Digam ao povo que Fisco
Roberto Gomides - IL
Estamos a três dias de nos tornarmos uma Noruega! O Instituto
Brasileiro de Planejamento e Tributação – IBPT, recentemente, publicou
que a quantidade de dias trabalhados para sustentar a máquina pública,
no Brasil, é de 151 dias, isso mesmo! Você trabalha em média, até 31 de
maio, exclusivamente, para pagar impostos e desfrutar das maravilhas de
se viver no país com o 79º maior Índice de Desenvolvimento Humano – IDH
do mundo, atrás de paraísos como Irã, onde mulheres, acusadas de
adultério, são apedrejadas até a morte, e Venezuela onde não há ao menos
papel higiênico para comprar, ao passo que os noruegueses trabalham 3
dias a mais, somente para usufruir do maior IDH, do planeta.
A percepção natural, quando desprovida de uma reflexão responsável, e
regada de doutrinação execrável, é que, no Brasil, a concentração de
renda nas mãos de poucos privilegiados, poderosos e opressores, permite
que os mesmos exerçam a influência necessária para a continuidade de seu
“status quo”, em detrimento do bem comum. Dessa forma, chega-se a
estranha conclusão que simplesmente precisamos de um número menor de
pessoas com poder ainda maior, para impedir que sejamos esquecidos nas
intempéries do laissez-faire, neoliberal, anarcocapitalista, aristocrático cruel.
Eu poderia ter substituído metade do parágrafo anterior por:
Intervenção Estatal, ou social-”qualquer coisa”, não o fiz pois acredito
que quando gramaticalmente viável, devemos deixar claro o raciocino, ou
melhor, o processo intuitivo terceirizado, que leva àquela conclusão,
pois uma simples pergunta como: “Quem irá nos proteger de nossos
protetores?” É mais que suficiente para mostrar o porquê de “processo
intuitivo terceirizado” se encaixar melhor que “raciocínio”.
James M. Buchanan, estudando o “Samaritan’s dilemma” ou “ato de
caridade”, em um ambiente de liberdade política e econômica,
brilhantemente expôs que o homem moderno tornou-se incapaz de fazer as
escolhas que são necessárias para evitar a sua exploração por parte de
predadores de sua própria espécie, quando passou não só a permitir, como
clamar para que outros escolhessem por ele. O sintoma mais evidente
dessa hipegiafobia que atualmente aflige a sociedade brasileira é
depositar no governo, a responsabilidade de tomar decisões cruciais para
seu desenvolvimento, conjuntamente com os recursos necessários para
tal, num cenário em que, como diria Roberto Campos, se o cobertor é
pequeno, o talento é menor ainda.
Contrariando toda a lógica aristotélica, ao invés de dividirmos um
problema gigantesco em pelo menos 50 milhões de problemas menores (o que
nos permitiria identificar com maior precisão os elementos que
constituem o problema original), para assim, serem resolvidos em
paralelo por 100 milhões de pessoas, que aplicariam SEUS recursos com
eficiência, controle e por sua própria conta e risco, voluntariamente
abrimos mão de nosso papel como parte da sociedade, transferindo para o
Governo por meio de 151 dias de trabalho, a responsabilidade e
consequentemente a nossa liberdade para resolvê-lo como o concebemos.
Ao interessado ainda resta a pergunta: por que deu certo lá e não
aqui? Bem, imaginemos o Estado de Minas Gerais, com o PIB do Estado São
Paulo e a população do município do Rio de Janeiro… Agora misture isso
com uma sociedade que vê o Estado não como seu patrão, ou pai, que deve
lhe dizer o que é permitido fazer, o que você pode fazer e quanto ele
vai te dar em troca, mas como um instrumento para que cada integrante da
mesma, possa alcançar seus próprios objetivos, ou seja, basta comparar o
território e a população, de Brasil e Noruega, para perceber que o que
deu certo lá, não necessariamente daria certo aqui, afinal de contas,
mesmo que as condições econômicas fossem iguais, ninguém engessa o
crânio para curar uma dor de cabeça, pois assim fez seu vizinho para
curar uma dor no braço.
Mesmo em épocas de fácil acesso à informação, há quem diga que
trocaria de bom grado, a liberdade econômica, até mesmo a civil, ou
ainda, mais 3 dias de trabalho, por um pouco mais de “welfare”, pois
liberdade econômica não é nada, frente ao bem comum. Esse argumento ad populum
que reina absoluto nas salas de aula do “méqui” desmorona perante ao
fato de a própria Noruega ocupar a 32° posição no ranking de liberdade
econômica (Heritage Foundation) ao passo que nós cravamos a 114ª, além
de, guardadas as permutações existentes e observadas as diferenças
culturais e religiosas, dos 100 países mais livres, sob o aspecto
econômico, 75 estão entre os 100 com maior IDH.
Particularmente, acho que para continuarmos abraçando as fantasias
socialistas e seguirmos no caminho para servidão, como Frederich A.
Hayek o definiu, no mínimo deveríamos alterar o dia da Independência
para 01 de junho, de forma a guardar pelo menos uma relação com a
realidade nessa trajetória de submissão humana na qual seguimos, afinal,
só a partir dessa data, enfim livramos, ao menos nossos bolsos, das
garras metrópole.
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