Bhadra Sharma e Nida Najar - NYT
Sunil Sharma/Xinhua
Nepaleses
acendem lamparinas durante uma oração em memória dos mortos no
terremoto que devastou o país em 25 de abril, diante da Estupa
Boudhanath, em Katmandu em 13 de junho. Durante o evento, 100 mil
lamparinas foram acesas
Enquanto doadores e
agências estrangeiras prometeram mais de US$ 3 bilhões (cerca de R$ 6
Bilhões) em ajuda para o Nepal na quinta-feira (25) para apoiar a
reconstrução pós-terremoto, o governo procurou assegurar aos
contribuintes que os fundos serão utilizados de forma eficaz.
"Vamos prestar contas periodicamente sobre a utilização dos fundos para
manter a transparência, porque vocês devem prestar contas para seus
cidadãos", disse o primeiro-ministro Sushil Koirala em uma conferência
internacional de doadores em Kathmandu, capital do Nepal, onde a maioria
das promessas foram anunciadas.Mais de 8.800 pessoas morreram nos terremotos em abril e maio, e mais de meio milhão de casas foram destruídas, fazendo com que a construção de moradias seja uma necessidade premente.
A Índia, que faz fronteira com o Nepal e rapidamente mobilizou uma resposta de emergência depois do primeiro terremoto, foi a maior doadora; e Sushma Swaraj, Ministro das Relações Exteriores da Índia, prometeu US$ 1 bilhão (cerca de R$ 3 bilhões) para a reconstrução no encontro. A promessa de quinta-feira complementa outro US$ 1 bilhão anunciado anteriormente, distribuído ao longo dos próximos cinco anos.
"O Nepal e a Índia estão unidos na alegria e na tristeza", disse Swaraj em Kathmandu. "Por isso, temos de coordenar nossa resposta aos desastres e ajudar uns aos outros após essas calamidades."
O ministro das Relações Exteriores Wang Yi da China prometeu US$ 483 milhões (cerca de R$ 1,5 bilhão), enquanto o governo japonês prometeu US$ 260 milhões (R$ 812 milhões). Outras promessas partiram do Banco Asiático de Desenvolvimento, da Inglaterra, Estados Unidos e outros países.
O Banco Mundial prometeu na terça-feira (23) um empréstimo de até US$ 500 milhões (R$ 1,6 bilhão), parte dele para a reconstrução de moradias nas zonas rurais e para o orçamento do governo.
O total prometido foi de cerca de metade do que Nepal disse precisar, e as maiores promessas feitas por governos vieram de países vizinhos na Ásia. Em um relatório divulgado na semana passada, a Comissão de Planejamento do Nepal estimou o custo de reconstrução em US$ 6,7 bilhões (cerca de 21 bilhões), cerca de um terço do PIB anual do país, de pouco mais de US$ 19 bilhões (cerca de R$ 60 bilhões).
O relatório detalhou outras áreas de foco para a reconstrução, incluindo escolas, estradas, edifícios governamentais, agricultura e monumentos de patrimônio histórico.
Chandan Sapkota, economista do Banco Asiático de Desenvolvimento que trabalha no Nepal, disse que ainda existem preocupações quanto à capacidade de o governo nepalês, atolado em atrasos burocráticos, usar a ajuda de forma eficaz.
O governo nepalês anunciou na segunda-feira (22) que vai criar uma nova autoridade autônoma para supervisionar a aplicação dos fundos de reconstrução doados, mas ainda não detalhou como a autoridade vai funcionar.
"Precisamos de um plano do governo para podermos gastar o dinheiro dentro de quatro a cinco anos", disse Sapkota. "E isso é uma tarefa difícil."
O ministro das Finanças do Nepal, Ram Sharan Mahat, disse na quinta-feira que o déficit comercial para o atual ano fiscal, previsto para terminar no mês que vem, vai aumentar no rescaldo do terremoto, aumentando a necessidade dos fundos dos doadores.
Embora o governo central tenha dado garantias de que os fundos serão usados de forma eficiente, os funcionários dos distritos afetados pelo terremoto disseram que o plano do governo para dar imediatamente US$ 2 mil (R$ 6,1 mil) para as famílias reconstruírem suas casas está atolado em burocracia.
Também tem sido difícil verificar a identidade das vítimas do terremoto, disse Devendra Raj Lamichhane, o oficial chefe do distrito Dolakha, que foi duramente atingido pelo segundo terremoto em 12 de maio, quando cerca de 200 pessoas no distrito morreram.
O economista Sapkota disse que os doadores tinham "feito sua parte - eles prometeram um monte de dinheiro." Ele acrescentou que a promessa de até US$ 600 milhões (cerca de R$ 1,9 bilhões) do Banco Asiático de Desenvolvimento irá em grande parte para reconstruir as escolas do governo. "Agora cabe ao governo de gastar o dinheiro", disse ele.
Tradutor: Eloise De Vylder
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