Rodrigo Constantino - VEJA
O
serviço de inteligência do Reino Unido afirma que o decapitador do
jornalista James Foley é um dos mais de 800 britânicos que aderiram ao
radicalismo islâmico. O caso reacendeu o debate sobre o
multiculturalismo, que vem sendo condenado pelos conservadores há
décadas. O resultado está aí: uma massa de alienados do próprio Ocidente
lutando pela destruição da civilização ocidental, a mais avançada e
liberal de todas.
Os “intelectuais” de esquerda têm tudo a
ver com isso. Após décadas cuspindo no Ocidente, repetindo que tudo que
há de mais podre vem da própria Europa ou dos Estados Unidos, e ao mesmo
tempo, em evidente contradição, alegando que nenhuma cultura é melhor
do que outra, que todas são “apenas diferentes”, esses pensadores
ajudaram a criar um clima de segregação, alienação e até ódio aos
próprios valores ocidentais.
Uma reportagem da Veja desta semana conclui sobre o assunto:
Um dos que mais têm combatido essa praga
no Reino Unido é, sem dúvida, o psiquiatra Theodore Dalrymple, cujos
excelentes livros sempre recomendo aqui. Dalrymple, ao tratar de
milhares de imigrantes e filhos de imigrantes nas prisões britânicas,
conheceu de perto o estrago que as ideias “progressistas” causaram nessa
gente. O multiculturalismo é a mais nefasta delas.
Para ele, “o multiculturalismo repousa
sobre a suposição – ou melhor, a pretensão desonesta – de que todas as
culturas são iguais em todos os aspectos e que nenhum conflito
fundamental pode surgir entre os costumes, as morais e as perspectivas
filosóficas de duas culturas diferentes”. O multiculturalista quer ter e
comer o bolo ao mesmo tempo, acredita em “almoço grátis”, adota visão
mais que ingênua ou romântica de mundo; uma visão estúpida e perigosa.
“Se todas as culturas são iguais, e
ninguém tem o direito de impor suas normas a qualquer outro, o que está
errado com os guetos de imigrantes que surgiram, onde a população (ou
seja, a população masculina) se beneficia, de fato, de direitos
extraterritoriais?”, pergunta Dalrymple. “Se é o costume de sua cultura
ancestral manter as meninas fora da escola e forçá-las a casamentos que
elas não querem e confiscar os passaportes que o governo britânico emite
para seu uso pessoal, o que pode um multiculturalista criticar, sem
afirmar a superioridade de seus próprios valores?”, completa.
Até quando os ocidentais terão vergonha
de seu legado superior? Até quando as elites ocidentais vão tratar sua
herança cultural como inferior ou, no máximo, equivalente àquela de
povos claramente atrasados ou bárbaros? Até quando a covardia do
politicamente correto vai induzir os jovens imigrantes que, afinal,
saíram de seus países para buscar refúgio no Ocidente, a cuspir no
próprio anfitrião que os recebe?
O multiculturalismo é mesmo uma praga. E
pior: uma praga criada no conforto dos escritórios e faculdades dos
“intelectuais” ocidentais. São os bárbaros de dentro do portão que
representam a maior ameaça ao modelo de democracia liberal parido no
Ocidente.
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