Pequim amplia sua presença em Atenas em torno do porto e do antigo aeroporto
María Antonia Sánchez-Vallejo - El País
Louisa Gouliamaki/AFP
Praticamente todos os armadores gregos estão estabelecidos no porto de Pireu
Um passeio pelas ruas do Pireu, localidade de 160 mil habitantes unida a Atenas pela ininterrupta sucessão de edifícios e a sinuosidade do metrô e dos bondes, é uma incursão na China mais laboriosa e fabril: lojas de conveniência abertas 24 horas, bazares, grandes armazéns que ocupam quarteirões (ou hangares preteridos pela deslocalização do trabalho dos estaleiros); letreiros abundantes em mandarim e inglês, de despachantes na mesma rua onde antes as companhias de navegação gregas exibiam seu poderio. Essa é a paisagem que oferece nos últimos anos o maior porto da Grécia, cujo terminal de passageiros registra por ano 20 milhões de movimentos, entre nativos e turistas.
O outro grande terminal, o
de carga, está destinado a se transformar na porta europeia da Rota da
Seda 21, graças aos ambiciosos planos comerciais de Pequim (e a
insistente necessidade econômica grega).Um passeio pelas ruas do Pireu, localidade de 160 mil habitantes unida a Atenas pela ininterrupta sucessão de edifícios e a sinuosidade do metrô e dos bondes, é uma incursão na China mais laboriosa e fabril: lojas de conveniência abertas 24 horas, bazares, grandes armazéns que ocupam quarteirões (ou hangares preteridos pela deslocalização do trabalho dos estaleiros); letreiros abundantes em mandarim e inglês, de despachantes na mesma rua onde antes as companhias de navegação gregas exibiam seu poderio. Essa é a paisagem que oferece nos últimos anos o maior porto da Grécia, cujo terminal de passageiros registra por ano 20 milhões de movimentos, entre nativos e turistas.
Com 230 milhões de euros (cerca de R$ 770 milhões) sobre a mesa, a estatal chinesa Cosco reforçou em novembro seu controle no principal porto comercial da Grécia; seus produtos entrarão pela porta da frente da Europa graças ao salvo-conduto helênico.
A Cosco opera no Pireu desde 2009, quando conseguiu por 500 milhões de euros (R$ 1,72 billhão) uma concessão por 35 anos para administrar a metade do terminal de carga, triplicando a atividade nesses anos, apesar das críticas de parte da opinião pública, por considerá-la uma cessão de soberania - o Estado controla os 50% restantes - e dos poderosos sindicatos portuários, que não se cansam de denunciar as condições de trabalho abusivas da Cosco.
"Nenhum país da Europa oferece esse potencial", indicou nesta primavera Fu Cheng, porta-voz da empresa chinesa, salientando que o movimento atual de 6 mil contêineres por dia poderá disparar com a recente concessão.
Os cálculos preveem para 2021 uma capacidade anual de 7,2 milhões de contêineres. "O Pireu será o maior porto mediterrâneo e um dos maiores centros de distribuição de mercadorias no leste da Europa."
Mas pelo Pireu entrarão não somente mercadorias chinesas, como também japonesas, como demonstra a circulação de três a quatro trens semanais, cada um deles com 38 vagões, do Pireu para Nitra, na Eslováquia, onde a Sony possui uma fábrica de montagem de televisores que abastece toda a Europa.
Fontes da Sony afirmam que graças ao controle chinês do Pireu a distribuição é muito mais fluida e reduz em dez dias as rotas anteriores.
O porto grego, portanto, será o eixo sobre o qual vai girar a presença chinesa na Europa, mas não é o único (Pequim também está interessada no porto de Salônica e na rede ferroviária grega).
No antigo aeroporto de Atenas, o Ellinikó, vendido em novembro por 915 milhões de euros, a empresa grega Lamda - dedicada aos negócios imobiliários na Grécia, mas também na Romênia, Sérvia, Bulgária e Montenegro -, pretende levantar um macrocomplexo residencial, comercial e turístico, com um investimento de 8 bilhões de euros e a criação de dezenas de milhares de postos de trabalho.
Por trás do projeto está a gigante chinesa Fosun, o maior conglomerado privado do país asiático e, em menor medida, uma companhia de Abu Dhabi.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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