Reinaldo Azevedo - VEJA
Graça
Foster escarnece dos fatos, e Dilma Rousseff escarnece da razão. Em
seis anos, o valor de mercado da Petrobras foi reduzido a quase um
sexto: de R$ 737 bilhões em 2008 para R$ 135 bilhões agora e dívida de
R$ 330 bilhões. Ou seja: quebrou! O patrimônio público está evaporando. É
a incompetência alimentando a roubalheira, e a roubalheira alimentando a
incompetência. Quando nos lembramos de que o PT fez terrorismo com a
suposta intenção dos tucanos de privatizar a estatal em 2002, 2006 e
2010, nos damos conta da obra desses vigaristas. Se Dilma insistir em
não fazer nada, daqui a pouco ninguém aceita a Petrobras nem de graça. A
gente não precisa fazer muitos malabarismos: houvesse um regime
parlamentarista, o gabinete já teria sido dissolvido, e Dilma não se
elegeria mais nem vereadora.
Não dá! As
evidências de que Venina Velosa da Fonseca advertiu Graça para os
procedimentos heterodoxos vigentes na Petrobras são inquestionáveis. E
ela o fez em 2009, 2011 e 2014. Observem que não entro no mérito das
motivações da denunciante. Se há algo contra ela, que se investigue. Que
Graça dispunha de elementos para agir, que lhe foram fornecidos por uma
alta executiva, isso é inquestionável. E ela não fez nada. Como não fez
em fevereiro deste ano, quando VEJA trouxe à luz o escândalo envolvendo
a empresa holandesa SBM Offshore. Ou melhor, fez: negou que houvesse
irregularidades.
As ações
da Petrobras despencaram outra vez. Há uma conjunção de fatores externos
negativos, sim, mas isso não justifica a pindaíba em que se encontra. A
estatal brasileira é hoje sinônimo mundial do que não se deve fazer, de
má governança. É preciso ser um rematado idiota ou dotado de incrível
má-fé para ignorar o que se passou por lá. E a sangria está longe do
fim, uma vez que a empresa é agora investigada nos EUA, na Holanda e na
Suíça. Se o descalabro continua, sem uma resposta efetiva do governo, a
Petrobras, prestes a perder a classificação de “grau de investimento”,
pode até ser proibida de operar na Bolsa de Nova York. Aí, meus caros, é
o fim da linha.
Mas não há
horror que faça o comando da empresa descer de seu pedestal de
arrogância. Nesta terça, em comunicado à dócil Comissão de Valores
Mobiliários, a direção da estatal veio com a história de que Graça fora
advertida por Venina para eventuais desvios de conduta apenas em
novembro, como se isso fizesse alguma diferença a esta altura do jogo.
Dilma está
vivendo um processo de alienação da realidade. Decidiu proteger sua
“amiga” Graça Foster. Deve achar que há espaço para brincar de Clube das
Luluzinhas Enfezadas. Não há. A Petrobras beija a lona, e a presidente
da estatal brinca de desqualificar uma funcionária. Dilma não se deu
conta de que o desastre decorrente da herança maldita do lulo-petismo na
estatal está só no começo. O pior ainda está por vir.
E está
mesmo. Com o preço do barril de petróleo no atual patamar, a exploração
do pré-sal já é antieconômica. Pior: as regras de partilha definidas
pelo petismo, com o seu nacionalismo de fancaria, impõem à Petrobras um
desembolso de recursos de que ela não dispõe. Dilma estuda agora mudar
as regras, que eram consideradas cláusulas pétreas da visão petista de
mundo. Mas como? A turma ainda não sabe.
E já que o
patético não tem limites, os petralhas deram início a uma corrente na
Internet estimulando a companheirada a comprar ações da Petrobras.
Ocorre que não se deve confundir mau-caratismo com burrice. Parece que a
campanha não vai emplacar.
É fácil
Dilma fazer a Petrobras voltar a valer R$ 700 bilhões no mercado. Basta
anunciar que, depois de saneada, a empresa será privatizada. O mercado
lerá nisso o sinal de que os ladrões e os petistas — e também os
petistas ladrões — serão definitivamente chutados de lá. Os brasileiros
não mais serão roubados — não na estatal ao menos —, e o Brasil
efetivamente sairá ganhando.
FHC não
quebrou o Brasil nem uma, nem duas, nem três vezes, à diferença do que
disse Dilma na campanha eleitoral. Mas o PT quebrou a Petrobras.
Para
encerrar: em 2013, o Bolsa Família repassou aos miseráveis R$ 24,5
bilhões. De fato, é uma merreca. Só o que a Petrobras perdeu em valor de
mercado em seis anos corresponde a mais de 24 anos de Bolsa Família. Se
a gente acrescentar o valor roubado com superfaturamento, chega-se
perto da eternidade. Abreu e Lima, por exemplo, estava orçada em US$ 2,5
bilhões e, hoje, já está custando US$ 20 bilhões.
Os ladrões no Brasil perderam a modéstia e o senso de proporção.
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