Providence, capital do Estado de Rhode Island, comprou papéis de renda fixa que ajudaram a financiar o plano de investimento da empresa; na Justiça, município cobra presidente da companhia
Altamiro Silva Júnior - O Estado de S. Paulo
NOVA YORK - O município de Providence, capital do Estado americano de Rhode Island, entrou na véspera de Natal com um processo contra a Petrobrás, sua administração, duas subsidiárias internacionais e 15 bancos envolvidos na emissão e venda de papéis da companhia. A presidente da empresa, Graça Foster, e o diretor financeiro, Almir Barbassa, aparecem como réus, além de outros 11 executivos, de acordo com cópia do processo obtida pelo ‘Estado’, que tem 70 páginas e foi elaborado pelo escritório Labaton Sucharow, com sede em Nova York.
A ação da Providenve se refere ao bônus comprados entre janeiro de 2010 a novembro de 2014.
A notícia chega depois de a empresa ter sido alvo de outras três ações coletivas nos Estados Unidos em dezembro, movidas por fundos e grupos de investidores individuais.
A notícia chega depois de a empresa ter sido alvo de outras três ações coletivas nos Estados Unidos em dezembro, movidas por fundos e grupos de investidores individuais.
A alegação da cidade de Providence é que o município teve prejuízo
ao investir em títulos da Petrobrás, que perderam valor por causa das
denúncias de corrupção e do consequente atraso da publicação do balanço
do terceiro trimestre. Como ocorreu com as demais ações, a avaliação é
que a empresa não informou o mercado sobre o pagamento de propinas e o
esquema de lavagem de dinheiro que ocorriam em sua administração,
colocando o dinheiro dos investidores deliberadamente em risco (leia box
ao lado). Procurada, a Petrobrás informou que “não foi intimada da
mencionada ação”.
O processo foi aberto na Corte de Nova York, onde correm as demais
ações coletivas contra a petroleira. A diferença é que os investidores
questionam perdas com as American Depositary Receipts (ADRs), que são
recibos de ações da empresa brasileira listados na Bolsa de Valores de
Nova York, enquanto a cidade de Providence alega perda com papéis de
renda fixa, emitidos pela Petrobrás no mercado internacional para
financiar seu plano de investimentos.
Executivos como réus.
Outra diferença é que as ações dos investidores processam a
Petrobrás, enquanto a de Providence inclui a administração, subsidiárias
da empresa que emitiram bônus no exterior e 15 bancos que participaram
da emissão desses papéis. O processo cita, em sua capa, como réus, além
de Graça Foster e Barbassa, outros nomes da administração, que incluem
José Raimundo Brandão Pereira, Mariângela Monteiro Tiziatto e Daniel
Lima de Oliveira. Também estão incluídas duas subsidiárias da empresa
brasileira no exterior, a Petrobrás International Finance Company, de
Luxemburgo, e a Petrobrás Global Finance BV, com sede na Holanda, que
foram as companhias emissoras dos bônus vendidos no exterior.
A ação da Providence se refere aos bônus comprados entre janeiro de
2010 a novembro de 2014 e outros investidores que aplicaram em papéis
da Petrobrás neste período também podem aderir ao processo. Neste
período, a Petrobrás emitiu cerca de US$ 98 bilhões em papéis, entre
renda fixa e ações, de acordo com estimativas da cidade.
Uma das acusações da ação é que, dentro do esquema de corrupção, a
Petrobrás inflou os valores de ativos em seu balanço para esconder o
recebimento de propinas e, além disso, o material distribuído aos
investidores durante as ofertas dos bônus possui um conjunto de
informações enganosas e pouco precisas, que omitem, por exemplo, as
práticas de corrupção na petroleira.
A cidade de Providence tem um fundo dos funcionários públicos
atuais e aposentados, com cerca de US$ 300 milhões aplicados em ações,
renda fixa e outros investimentos. O processo não menciona quanto a
cidade investiu especificamente na Petrobrás.
Colaborou Vinícius Neder
Nenhum comentário:
Postar um comentário