Além disso os próprios autores observam que [e quase impossíel determinar o impacto no início da vida dessas espécies."
A declaração de Ryan vai contra o estudo, que diz que as concentrações dos químicos responsáveis pelas mudanças nos embriões durante os experimentos de laboratório foram comparáveis às das amostras de água coletadas durante o derramamento.
Outra pesquisa publicada no mês passado na revista Science concluiu que as mudanças nos batimentos cardíacos e no desenvolvimento estavam ligadas aos componentes do petróleo chamados hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. Entre outros efeitos, disse o estudo, os químicos impedem o processo pelo qual os íons de cálcio no músculo do coração desencadeiam batimentos regulares.
Fotos do último estudo mostraram o que ele chamou de distorções físicas quase idênticas nos corações, formato do corpo e olhos dos embriões de atum de cauda amarela e azul e do peixe do gênero Seriola que foram expostos ao petróleo. Os batimentos cardíacos dos peixes também desaceleraram e eles desenvolveram arritmia.
O atum de nadadeira azul, que estava desovando na área quando ocorreu o derramamento, exibiu uma variedade ampla de defeitos cardíacos com mais frequência do que os dois outros peixes, disse o estudo. Quanto mais altas as concentrações de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, mais graves eram as deformidades, revelou o estudo. Mas em concentrações comparativamente mais baixas, 50% ou mais dos atuns ainda desenvolviam fluidos em volta dos corações e na bolsa amniótica.
Outro autor do estudo, John P. Incardona, Centro de Ciências da Pesca do Noroeste da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, disse que mesmo muitos embriões que pareciam normais por fora muito provavelmente enfrentariam problemas mais tarde.
"Esses peixes muito provavelmente sobreviverão ao efeito imediato da exposição ao petróleo", disse ele, mas poderão ter batimentos cardíacos anormais "que poderiam reduzir seu desempenho aeróbico - o que num peixe significa nadar". Para peixes como o atum que dependem da velocidade para capturar suas presas, isso poderia levar a uma diminuição na expectativa de vida, disse ele.
Tradutor: Eloise De Vylder
Uma explosão com fogo há quase quatro anos derramou cerca de 4,1 milhões de barris de petróleo no golfo; outros 800 mil barris foram contidos antes que pudessem escapar para a água. Resíduos do derramamento continuam chegando à costa.
A nova pesquisa, feita por 17 cientistas dos EUA e da Austrália, corroborou estudos recentes que mostraram que componentes do petróleo bruto deformaram os embriões de arenque, salmão e outros peixes.
Os resultados se concentraram num peixe predador grande que também é importante para a pesca comercial. Os cientistas disseram que os resultados provavelmente se aplicarão para outros grandes predadores como o peixe-espada e o marlim, e até para os seres humanos, cujo desenvolvimento do coração tem muitas similaridades.
"É importante que no século 21 estamos apenas percebendo que uma das substâncias mais comuns no planeta, o petróleo, tem um impacto cardio-tóxico nos corações dos vertebrados", disse Barbara A. Block, bióloga marinha da Universidade de Stanford e uma das autoras do estudo.
Um porta-voz da BP, Jason Ryan, disse que o estudo não ofereceu provas de que o derramamento de óleo havia reduzido as populações de peixes. "As concentrações de óleo usadas nesses experimentos em laboratório foram raramente vistas no golfo durante ou depois do acidente da Deepwater Horizon", disse ele. "Além disso os próprios autores observam que [e quase impossíel determinar o impacto no início da vida dessas espécies."
A declaração de Ryan vai contra o estudo, que diz que as concentrações dos químicos responsáveis pelas mudanças nos embriões durante os experimentos de laboratório foram comparáveis às das amostras de água coletadas durante o derramamento.
Outra pesquisa publicada no mês passado na revista Science concluiu que as mudanças nos batimentos cardíacos e no desenvolvimento estavam ligadas aos componentes do petróleo chamados hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. Entre outros efeitos, disse o estudo, os químicos impedem o processo pelo qual os íons de cálcio no músculo do coração desencadeiam batimentos regulares.
Fotos do último estudo mostraram o que ele chamou de distorções físicas quase idênticas nos corações, formato do corpo e olhos dos embriões de atum de cauda amarela e azul e do peixe do gênero Seriola que foram expostos ao petróleo. Os batimentos cardíacos dos peixes também desaceleraram e eles desenvolveram arritmia.
O atum de nadadeira azul, que estava desovando na área quando ocorreu o derramamento, exibiu uma variedade ampla de defeitos cardíacos com mais frequência do que os dois outros peixes, disse o estudo. Quanto mais altas as concentrações de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, mais graves eram as deformidades, revelou o estudo. Mas em concentrações comparativamente mais baixas, 50% ou mais dos atuns ainda desenvolviam fluidos em volta dos corações e na bolsa amniótica.
Outro autor do estudo, John P. Incardona, Centro de Ciências da Pesca do Noroeste da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, disse que mesmo muitos embriões que pareciam normais por fora muito provavelmente enfrentariam problemas mais tarde.
"Esses peixes muito provavelmente sobreviverão ao efeito imediato da exposição ao petróleo", disse ele, mas poderão ter batimentos cardíacos anormais "que poderiam reduzir seu desempenho aeróbico - o que num peixe significa nadar". Para peixes como o atum que dependem da velocidade para capturar suas presas, isso poderia levar a uma diminuição na expectativa de vida, disse ele.
Tradutor: Eloise De Vylder
Nenhum comentário:
Postar um comentário