Helena Tecedeiro - DN
Combatentes do Estado Islâmico assumiram controlo de Ramadi em maio | Reuters
Se perder Mossul, o Estado Islâmico arrisca-se a ficar sem uma das suas fontes de rendimento: o petróleo
Após dias de cerco, o exército iraquiano lançou ontem o assalto final a Ramadi. O objetivo era expulsar os militantes do Estado Islâmico [EI] que desde maio controlavam a cidade, a 90 km de Bagdad. Mas quando entraram no complexo governamental que servia de último reduto aos jihadistas, os soldados encontraram-no vazio: "Todos os combatentes do Deash [acrónimo árabe usado para se referir ao EI] partiram. Não há qualquer resistência", disse à Reuters o porta-voz das unidades de contraterrorismo que lideravam a operação, Sabah al-Numani. Recuperado o controlo sobre este ponto estratégico, o exército iraquiano tem agora outro objetivo: reconquistar Mossul aos jihadistas.
Expulsar
os militantes islamitas de Mossul, a cidade do Norte do Iraque que
antes da guerra tinha uma população de dois milhões de pessoas, seria um
golpe fatal para a sua estrutura de Estado no Iraque. Além disso, se
perder Mossul, o grupo sunita - que continua a dominar também grande
parte do território sírio - ficará sem uma das suas grandes fontes de
rendimento: o petróleo. Mas também perderá os impostos e outras taxas
que impôs aos habitantes daquela região.
Recuperar
o controlo de Ramadi, nas mãos do Estado Islâmico há sete meses, foi a
maior vitória do exército iraquiano desde que os jihadistas conquistaram
um terço do país em 2014, praticamente sem oposição.
A
caminho do complexo governamental onde os jihadistas se tinham
refugiados nos últimos dias, Sabah al-Numani contou à Reuters como
estavam a "limpar as ruas e edifícios, garantindo que não há bombas.
Veem-se corpos de combatentes do Daesh, mortos nos ataques aéreos ao
complexo".
As forças governamentais
iraquianas contaram no assalto a Ramadi com o apoio aéreo da coligação
internacional liderada pelos EUA, mas também tiveram ajuda das milícias
xiitas apoiadas pelo Irão, apesar das reticências de Bagdad, que teme
que possam acender tensões sectárias. "O próximo passo é limpar bolsas
de resistência", explicou o porta-voz do exército. O controlo de Ramadi,
capital da província de Anbar (de maioria sunita), deverá depois ser
entregue à polícia local e às milícias sunitas. Para já, os militares
acreditam que os jihadistas se terão refugiado a nordeste da cidade. Uma
das grandes preocupações das autoridades é o destino de milhares de
famílias que ficaram encurraladas em Ramadi durante os combates.
Ao fim do dia, a televisão iraquiana passou imagens das tropas, acompanhadas por tanques e humvees a
avançarem pelas ruas de Ramadi, por entre pilhas de destroços e casas
destruídas. A reconquista da cidade foi festejada em várias cidades, com
as pessoas a dançar e sair de carro com bandeiras iraquianas.
A resposta no Twitter ao apelo de Baghdadi
Um
dia depois de Abu Bakr al-Baghdadi ter ameaçado Israel, desafiado os
EUA e apelado os muçulmanos a juntarem-se ao Estado Islâmico, não faltou
quem usasse o Twitter (e o sentido de humor) para responder ao líder do
grupo sunita. "No domingo tenho de ir ver o Star Wars",
escreveu um utilizador, outro garantia: "Ocupado a ver o Netflix". E um
terceiro explicava: "Este muçulmano acaba de acordar. Precisa de café".
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