Terror sem fronteiras
FSP
Em ações que misturam barbárie e poder simbólico, dois violentos ataques
terroristas reivindicados pela facção Estado Islâmico mataram 65
pessoas na sexta-feira (26).
Na Tunísia, um atirador assassinou 38 turistas em uma praia frequentada
por estrangeiros. No Kuait, 27 fiéis morreram e dezenas saíram feridos
após um homem-bomba se explodir em uma das principais mesquitas xiitas
do país.
Os atentados marcam o primeiro aniversário de fundação do EI, que
atualmente controla partes significativas da Síria e do Iraque: há um
ano, seu principal líder, Abu Bakr al-Baghdadi, declarou-se califa.
Nas regiões sob seu domínio, a milícia radical horrorizou o mundo
diversas vezes por meio da divulgação de imagens mostrando a morte cruel
de reféns e o vandalismo contra patrimônios arqueológicos.
Ao mesmo tempo em que busca ampliar seu território, o EI promove ataques
que buscam minar governos refratários ao fanatismo sunita, o que deixa
xiitas e cristãos na lista de infiéis e hereges.
No caso da Tunísia, o segundo ataque contra estrangeiros --em março, 23
morreram dentro de um afamado museu-- tem o objetivo claro de debilitar
uma das principais atividades econômicas do país que foi berço da
Primavera Árabe e que há seis meses elegeu seu primeiro presidente de
forma livre.
Também tido como um regime moderado, o Kuait enfrenta a difícil tarefa
de evitar novos atentados de modo a não perder a tênue confiança da
minoria xiita, que representa cerca de 30% da população.
Os alvos, porém, não se limitam a governos comedidos. Além da Síria, a
Arábia Saudita, controlada por um ramo sunita diferente daquele do EI,
sofre com atentados. Em maio, mais de 20 pessoas morreram em mesquitas
xiitas.
Grande parte da capacidade para abrir fronts vem do macabro fascínio que
o Estado Islâmico parece exercer sobre jovens dentro e fora do mundo
árabe. A facção, mercê desse fluxo, tem conseguido repor as baixas que
lhe são impostas nos campos de batalha, sobretudo pelos bombardeios
americanos.
O risco de escalada ainda maior da violência é grande. Numa região tão
fragmentada como o Oriente Médio, o Estado Islâmico aposta na exploração
das fissuras entre sunitas e xiitas e entre países ocidentais e a
opinião pública árabe para expandir sua loucura fundamentalista. A
comunidade internacional, ao que tudo indica, ainda não aprendeu a
conter esse avanço.
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