Luiz Felipe de Alencastro
Em crise, Grécia fecha bancos por uma semana e controla saques
Reunindo estatísticas de várias fontes, o site noticioso escocês Common Space
lista alguns números resumindo os flagelos que atingem os gregos.
Assim, o número de aposentados vivendo abaixo da linha da pobreza saltou
de 27% em 2010 para 45% em 2014, enquanto o número de crianças na
pobreza cresceu de 23% em 2008 para 40,5% em 2014. A porcentagem de
jovens entre 18 e 25 anos desempregados atingiu 49,7%. Neste contexto,
os suícidios aumentaram de um terço desde 2011 na Grécia.
Eleito em janeiro, o governo de Alexis Tsipras emergiu no meio dos escombros das oligarguias políticas e dos partidos tradicionais gregos, derrotados pela crise gerada por sua longa e ineficaz gestão governamental. Drama social e drama político se combinaram para agravar o quadro econômico grego.
A segunda esfera da crise se desdobra na zona do euro e mais largamente na UE (União Europeia). Num comentário no 'Le Monde', um especialista do banco francês Natexis, Patrick Artus, considera que a eventual bancarrota da Grécia provocaria danos limitados na zona do euro.
Na contracorrente de interpretações mais alarmistas, Artus lembra que são essencialmente os governos dos países europeus que são credores da dívida externa de 320 bilhões de euros contraída pela Grécia, visto que a maioria dos bancos europeus já se deslastrearam dos títulos desta dívida. Sem excluir movimentos destabilizadores no mercado financeiro, Artus pensa que a UE pode 'gerir' o problema, limitando os riscos de contaminação da crise grega na zona do euro.
No meio tempo, as bolsas europeias estão desabando e na Creta, como em outras zonas turísticas gregas, os distribuidores automáticos de euros estão vazios e o dolar é aceito como moeda circulante.
A terceira esfera do drama grego envolve a geopolítica global. Como assinala o Economist, o agravamento das tribulações gregas irá diminuir a influência da UE no resto do mundo. Em particular, a Rússia poderá agir mais à vontade na Ucrânia com a redução das pressões da Alemanha e da França contra a política expansionista de Putin.
Aqui entra o jogo da política americana. Mesmo que os dirigentes europeus estejam exasperados com o governo Tsipras, ainda que o Banco Central Europeu e o FMI tenham ameaçado ir até as últimas consequências na cobrança da dívida grega, Washington não pode dispensar o apoio da UE na política anti-Putin.
Além do mais, a desvalorização do euro e a consequente valorização do dolar, afetariam negativamente as exportações e o crescimento americano. Este é, talvez, o ponto chave da resolução da crise grega. Washington não tem o menor interesse no enfraquecimento da política europeia com relação à Rússia nem pode encarar uma nova crise financeira internacional provocada pelo desabamento do euro. Talvez seja esta a carta mais decisiva que Alexis Tsipras tem na manga.
Eleito em janeiro, o governo de Alexis Tsipras emergiu no meio dos escombros das oligarguias políticas e dos partidos tradicionais gregos, derrotados pela crise gerada por sua longa e ineficaz gestão governamental. Drama social e drama político se combinaram para agravar o quadro econômico grego.
A segunda esfera da crise se desdobra na zona do euro e mais largamente na UE (União Europeia). Num comentário no 'Le Monde', um especialista do banco francês Natexis, Patrick Artus, considera que a eventual bancarrota da Grécia provocaria danos limitados na zona do euro.
Na contracorrente de interpretações mais alarmistas, Artus lembra que são essencialmente os governos dos países europeus que são credores da dívida externa de 320 bilhões de euros contraída pela Grécia, visto que a maioria dos bancos europeus já se deslastrearam dos títulos desta dívida. Sem excluir movimentos destabilizadores no mercado financeiro, Artus pensa que a UE pode 'gerir' o problema, limitando os riscos de contaminação da crise grega na zona do euro.
No meio tempo, as bolsas europeias estão desabando e na Creta, como em outras zonas turísticas gregas, os distribuidores automáticos de euros estão vazios e o dolar é aceito como moeda circulante.
A terceira esfera do drama grego envolve a geopolítica global. Como assinala o Economist, o agravamento das tribulações gregas irá diminuir a influência da UE no resto do mundo. Em particular, a Rússia poderá agir mais à vontade na Ucrânia com a redução das pressões da Alemanha e da França contra a política expansionista de Putin.
Aqui entra o jogo da política americana. Mesmo que os dirigentes europeus estejam exasperados com o governo Tsipras, ainda que o Banco Central Europeu e o FMI tenham ameaçado ir até as últimas consequências na cobrança da dívida grega, Washington não pode dispensar o apoio da UE na política anti-Putin.
Além do mais, a desvalorização do euro e a consequente valorização do dolar, afetariam negativamente as exportações e o crescimento americano. Este é, talvez, o ponto chave da resolução da crise grega. Washington não tem o menor interesse no enfraquecimento da política europeia com relação à Rússia nem pode encarar uma nova crise financeira internacional provocada pelo desabamento do euro. Talvez seja esta a carta mais decisiva que Alexis Tsipras tem na manga.
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