Reinaldo Azevedo - VEJA
Ah, esta é do balacobaco. Se for verdade, aí estamos vivendo naquele clima do filme “Sindicato de Ladrões”, dirigido pelo genial Elia Kazan e estrelado pelo não menos Marlon Brando. Ricardo Pessoa, dono da UTC, que fez delação premiada, diz ter feito doações eleitorais a dois políticos para evitar greves em obras públicas tocadas por suas empresas ou por consórcios dos quais elas faziam parte. O mais impressionante: um deles nem se ocupa de negar que isso tenha acontecido. Ao contrário: diz encarar a acusação como um elogio. Vamos lá.
Um dos acusados por Pessoa é o deputado Paulinho da Força (SP), presidente nacional do Solidariedade. Segundo informa a Folha,
Pessoa diz ter repassado R$ 500 mil à sua campanha à Prefeitura de São
Paulo em 2012 para impedir paralisações de trabalhadores na usina de São
Manoel, da divisa entre Pará e Mato Grosso. A Constran, do grupo UTC,
venceu a licitação, e os sindicatos da região são ligados à Força
Sindical, comandada por Paulinho.
O deputado nega a relação entre a doação que recebeu e a não-realização de greves. Calma! Há mais.
Pessoa
afirma ainda ter doado R$ 200 mil à campanha do deputado petista Luiz
Sérgio (RJ), em 2014, para evitar greves de trabalhadores na montagem de
equipamentos da usina nuclear de Angra 3, no município de Angra dos
Reis (RJ). E o que Luiz Sérgio tem com isso? Ora, ele já foi prefeito de
Angra entre 2003 e 2006 e já presidiu o Sindicato dos Metalúrgicos da
cidade, que é ligado à CUT. Ocupou também o ministério das Relações
Institucionais e o da Pesca, na primeira gestão de Dilma.
Ouvido
pela Folha, pensam que Luiz Sérgio negou o que seria uma relação mafiosa
entre sindicalismo, greve e eleição? Não negou, não! Ele se disse feliz
com a acusação e afirmou que ela soa “como um elogio”. Foi adiante: “É
uma doação legal, de um empresário forte, que me reconhece como tendo
uma boa interlocução com um movimento social”.
Entenderam?
Pessoa diz que só deu o dinheiro para Luiz Sérgio não insuflar greves, e
o deputado chama essa relação de “interlocução”.
Ah, sim: não custa lembrar: este senhor é relator da CPI da Petrobras.
Tentem não vomitar na tela e no teclado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário