Sobre Política Comercial
Essa
é a última parte da minha palestra no Conselho Federal de Economia
sobre os rumos do país. O tema agora é política comercial.
COFECON: Qual a importância
deverá ser dada para a consolidação do Mercosul na nossa política de
comércio exterior? Como deveria ficar a perspectiva já adiantada de
acordo de associação entre o Mercosul e a União Europeia? Deveria
haver espaço nessa política, ou prioridade, para acordos bilaterais como
vêm fazendo os países da Aliança Atlântica como Peru, Colômbia e Chile?
Preliminarmente, é bom explicar que a
integração econômica entre países funciona através de seis gradações, da
menos integrada à mais integrada: área de tarifas preferenciais, área
de livre comércio, união aduaneira, mercado comum, união econômica e
integração econômica total. Obviamente que essas gradações não são
estanques, havendo áreas cinzentas entre um nível e outro.
A Aliança do Pacífico é uma área de
tarifas preferenciais, que é a menor integração possível. Países fazem
tratados onde selecionam produtos onde não incidirão impostos de
importação entre eles. De acordo com as informações que temos,
atualmente 97% dos produtos desses países estão em tarifa preferencial.
Quando essa taxa chegar a 100%, o bloco virará uma área de livre
comércio, que é o segundo nível de integração, com a completa abolição
de impostos de importação e exportação entre os signatários.
União Aduaneira, além da abolição de
impostos, traz também regras para tarifa externa comum entre os
signatários e países não-signatários, passando a União a negociar
tratados em bloco. É aqui que se encontra o Mercosul, sendo, portanto,
muito mais integrado que a Aliança do Pacífico.
É bom então destacarmos que o Mercosul é
sim muito mais integrado que a Aliança do Pacífico, mas isso pode ser
muito ruim, como de fato é, quando a nossa economia, que já é muito
fechada e protecionista, se integra com países igualmente fechados e
protecionistas. O que deveria ser um ganho de liberdade econômica, de
especialização do trabalho e de ganhos de escala acaba se tornando uma
grande amarra internacional. A necessidade de termos de pedir
autorização aos demais membros do bloco reduz a soberania nacional e
reduz nossa capacidade de dialogar com países fora do bloco. Precisamos
com urgência rever essa amarra a acordos bilaterais com outros países. O
Brasil precisa comercializar mais, inclusive com os membros da Aliança
do Pacífico.
Precisamos rever as regras altamente
interventoras do Mercosul, com tarifas comuns absurdas e protecionismo
“intra-bloco”, e nesse caso quanto mais o bloco se aprofunda, pior para o
cidadão. Já na Aliança do Pacífico, como a integração ainda é muito
rasa, nem se deu tempo do bloco decidir se quer ser interventor e
protecionista “intra-bloco” ou não.
Consertando-se esse problema do
Mercosul, com maior flexibilização para assinaturas de tratado de
livre-comércio com países fora do bloco, os demais parâmetros do
Mercosul podem e devem ser mantidos sem nenhum problema. De fato, quanto
mais livre-comércio com as nações do Mercosul, melhor.
E melhor ainda se o Mercosul conseguir
com a União Europeia um grande acordo de livre-comércio entre os blocos,
de forma que possamos expandir a venda de nossos produtos e serviços no
exterior, e receber produtos e serviços baratos e de qualidade para o
povo brasileiro. Tal tratado certamente deveria ser respeitado pelo
futuro Governo. E também se chegássemos a acordo com o Nafta, e com toda
e qualquer nação.
A política do Governo deve ser de
comercializar com toda e qualquer nação que queira viver em paz e
prosperidade com o nosso povo, sem distinção de qualquer natureza.
Deveria ser uma prioridade acabar com o embargo econômico criado pelo PT
contra o povo brasileiro.
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